Salve, Buteco! A Supercopa do Brasil e os 3x1 aplicados no Botafogo em Belém, na conquista do tricampeonato, foram uma espécie de aperitivo da temporada, que começa de verdade na próxima quarta-feira. Serão dois jogos pela final do Campeonato Estadual, é bem verdade, mas final é final, ainda mais quando se trata de Fla-Flu. Vou deixar para falar sobre os números do clássico e a qualidade do adversário no Esquenta. Hoje quero falar sobre o time do Flamengo.
Filipe Luís deixou bem clara, em várias entrevistas, a sua preocupação em controlar a minutagem dos atletas visando o restante da temporada, de modo a prevenir contusões. Foi tão explícito que chegou a afirmar que não iria sacrificar ninguém na competição estadual (rural).
Contudo, as finais contra o Fluminense trazem exigências das quais a comissão técnica não tem como escapar, desde a rivalidade até o nível do adversário, que começa a jogar um futebol mais condizente com o elenco que conquistou a América do Sul e decidiu o título mundial em 2023.
Portanto, não tem como levar esse título "sem colocar mais carnes para assar". Com a ressalva contextual do "freio de mão puxado" nesses jogos do Campeonato Carioca, vou dar os meus pitacos sobre o que vi até aqui nas atuações do time.
I) Sistema defensivo:
O destaque até o momento. A formação titular tomou apenas dois gols em 2025, um contra o Botafogo em Belém e outro no último sábado, com a pequena atenuante da falta que originou o lance de bola parada simplesmente não existiu, tendo nascido da criatividade do soprador de apito.
A primeira linha titular parece ser Wesley, Léo Ortiz, Danilo e Alex Sandro, talvez a melhor depois de 2019.
Na lateral direita, Wesley está em grande fase, mas tem que parar com os lances de efeito e cair menos na pilha dos adversários, focando em jogar futebol. Varela tem se revelado um reserva prestativo e raçudo, compensando as limitações ofensivas.
Léo Ortiz, tirando o primeiro tempo do jogo contra o Vasco no Engenhão, vem se especializando em jogar de terno. Danilo forma com ele o miolo de zaga mais inteligente que vi no Flamengo em muitas décadas, sendo difícil cravar um mais técnico comparando até mesmo com o de 1981.
Na lateral esquerda temos o ponto frágil do setor. Alex Sandro não é um jogador de longas sequências; Ayrton Lucas, que nunca foi um destaque na fase defensiva, vem falhando bastante e se recupera de contusão, enquanto Matías Viña ainda demorará para retornar a campo após as longas fraturas.
SuperFili quase se enrolou no sábado. Muito embora Varela tenha surpreendido jogando invertido (moda guardiolista), o cartão amarelo aplicado a Wesley criou uma saia justa, diminuindo a margem de segurança do time. Quando o uruguaio foi substituído, um segundo amarelo ou uma contusão do "Cabeção", que chegou a ser atendido no gramado, complicaria bastante a situação.
Talvez já tenha passado da hora de abortar o experimento.
II) Meio de Campo:
Pulgar voltou a ser uma peça-chave no sistema de jogo, tal como acontecia nos tempos de Jorge Sampaoli. Cada vez mais confiante e integrado ao elenco, vem exibindo características de liderança e jogando o fino na distribuição de jogo. É titular absoluto. Allan e Evertton Araújo são reservas que assustam a torcida, muito embora o experiente volante contratado ao Atlético Mineiro em 2023 venha dando sinais de recuperação e melhora na qualidade de jogo.
De la Cruz tem o "teto de minutagem" ao qual me referi no post Realidade, mas quando está em campo eleva absurdamente o nível do time. Gostei bastante da atuação dele no sábado, inclusive. O problema está em sua substituição quando não pode atuar. Talvez Jorginho não seja a única contratação necessária para o setor.
Gérson ainda não deslanchou em 2025, mas segue sendo o ponto de equilíbrio do time. Liderança consolidada e resistência absurda, levando a uma minutagem muito alta. As convocações para a Seleção Brasileira são merecidíssimas. Quando o Coringa não joga tudo se complica. Caminha para se consagrar como um grande ídolo da Nação.
Giorgian De Arrascaeta é o grande ponto de interrogação para a temporada. O uruguaio parece não conseguir acompanhar o ritmo do time. Preocupante. Só nos resta torcer para que pelo menos fisicamente consiga se recuperar. Por enquanto, não é nenhum absurdo pensar em banco para os dois Fla-Flus da final.
Vou incluir o Matheus Gonçalves na listagem de meias, pelas caracteríticas de meia ofensivo e também pelos bons números que vem apresentando na função defensiva. Se deixar as firulas (irritantes) de lado, pode vir a se firmar. Gostei da intensidade de seus movimentos nas duas últimas partidas em que entrou a segunda etapa.
III) Ataque:
O Flamengo tem, hoje, cinco jogadores candidatos a titularidade para o ataque: Bruno Henrique, Luís Araújo, Gonzalo Plata, Cebolinha e Michael.
BH27, pelos gols decisivos, é hoje titular absoluto. Acho que não tem nem o que discutir.
Chucky é o segundo mais experiente e com maior tempo de casa. As duas contusões musculares contradizem o seu histórico de carreira. É preciso descobrir o que está acontecendo.
Cebola também voltou há pouco tempo de uma gravíssima contusão. Talvez nem convenha que salte direto para a titularidade e uma consequente alta minutagem.
Gonzalo Plata x Luís Araújo é uma polêmica real ou um falso dilema? O Camisa 7, ex-pontinha burro, mescla algumas características de meia ofensivo que sugerem a escalação pelo meio, como inclusive já ocorreu várias vezes em 2024. O ídolo uruguaio que se cuide...
Platita parece não sentir o peso do Manto Sagrado e vejo no próprio Luís Araújo um exemplo do tanto que ele ainda pode evoluir. O certo é que os dois podem jogar juntos, ainda mais se BH27 for vetado para o primeiro Fla-Flu da final.
Juninho não mostrou absolutamente nada até o momento, mas sou a favor de não se fazer análises precipitadas. A Liga do Azerbaijão tem um "winter break" (confira aqui e aqui) entre o final de dezembro e a segunda quinzena de janeiro, tal como ocorre em países como Alemanha e Rússia, devido ao forte inverno. A segunda matéria trata inclusive do declínio de performance que alguns times da liga sofreram após a pausa.
Portanto, o nosso novo centroavante está atrasado em relação ao restante do elenco, tanto mais depois da agressão covarde que sofreu de Alexander Barboza no jogo contra o Botafogo e da necessidade de se recuperar do edema na coxa direita. Calma, Amigos. Muita calma. Deixemos o tempo nos contar a verdade.
Wallace Yan corre por fora. Tenho uma forte intuição em relação a esse versátil Cria da Base. Acho que ainda será muito útil ao longo da temporada, sem necessariamente tirar espaço de alguém. Tem jogo para todo mundo.
IV) Sistema de Jogo:
No post Calendário e Desperdício, escrevi o seguinte sobre o tema:
"(...) Há pontos a serem melhorados. Nos jogos contra Juventude, Internacional, Botafogo e Vasco da Gama, todos disputados no Maracanã, o time teve momentos de perda completa do controle da partida no segundo tempo.
Ontem assisti a Liverpool 2x1 Wolverhampton pela 25ª Rodada da Premier League. O líder com 60 pontos, e sensação do campleonato, alcançou a sua quarta vitória em cinco rodadas contra o 17º colocado, o qual, inversamente, chegou a sua quarta derrota no mesmo período. Em um determinado período do jogo, contudo, a distância de pontos, técnica, tática e investimento simplesmente foi suprimida.
Após 45 minutos iniciais de total pressão do anfitrião, no segundo tempo os Wolves de João Gomes, uma posição acima da Zona do Rebaixamento, pressionaram o líder em pleno Anfield Road e diminuíram a contagem, obrigando o (ótimo e promissor) treinador Arne Slot a fazer substituições para cadenciar e controlar o jogo.
Alguma semelhança com o que assistimos acontecer no Maracanã sábado à noite? Muitas, com certeza. E talvez não seja mera coincidência. No futebol globalizado, tendências são seguidas em todos os continentes, o que, evidentemente, não exonera o treinador do dever de encontrar soluções criativas e inovadoras.
O mundo da tática é tão dinâmico quanto globalizado. SuperFili terá bastante tempo entre um compromisso e outro do Estadual para buscar bons caminhos para o Mais Querido do Brasil (e do Mundo), especialmente como fazer quando tiver que baixar a pressão, de modo a não perder o controle do jogo."
E tenho cá minhas dúvidas se os problemas técnicos e individuais no setor ofensivo, de muitos erros de passe "pré-assistência" (a gol), não são em alguma medida causados por esse fator.
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No frigir dos ovos, individualmente, os onze melhores, atualmente, parecem ser Rossi; Wesley, Léo Ortiz, Danilo e Alex Sandro; Pulgar, De la Cruz e Gérson; Gonzalo Plata, Bruno Henrique e Luiz Araújo.
Algo me diz que e um onze bastante competitivo dentro da filosofia de jogo do nosso Jovem Mister.
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Quarta-feira falaremos sobre o primeiro jogo da grande final e o adversário.
A palavra está com vocês.
Uma ótima semana pra gente.
Bom dia e SRN a tod@s.