Salve, Buteco! E de repente, a semifinal do Campeonato Carioca vai se desenhando. O clube mais hipócrita do Brasil, que tem o nome de um mass murderer e se autointitula um clube de raízes populares, ligado à causa antiracista, mas se mistura com a cultura de um dos países que mais contribuiu para a escravidão negra na História, agora resolveu abandonar anos de chororô, notas de repúdio e liminares obtidas (sabe-se lá como) junto ao Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, abdicando do direito, conquistado mediante acordo, de utilizar o Maracanã no primeiro jogo, de seu mando, contra o Flamengo.
E mais: no mesmo dia em que, combalido pelas dívidas milionárias, anunciou a protocolização de um pedido de recuperação judicial, abre mão de receitas para jogar no Engenhão, com dois setores interditados (Norte e Sul) por exigência do BEPE - Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, decisão que, calcula-se, reduzirá pela metade o público que compareceria ao Maracanã.
Atitude de clube pequeno, que já foi grande, mas inegavelmente se encolheu, e que morre de medo da torcida do Flamengo.
Particularmente, estou triste por o jogo não ser disputado em São Januário. No último Clássico dos Milhões disputado com presença de público na Pocilga, o Mais Querido venceu e a neurótica torcida adversária não se aguentou, promovendo um quebra-quebra deplorável e agredindo os jogadores do Flamengo com o arremesso de pedras e todo o tipo de objetos. Veio a interdição decretada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva por alguns jogos (longe de ser o suficiente) e, na época, aqui no Blog, publiquei o texto Ecos de São Januário e o Mito do "Território Hostil", do qual extraio o seguinte trecho:
Salve, Buteco! Passado o domingo de descanso, no qual a Nação Rubro-Negra foi espectadora do desenrolar da 12ª Rodada, ainda há muito o que se falar a respeito da vitória de sábado. Vocês por acaso já pararam para se perguntar por que a torcida está lhe dando todo esse valor? Pelo nível do atual time do Vasco da Gama certamente não é. Não apenas por seu elenco de baixo nível técnico, o tradicional adversário cruzmaltino não pode ser comparado ao Mais Querido nos dias de hoje em níveis de tamanho de torcida, estrutura profissional e saúde financeira. Nem por isso a vitória deixou de ser gigante, primeiro porque todo o contexto era adverso para o Flamengo: retrospecto recente ruim nos jogos fora-de-casa (basta lembrar da Libertadores da América); retrospecto recente ruim em São Januário, com derrotas para o anfitrião em 2005 e 2016; o mito do "território hostil", que na prática cria uma "trava psicológica" para o time e aumenta o "tamanho" do adversário, e o clima de guerra criado dentro do Estádio por dirigentes e torcida rivais, levado para dentro de campo pelos jogadores do Vasco da Gama.***Pra começar, que tal falarmos do retrospecto e do mito do "território hostil"? Tomando como fonte dados extraídos da Netvasco pelo site Torcedores.com, Vasco da Gama e Flamengo se enfrentaram em São Januário por 36 (trinta e seis) vezes, já contando a partida do último sábado, e os números mostram que o resultado mais comum não é a vitória do anfitrião, que tem 16 (dezesseis) triunfos, contra 11 (onze) do Flamengo e 9 (nove) empates. Senhoras e Senhores, estamos falando do tal "Caldeirão", onde supostamente a equipe da Cruz de Malta deveria ser imbatível. Isso por acaso é retrospecto decente de um mandante? Tá longe de ser um "território hostil", concordam? Aliás, se a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro trabalhassem de forma técnica e séria e efetivamente proporcionassem segurança à torcida, principalmente a visitante, e aos profissionais de imprensa, eu adoraria ver o Flamengo jogar mais vezes em São Januário contra o Vasco da Gama, pois seria questão de tempo a reversão dessa estatística.Nossas vida e saúde são os bens mais preciosos que possuímos. A expressão "território hostil" só tem mínima credibilidade quando afastada do âmbito esportivo. Cuida-se, portanto, de tema afeto à segurança pública, assunto da mais alta seriedade. Contudo, com a bola rolando, jamais poderemos nos esquecer que São Januário é o nosso salão de festas.
Então, insisto, estou triste por não podermos jogar no nosso Salão de Festas. Lembro que, depois do jogo de 2017, outra edição do Clássico dos Milhões foi disputada na Pocilga, com mais uma vitória do Flamengo - 2x1 em 10 de outubro de 2020, pelo 1º Turno do Campeonato Brasileiro daquela temporada. Contudo, por decorrência da pandemia de Covid-19, o jogo foi disputado sem público.
E como ia dizendo, aos poucos a semifinal vai se desenhando. Depois do massacre (sem tradução em gols, é verdade) no primeiro tempo da recente vitória por 2x0, na campanha da Taça Guanabara, o universo vascaíno (torcida e Organizações Globo) se comoveu e promoveu um festival de lamúrias sobre a falta de competitividade do time do cinto de segurança no Clássico dos Milhões desde 2017, ano da emblemática vitória do quebra-quebra.
Num ato de desespero, o presidente ciclotímico dessa instituição amorfa que hoje é um gótico híbrido de SAF e clube associativo, em seu afã de fazer média com a torcida (ensandecida), acabou trazendo o Flamengo para o jogo. A atitude provocativa e a insistência em levar o confronto para o Engenhão com drástica redução de público acendeu o alerta no Mais Querido. E todos sabemos o que vem acontecendo quando o Flamengo se mobiliza para o clássico.
No frigir dos ovos, no campo técnico, estou com aqueles que acham que o "tapetinho" (apelido do gramado sintético do Engenhão) favorecerá o time fisicamente mais apto e mais veloz, no caso, o Mais Querido do Brasil (e do Mundo), por mais que o nosso Departamento de Futebol não curta os gramados sintéticos.
Uma vitória categórica no sábado será importante como mais um episódio de afirmação do Clube de Regatas do Flamengo sobre o rival.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.