Salve, Buteco! O Clube de Regatas do Flamengo possui um eterno ônus decorrente de sua gigante natureza, que é sempre enfrentar, jogo a jogo e invariavelmente, um oponente 100% mobilizado. Foi-se (aparentemente para sempre) a fase passageira na qual o clube era motivo de chacota e menosprezo pelos adversários, se bem que, mesmo naqueles tempos, sempre foi o jogo da televisão, dos grandes públicos e um momento ideal para os atletas adversários mostrarem serviço. Imaginem agora, sendo o clube bilionário, vencedor e cada vez maior, batendo recordes atrás de recordes e rompendo fronteiras.
Alguns adversários vão ficando para trás. É do futebol, esporte que, nos tempos modernos, existe mais ou menos desde 1846. Clubes que, em seus tempos de glória, remetiam à ideia de perenidade, mas que foram se apequenando até praticamente desaparecerem. O fenômeno existe em nível mundial, especialmente com o esporte ganhando cada vez mais contornos de business e, portanto, uma estrutura profissional.
Numa dessas coincidências do futebol, em 22 de abril de 2019 o Flamengo vencera na véspera o Vasco da Gama, sagrando-se campeão carioca, mas não tinha tempo para comemorar, pois precisava mudar imediatamente o foco para viajar a Quito e... vejam só, enfrentar, pela primeira vez na História, a Liga Desportiva Universitária de Quito, Equador. A famosa LDU, coirmã que tantas agruras já fez passar o coirmão Fluminense, etc. Naquele dia, publiquei o post FOCO!!!!, com as seguintes considerações:
Já a popularidade do Flamengo, como sabemos, advém de sua relação com o povo, desde os primórdios dos treinamentos no Aterro, sem estrutura alguma, e por ter crescido, interna e externamente, mais democrático e acolhedor, aceitando alcunhas pejorativas como "urubu" e "favela" e transformando-as em marca própria, símbolos de inclusão e de como enfrentar com altivez e alegria as dificuldades da vida. A torcida vascaína surta com tanta leveza e descolamento do lado rubro-negro, disparando ofensas e cânticos racistas, homofóbicos e intolerantes, logo ela, que afirma "estar do lado certo da História."
Quase um século após o primeiro confronto, o estádio cruzmaltino, motivo de tanto orgulho, é objeto das mais diversas penhoras por dívidas com a Fazenda Pública. O rival, mulambo, órfão e desorganizado, tornou-se na prática o que fantasiosamente se auto-atribuíam: bem gerido profissionalmente, livre de dívidas, patrimonialmente sólido e com a maior torcida do mundo. E ainda por cima é gestor do Maracanã, palco do título conquistado ontem sobre quem mais se ressentiu pela decisão do Governador.
Por sinal, ao pressionarem por 90 minutos, os cruzmaltinos parecem ter mandado às favas as já remotas chances de se recuperarem na Copa do Brasil contra o Santos de Jorge Sampaoli, na próxima quarta-feira, e de estrearem bem na primeira rodada do Brasileiro contra o Athletico/PR, na Arena da Baixada, onde já tomaram de 2x7 em 2005... A parada é simplesmente sinistra, digna de ser estudada sob o enfoque da psicologia de massas. Os caras não aceitam a superioridade do Flamengo e se perdem no ódio e no inconformismo, a começar pelo momento do cara ou coroa, quando escolhem não atacar no segundo tempo para o lado da própria torcida, implícita e contraditoriamente reconhecendo a maior força da Nação Rubro-Negra. Será que Freud explica?
Que coisa, né? O mundo gira e às vezes parece que sequer saímos do mesmo lugar...
Um pequeno parêntesis: um mês e pouquinho antes, eu havia publicado o post A LDU, contando um pouco da História da Liga de Quito, nosso adversário da próxima terça-feira, que, na capital equatoriana, tinha como maior adversário o Aucas e, depois, o El Nacional, este último um dos maiores vencedores do campeonato equatoriano. O tempo passou, veio o Rodrigo Paz Delgado (Casa Blanca), os adversários de Quito (inclusive a Universidad Católica local) foram ficando para trás e a Liga passou a rivalizar, em âmbito nacional, com os clubes de Guayaquil - Barcelona e Emelec.
As coincidências dos caminhos da bola são muitas, como vocês podem observar.
Mas como ia dizendo no primeiro parágrafo desse texto, que já se torna longo, o ônus da grandeza do Clube de Regatas do Flamengo é enfrentar, jogo a jogo, invariavelmente, um oponente 100% mobilizado, o que, no caso do ex-Club de Regatas Vasco da Gama, hoje um híbrido amorfo e descaracterizado de SAF (sociedade anônima de futebol) e ente associativo, e ainda mais amargurado e obcecado do que há seis anos, ganha contornos medicinais (psiquiatria de massa, se é que isso existe).
Pois eis que, a despeito dos quatro rebaixamentos, o presidente (também amorfo, ao menos facialmente) desse tertius genus futebolístico resolveu desprezar o histórico amplamente favorável contra o Ceará Sporting Club, um dos poucos clubes que ainda possibilita essa vantagem psicológica ao ex-Gigante da Colina, e autorizou que fossem poupados jogadores no confronto que terminou vencido por 2x1 pelo Vovô. Esta matéria do GE, publicada no último dia 14, não me deixa mentir:
Tchê Tchê será desfalque por causa de um problema familiar. O volante já convivia com a situação desde o jogo de sábado, mas fez questão de jogar e foi titular na vitória em São Januário. Agora, o atleta foi liberado pelo clube. Puma Rodríguez também não estará presente para acompanhar o nascimento de seu filho.
Depois da derrota, o treinador Fábio Carille demonstrou irritação com a postura da equipe dentro de campo, como demonstra esta matéria, também do GE, publicada no último dia 16:
O Vasco retornou da capital cearense com sua segunda derrota em dois jogos como visitante no Campeonato Brasileiro. A equipe comandada por Fábio Carille ainda não pontuou fora de São Januário e terá uma dura sequência pela frente longe de seu estádio nos próximos compromissos pela competição.
A equipe terá quatro partidas seguidas longe da Colina Histórica:
19/04 - Flamengo (Maracanã)
27/04 - Cruzeiro (Parque do Sabiá)
04/05 - Palmeiras (Mané Garrincha)
10/05 - Vitória (Barradão)
Os jogos contra Flamengo e Palmeiras serão com mando do Vasco, enquanto os duelos contra Cruzeiro e Vitória serão como visitante. O próximo jogo em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro, será diante do Fortaleza, apenas no dia 17 de maio.
Contra o rival carioca, a diretoria vascaína selou um acordo com o adversário para que a partida fosse no Maracanã, com torcida dividida. Já o compromisso diante do Palmeiras será realizado no Mané Garrincha. A gestão de Pedrinho vendeu o mando de campo por R$ 2 milhões para Brasília. Além disso, o clube poderá receber uma bonificação extra de R$ 500 mil, caso o público total seja superior a 50 mil.
A sequência acontece logo após resultados ruins nos dois primeiros jogos como visitante no torneio. Depois da derrota por 2 a 1 para o Ceará na última terça-feira, Fábio Carille mostrou-se irritado com a postura no Castelão e cobrou que a equipe encare todas as partidas como uma decisão.
— O que mais me incomodou foi a postura do nosso time. Temos que saber onde nós estamos e respeitar onde nós estamos. Uma postura muito ruim. Melhoramos um pouquinho no segundo tempo, mas o primeiro tempo principalmente. Uma postura muito ruim, um jogo lento. Não tratamos o jogo como uma decisão, como tem que ser o Campeonato Brasileiro. Toda rodada tem uma decisão - disse Carille em coletiva de imprensa.
Antes, o Vasco havia estreado como visitante com uma dura derrota por 3 a 0 para o Corinthians, na Neo Química Arena, pela segunda rodada. Na ocasião, Carille havia poupado boa parte do time titular por causa do confronto contra o Melgar, pela Copa Sul-Americana, mas na coletiva de imprensa depois do jogo, citou que a equipe havia voltado "a perder a confiança após cometer erros".
Agora, o treinador terá apenas três dias para corrigir os erros e melhorar a "postura" para o próximo compromisso. O time começa a sequência longe de São Januário neste sábado, às 18h30 (de Brasília), contra o Flamengo, no Maracanã.
Poupa quando tem mais chance de vencer, vende mando retirando qualquer chance de pontuar... Será que o "penta" começa a se desenhar? Independentemente disso, vocês podem ter certeza de uma coisa, meus Amigos: hoje eles darão tudo, o que têm e o que não têm. Mobilização, aquela palavrinha que define a postura dos adversários quando enfrentam o Colossal Clube de Regatas do Flamengo.
Somos o nosso maior adversário. Goleada e atuação de gala, discussões (importantíssimas) sobre preço de ingressos, viagem iminente a Quito com necessidade premente de pontuação (de preferência vitória)...
Cuidado com a soberba. O Oba-Oba é, ao mesmo tempo, marca registrada e patenteada, expressão da arrogância que nos caracteriza, mas quando gera desconcentração é sinônimo de fraqueza.
Portanto, FOCO!!!!
O Ficha Técnica subirá por volta das 17:30h, assim que sair a escalação.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom FDS e SRN a tod@s.