Salve, Buteco! As atuações do Flamengo anteriores às recentes vitórias sobre o Grêmio e o Juventude pelo Campeonato Brasileiro, desde o Campeonato Estadual e passando pela Libertadores, suscitaram algumas dúvidas e muitos questionamentos sobre convicções do treinador Filipe Luís e suas opções para escalar e montar a estratégia para cada jogo.
Então, resolvi trazer alguns elementos para o debate sobre o tema e começarei com o que se escreveu quando SuperFili ainda tinha pouco tempo no comando do time principal. Começo por um trecho desta interessante matéria de o Globo, escrita pelo jornalista João Pedro Fragoso (@jotapfragoso):
Padrão Tático
— É muito importante saber que vamos escrever uma nova história. Pode-se ganhar de várias formas no futebol, e o Flamengo quer que seja sempre pressionando e atacando o adversário. É inegociável. Vamos correr riscos exagerados para jogar da forma que a torcia quer, mas me sinto preparado — explicou o treinador.
Já nas questões táticas, Filipe Luís deve seguir com as ideias que colocou em prática na base. O treinador tem preferência pelo esquema de 4-4-2. Na fase defensiva, seus times costumam ter marcação em bloco alto e pressões individuais. Já na ofensiva, o comandante trabalha, normalmente, com uma saída em 4-2, para criar situações de superioridade numérica a partir de triangulações entre zagueiro, lateral e volante, mas também com a possibilidade de construir a partir da saída de três, a depender do adversário.
Técnicos que enfrentaram Filipe Luís na base ouvidos pelo GLOBO compararam seu estilo ao do italiano Roberto De Zerbi, do Olympique de Marselha, em relação à qualidade para atrair a marcação adversária para, ao furar a primeira linha. apostar em avanços verticais e com muito ataque aos espaços nas costas das defesas.
Ora, mas se ele prefere o 4-4-2, por que o 4-2-4 em tantos jogos? Para mim a explicação é simples: quando o próprio SuperFili se define como um treinador "pragmático", deixa bem claro que suas convicções ou preferências particulares podem ceder diante das circunstâncias.
Parece ser o caso da reticência na utilização de jogadores como Allan, Evertton Araújo e Matheus Gonçalves. Na minha opinião, reticências justificáveis. Allan melhorou em 2025, mas mesmo assim teve atuações irregulares. O Cria Everton Araújo parece apenas piorar desde que passou a ser mais utilizado, ainda com Tite, em 2024.
O caso de Matheus Gonçalves é, na minha opinião, o intermediário. Se Allan precisa ser mais utilizado, pela experiência e pelo investimento feito pelo clube (inclusive valor da remuneração), além da melhora de rendimento em alguns jogos, Evertton Araújo vem seguidamente comprometendo, ainda que "apenas no coletivo", o rendimento do time. O Megamente se situa justamente entre esses dois extremos.
Acho que, como Allan, Gonçalves melhorou em 2025, mas não a ponto de reivindicar a função de "reserva do Arrascaeta" ou de se colocar à frente dos pontas, mesmo que, nesse quesito, jogadores como Michael estejam deixando muito a desejar.
Ainda assim, acho que Fili poderia insistir um pouco mais com ele, assim como encontrar uma forma de dar mais minutos a João Victor, como uma meio de desafogar a zaga, pela alta minutagem dos Léos Ortiz e Pereira.
Nesse contexto, trago um outro ponto de vista, muito interessante, trazido neste ótimo artigo escrito pelo jornalista André Nunes Rocha (@anunesrocha) para o S1 Live, publicado no último 20 de março:
Jorginho está no Rio de Janeiro para passar o período de data FIFA com a família.
Um movimento inusitado para quem não tem vínculos com a cidade. Mais um motivo de otimismo para José Boto tentar encaminhar a negociação do Flamengo com o meio-campista do Arsenal.
Se vier será um considerável "upgrade" no setor. Se Pulgar e De La Cruz são de primeira prateleira na América do Sul, Jorginho está em uma sala do andar de cima.
Terceiro lugar no prêmio de melhor do mundo em 2021, o brasileiro naturalizado italiano é volante especialista em qualificar a saída de bola e encontrar boas soluções para acionar os companheiros de ataque. Fez isso e ainda faz eventualmente na Premier League.
O Flamengo joga num 4-2-3-1 que é quase um 4-2-4. Quando ataca, um 3-2-5 ou 3-1-6, com linhas muito adiantadas e os dez da linha no campo adversário. Quando está em campo, Arrascaeta é mais um atacante que o grande "fetiche" de muitos torcedores e jornalistas: o meia organizador que carimba todas as bolas e faz o time jogar.
Com Filipe Luís, quem cumpre esse papel são os volantes. Em dupla, revezando nas funções, como explicou José Boto em entrevista ao canal do colega Venê Casagrande.
Auxiliam na saída de bola e são os responsáveis por fazer o time progredir, acionando os companheiros mais adiantados. Por isso o interesse maior em Jorginho, ainda que um meia-atacante não esteja fora do escopo da direção rubro-negra.
É hora da torcida desapegar da figura de um "pitbull" como João Gomes. Ou do dez estilo Alex ou Riquelme. É tempo de volante ser o craque do time. Pelo menos é assim que Filipe Luís pensa futebol.
Fico num respeitoso meio termo entre a apuração do João Pedro Fragoso e a análise do André Nunes Rocha. Isso porque acredito nos relatos à apuração, no sentido de que SuperFili gosta de mais meias, mas ao mesmo tempo acho que a identificação das variações de desenho tático, feitas por André, foram cirúrgicas.
O meu ponto, que faz com que fique no meio do caminho, é que um desenho tático pode parecer "mais povoado no meio" ou "amontoado de pontas ou atacantes" conforme as características dos jogadores escalados. Por exemplo: na geração 1981, a saída de Baroninho (precedido, no time de 1980, por Júlio César "Uri Geller"), para a entrada de Lico transformou um 4-4-2 em 4-5-1 ou será que sempre foi um 4-3-3, porém executado por 5 meias e um centroavante de ofício?
Além disso, há também as variações de desenho tático conforme o time ataca ou se defende, muito bem detectadas na análise do André. No frigir dos ovos, porém, tudo depende da função atribuída a cada posição no esquema tático, o que também sofre influência das características e, vejam só, da fase pela qual passa cada atleta.
O Arrascaeta dos dois últimos jogos (Grêmio e Juventude) foi meia ou atacante? Independentemente da resposta, suas carcterísticas de meia (jogando ou não como atacante!) foram decisivas para o aumento do QI do time. Acho que disso ninguém irá discordar. O aumento de minutagem e a subida rendimento de Nico de la Cruz formam outro fator que ajuda a fazer crescer o tempo com mais meias no time.
O certo é que, até as próximas janelas (especial Super Mundial e 2ª "normal"), o quadro será esse, de escolhas muito pautadas pela fase dos jogadores e outros aspectos circunstanciais, como a minutagem. Afinal, é assim que se pauta um treinador que se preocupa com vencer, vencer, vencer.
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Num certame de 38 rodadas, a realidade é dinâmica e os cenários naturalmente mudam com o aumento do número de jogos. Apesar disso, ouso apontar a 4ª Rodada como um divisor de águas, pelas atuações de Flamengo e Palmeiras.
O time de Abel Ferreira foi concreta e efetivamente superior ao (bom) Internacional de Roger Machado, até então apontado por muitos como o time mais competitivo do momento. Os 30 minutos iniciais de jogo foram um amasso ao qual poucas vezes vi o anfitrião ser submetido no Beira-Rio.
Na etapa final, o Palmeiras continuou a ser superior e o Inter em nenhum momento conseguiu pressionar e nem muito menos criar com qualidade. Acho que houve uma situação de "jogo perigoso" dentro da grande área palmeirense não marcada pela arbitragem, mas nada disso muda o cenário.
Felizmente, no Maracanã o Flamengo deu a resposta logo depois. E que resposta! Uma atuação de gala, que remete aos 6x1 sobre o Goiás na estreia de Mister Jorge Jesus no Maracanã. Foi uma espécie de estreia do Flamengo como mandante no Campeonato Brasileiro.
90 minutos de pressão, pressão pós-perda, intensidade e o escambau. Teve 2 gols de Pedro e um golaço de Europa de Giorgian Daniel De Arrascaeta Benedetti. Esculacho que o time de Caxias do Sul, especialista em alagar gramados, já merecia há alguns anos.
Então, Amigos, quase que de maneira sincronizada, o que, inclusive, pode não ser pura e simples coincidência, Flamengo e Palmeiras resolveram "soltar os cachorros" e mostraram suas cartas aos adversários. Até a parada para o Super Mundial, disputarão a liderança do certame e é improvável que algum adversário consiga acompanhar o seu ritmo.
Depois do Super Mundial virão as fases mais adiantadas das Copas e muita coisa pode mudar. Mas isso não é assunto para este momento.
A gente se fala amanhã, no Esquenta (sim, vai rolar antes do Ficha Técnica).
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Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?"
5 Disse-lhe Tomé: "Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?"
6 Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.
Tenham uma abençoada Sexta-Feira Santa com suas Famílias e Entes Queridos.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.