Olá, Buteco!
O Flamengo é, mesmo, muito dinâmico. Não é a primeira vez que eu planejo um post e, em poucos dias, os fatos atropelam ou tentam atropelar a ideia central imaginada.
Sai pra lá, seleção!
O plano era falar de um Filipe Luís encerrando a fase de vestibulando e iniciando a subida de degraus mais desafiadores, só que, por força das dificuldades da “Seleval” (seleção do Papai Dorival), nosso vestibulando passou a ser cogitado para mais um salto acrobático na carreira de treinador, iniciada no ano passado no Sub-17 do Flamengo.
Fiz minhas provas do vestibular há sessenta anos e imagino que o meu desafio, na época, tenha sido semelhante ao da garotada que hoje em dia encara o ENEM.
Aprovado no vestibular, alimentei a ilusão de ter superado o obstáculo mais difícil para minha formação, até começar a cursar a faculdade e descobrir que o desafio do curso superior era muito maior.
Assim vejo nosso Fili: bem sucedido no vestibular iniciado no segundo semestre do ano passado e encerrado no último jogo do Campeonato Estadual de 2025, ele chega à “faculdade”, onde certamente vai encontrar desafios em patamares mais altos.
Enquanto escrevo o post, novos fatos sobre a “Seleval” podem estar acontecendo e mudando o rumo da prosa, mas vou insistir na análise a que me propus e, confiando na convicta profecia do nosso Thiago Amado, acreditar que o Fili vai continuar no Flamengo, pelo menos nesta temporada.
O Vestibular do Fili
Enquanto acompanhava o trabalho do Fili na pré-temporada que terminou no jogo final contra o Fluminense, considerei que ele estava vivendo um vestibular para a profissão de treinador. Afinal, apesar do sucesso rápido e até dessas conversas sobre poder se tornar técnico da seleção, ele ainda tem todo o direito de ser considerado um novato na função.
No meu modo de ver, cada jogo de 2025 foi um teste para a proposta de trabalho dele, principalmente a partir da fase final da Taça GB, com três clássicos em oito dias, logo seguidos das semifinais e finais do Carioca, com mais quatro clássicos contra adversários que, se não estão no mesmo estágio técnico e tático do Flamengo, sempre apresentam um aguerrimento que exige bastante do nosso time e do nosso treinador.
Na verdade, como indiquei no início deste post, entendo que o vestibular do Fili começou no ano passado, uma vez que, ao assumir o comando do time principal do Flamengo, precisou enfrentar semifinais e finais da Copa do Brasil, inegavelmente um grande desafio para o então vestibulando.
Se o roteiro de provas do vestibular era desafiador, Fili tensionou ainda mais seu desafio ao ser, de forma bastante corajosa, absolutamente transparente na repetida declaração de que a responsabilidade do modelo de jogo era toda dele e que confiava ter elenco suficiente para colocar seu modelo em prática, nas competições que o Flamengo disputaria no primeiro semestre deste ano.
Acham pouco? Desafiando-se muito mais, abriu mão da simplificação de escolher onze titulares e usá-los ao máximo nos jogos de 2025 (priorização do Carioca!!!), impondo-se a obrigação de pensar nas prioridades do time na temporada e de, em favor delas, dosar a minutagem dos jogadores ao longo da pré-temporada, que deliberadamente foi estendida até a final do Carioca, conquistado no dia 16.
Campeões do Brasileirão - Pontuação e Aproveitamento
A prioridade definida para 2025 pela direção do Flamengo é a conquista do Brasileirão. Recordemos, então, as pontuações e os aproveitamentos conseguidos pelos campeões brasileiros nos últimos cinco anos:
2024 – Botafogo – 79 pontos – 69,3%
2023 – Palmeiras – 70 pontos – 61,4%
2022 – Palmeiras – 81 pontos – 71,1%
2021 – Atlético MG – 84 pontos – 73,7%
2020 – Flamengo – 71 pontos – 62,3%
Resultados Já Conseguidos pelo Fili
A) Resultado Total
Sob o comando do nosso vestibulando, o Flamengo disputou 27 jogos oficiais, conseguindo os seguintes resultados:
19 vitórias
7 empates
1 derrota
Aproveitamento médio: 79,0% (64 pontos de 81 disputados, considerando o critério de 3 pontos por vitória e 1 ponto por empate, inclusive nos jogos de mata-mata e na Supercopa).
Potencial projetável para 38 jogos do BR: 90 pontos
B) Resultado na Amostragem do Brasileirão 2024
No início do vestibular do Fili, o Flamengo disputou 11 jogos do Brasileirão 2024, conseguindo os seguintes resultados:
6 vitórias
4 empates
1 derrota
Aproveitamento médio: 66,7% (22 pontos em 33 disputados)
Potencial projetável para 38 jogos do BR: 76 pontos
C) Resultado em Jogos Contra Times da Série A (incluindo os de mata-mata)
Brasileirão 2024: 11J – 6V – 4E – 1D
Copa do Brasil 2024: 4J – 3V – 1E
Supercopa do Brasil 2025: 1J – 1V
Carioca 2025: 7J – 5V – 2E
Total: 23J – 15V – 7E – 1D
Aproveitamento médio: 75,4% (52 pontos em 69 disputados)
Potencial projetável para 38 jogos do BR: 85 pontos
D) Jogos em Casa e Fora de Casa
No Brasileirão 2024, o Flamengo fez cinco jogos em casa e seis fora de casa.
Nos confrontos de mata-mata da CB2024, foram dois jogos em casa e dois fora.
Portanto, essas duas séries de jogos podem ser diretamente consideradas para fins de alguma projeção para o Brasileirão 2025, porque há equilíbrio entre jogos em casa e fora de casa. Elas apresentam os seguintes resultados totais:
Aproveitamento médio: 71,1% (32 pontos em 45 disputados)
Potencial projetável para 38 jogos do BR: 81 pontos
Na amostragem “C”, a que inclui jogos do Carioca, não há equilíbrio entre jogos em casa e fora de casa, porque o Flamengo jogou a maioria das partidas do Carioca no Maracanã, até mesmo em algumas em que não foi mandante. Por esse motivo, mesmo levando em conta o grau de dificuldade das partidas do Carioca consideradas na amostragem “C” (sete clássicos), vejo-a como menos apta a uma comparação com o cenário do Brasileirão.
À luz dos resultados numéricos acima apresentados (potencial de pontuação variando de 76 a 90 pontos), vemos que o Flamengo teve, sob o comando do Filipe, aproveitamentos que, se mantidos a partir de agora, o credenciam a brigar pelo título do Brasileirão, prioridade definida pela direção do clube e por parte considerável da Nação Rubro-Negra.
Futebol Jogado
Dando um desconto a alguns endeusamentos precoces do Fili e do time (até alguns “antis” anunciam que estamos numa fase “rumo a Tóquio”), há um grande reconhecimento, na imprensa esportiva e nas redes, de que o Flamengo joga um futebol de bom nível, superior, neste momento, ao da maioria dos adversários que o time enfrentará no Brasileirão e na Copa do Brasil (prefiro não analisar, por ora, a Libertadores).
Há merecidos elogios à qualidade na saída de bola, à inegável competência da nossa última linha em quebrar linhas adversárias, com passes verticais que partem dos nossos zagueiros e volantes, e à intensidade e competitividade do time.
Acrescento a isso tudo a boa e rápida assimilação do modelo de jogo, não apenas pelos jogadores titulares, mas também pelos principais reservas e há, nisto, grande mérito do nosso jovem treinador.
O que falta para o time ficar ótimo?
Falta principalmente, na minha opinião, ser mais contundente, como pedia o Sampaoli e peço eu, para matar os jogos mais cedo porque, conseguindo resolver os jogos mais cedo, o Flamengo poderá ter importantes ganhos físico e mental e assim se fortalecer ainda mais para ser efetivo candidato aos grandes títulos.
A Pedreira da “Faculdade”
Tendo superado com brilho o intenso vestibular a que foi submetido, Fili entra agora numa fase de desafios ainda maiores e, para não fugir ao que parece ser o seu destino, começa logo com um Everest pela frente: Brasileirão com vários times fortalecidos (alguns turbinados por SAFs e alguns por ausência de fair play financeiro), Libertadores com LDU na altitude e, para dar um tempero especial à temporada, um inédito Super Mundial, que vai exigir muito do nosso time (não creio em desinteresse do clube pela disputa “à vera”, até onde der) e que tende a favorecer os adversários que ficarão no Brasil se preparando para o segundo semestre (os quatro participantes brasileiros, Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Botafogo, devem pagar algum preço, que só conheceremos integralmente no fim da temporada).
Pensando nas forças e fraquezas do Flamengo, ainda vejo como obstáculo importante o elenco curto, algo de que já falei muito, aqui no Buteco.
Felizmente o presidente BAP deu boa notícia a esse respeito, na recente reunião do Conselho Deliberativo, ao informar que o clube entendeu que um elenco com 26 jogadores é insuficiente para o enfrentamento “à vera” de todas as grandes competições de que o Flamengo participará.
É de se esperar, portanto, que a partir da janela especial que antecederá o Super Mundial, o Flamengo vá ao mercado e traga bons reforços, já então sob a orientação de um trabalho de scout que não estava disponível nas contratações do início do ano (Juninho e Danilo).
E aqui, embora o foco do post seja o trabalho do Fili e sua evolução, cabe registrar que ele não está sozinho, porque os sinais que vêm de José Boto e BAP indicam que nosso treinador tem e continuará tendo suporte para sua missão de levar o time principal do Flamengo a grandes conquistas, já em 2025.
Pensando nas forças dos adversários, considero importante levar em conta o fortalecimento de alguns deles nos últimos tempos, a vantagem de Atlético MG, internacional e outros por não jogarem o Super Mundial e o fato de que o Flamengo do Fili já foi estudado e vai continuar sendo.
Afinal, Fili é um treinador novato que, pelo sucesso precoce, começa a se tornar “o cara a ser batido”, algo que imagino incluir três exigências, quanto ao trabalho dele na preparação do Flamengo, a partir de agora:
1) Evoluir muito no domínio, pelos jogadores, de posições e movimentos defensivos e ofensivos, para continuar surpreendendo os adversários e limitando suas capacidades.
2) Vencendo síndrome crônica a esse respeito, aumentar bastante a contundência do time (isso inclui melhora do rendimento dos nossos meias no terço final e bom aproveitamento do potencial do Pedro, a partir de seu retorno).
3) Manter o time muito bem condicionado fisicamente, porque o modelo que o Fili adota depende sempre de alto rendimento físico.
Creio que, apesar das grandes dificuldades que o Fili vai passar a enfrentar e da necessidade de evolução do time para consolidar-se como candidato a mais títulos, a análise de resultados e de desempenho feita neste post e a noção de que é possível evoluir nos permitem alimentar a expectativa de novas conquistas nesta temporada, principalmente a do Brasileirão.
Listei, acima, três exigências que julgo necessário atender, para que o Flamengo alcance, em 2025, o grande sucesso que esperamos.
E vocês? Pensando no restante da temporada e no sonho das grandes conquistas em 2025, que evoluções acham as mais importantes para o nosso time?
Saudações Rubro-Negras.
Carlos César Ribeiro Batista