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Salve, Buteco! Findas a temporada/2024 e a eleição para o próximo triênio, o novo presidente não perdeu tempo e iniciou imediatamente a transição, almoçando com o atual vice-presidente de futebol. Imagino que haja muito o que discutir, inclusive, de uma maneira geral, o perfil dos funcionários do setor, além de eventuais negociações em curso.
Muitos nomes vêm pipocando na mídia nesses últimos dias como prováveis chegadas para compor a nova estrutura do Departamento de Futebol em funções como diretor técnico, coordenador-geral da base, entre outras. Prefiro não abordar esse tema no momento, antes de os nomes e a própria estrutura estarem oficialmente definidos.
Pelo mesmo motivo, venho desconfiando bastante de todas as apurações que indicam a existência de negociações em curso por parte da futura e recém eleita Diretoria do Flamengo. Exemplo: Roger Guedes.
Na era das redes sociais, a mídia sobrevive a partir de engajamentos. Se o destinatário (no caso, o torcedor) não souber filtrar, sofrerá desnecessariamente de ansiedade (maior mal da atualidade).
Ao mesmo tempo, acho que o momento é propício para a tradicional resenha de final de ano para avaliação do elenco por nós, torcedores. Darei o pontapé inicial com os meus pitacos:
Goleiros
Laterais direitosRossi: cresce nos momentos mais difíceis, mas falha mais do que o tolerável durante a temporada. O ideal seria chegar outro nome e ele passar para a reserva.
Matheus Cunha: simplesmente não tem nível para jogar no Flamengo. Mantê-lo no elenco é flertar com a repetição do que ocorreu em 2023, contra o Olimpia, em Assunção, pela Libertadores da América. Vaza. E rápido.
ZagueirosWesley: é impressionante a sua evolução. O ideal seria mantê-lo por muito tempo no clube, porém sabe-se que não será possível segurá-lo por muito tempo. Sua reposição não será uma tarefa simples. O ideal seria aguardar o meio do ano, com o mercado europeu mais aquecido e após o Super Mundial.
Varela: não é uma boa relação custo x benefício, embora se trate de um jogador muito sério e dedicado. Não é nenhum absurdo esperar o meio do ano e reformular de vez o setor, com dois novos nomes.
Léo Ortiz: revelou-se uma das melhores contratações dos últimos tempos. É merecidamente titular e uma referência no setor. Fica, ganhando espaço no elenco.
Léo Pereira: nosso segundo zagueiro, sem dúvida. Antigo no elenco, chegou ao clube no primeiro semestre de 2000, estando prestes a completar 5 anos de clube. É preciso avaliar o seu foco e o grau de comprometimento com as novas diretrizes. Se não houver contraindicações, penso que é o caso de mantê-lo.
Fabrício Bruno: a frustração da negociação com a Inglaterra, por decisão do próprio jogador, foi um dos fatores que levou à estranha demora na efetivação de Léo Ortiz como titular. É importante avaliar se continuará a aceitar ser reserva. Até pela idade, se nova proposta sugir, como do Rennes, da França (como vem sendo especulado), seria uma boa negociá-lo, desde que haja reposição...
David Luiz: fim de ciclo. Deu sua contribuição, formando a dupla de zaga campeã da Libertadores e da Copa do Brasil em 2022. Obrigado e adeus, com um detalhe importante: tem que repor...
Laterais esquerdosCleiton: jogador muito elogiado por todos os treinadores, os quais, porém, raramente o utilizaram. Um verdadeiro enigma. Lá se vão 3 anos no elenco profissional, com apenas 16 jogos, o que equivale a uma média de aproximadamente 5 jogos por ano, o que ajuda a explicar alguns problemas de contusão de zagueiros durante a temporada. Talvez seja o momento de dar oportunidade a outro jovem da base.
VolantesAlex Sandro: chegou chegando. Muito bom semestre de estreia, conquistando merecidamente a vaga de titular. Fica sem maiores discussões.
Ayrton Lucas: sempre teve algumas fragilidades defensivas, mas é nítida a sua queda de rendimento, especialmente em 2024. Filipe Luís fala em recuperá-lo. A vantagem é o combo de ótima condição física, sem lesões graves, e a contundência/intensidade do seu jogo no apoio. Fica pelo menos até Matías Viña se recuperar.
Matías Viña: segundo os setoristas do clube, só voltartá entre o meio do ano e o início do segundo semestre. Na teoria, seria um jogador para disputar posição com Alex Sandro, pelo bom equilíbrio entre força e técnica, tanto no apoio, quanto na defesa. A gravíssima contusão, contudo, acaba gerando um ponto de interrogação. Fica, até porque é inviável negociá-lo enquanto estiver contundido, mas com a devida reavaliação no final do ano.
MeiasErick Pulgar: bom jogador, muito técnico, que caiu bastante de rendimento sob o comando de Tite, mas voltou a jogar bem e a apresentar, sob o comando de Filipe Luís, o bom futebol que exibia até a chegada do Pífano da Região das Hortênsias. O que pode pegar é a renovação. Dizem que o agente é complicado e especialista em fazê-lo sair ao final dos contratos sem que o clube seja indenizado. Olhos abertos com ele. Bom jogador, mas não é insubstituível.
Evertton Araújo: muito importante na fase defensiva do jogo, porém apresenta dificuldades claras em um dos fundamentos mais importantes do "volante moderno": o passe. Eu o negociaria, buscando um upgrade técnico para a posição no elenco.
Allan: fora com a devida reposição. Sem mais.
AtacantesGérson: capitão do time, fez uma excelente temporada, firmando-se como liderança moral e técnica, tendo sido merecidamente convocado para a seleção. Torcedor genuíno do clube. Um símbolo. Fica com valorização, se preciso.
De la Cruz: excelente jogador, que oferece um combo de boa técnica, versatilidade, combatividade, personalidade forte e total entrega dentro das quatro linhas. Fragilidade: resistência em maiores sequências de jogos. Sua permanência no elenco depende de criteriosa rodagem com preciso controle de minutagem. E claro, com a conscientização do atleta para que sua dedicação à Seleção do Uruguai não se torne um problema, como na Copa América (francamente...).
De Arrascaeta: ídolo incontestável da torcida e jogador absolutamente diferenciado na parte técnica. A falta de resistência física e os intervalos cada vez mais longos entre as apresentações no mais alto nível são um problema que precisa ser enfrentado e não empurrado para debaixo do tapete, sem que o jogador seja confrontado a respeito, inclusive quanto ao estilo de vida e a dedicação à carreira. Fica até o meio do ano, até pela proximidade do Super Mundial, situação sujeita a reavaliação conforme o seu rendimento após a recente cirurgia no joelho.
Charly Alcaraz: joia bruta que depende de lapidação, inclusive no fundamento das finalizações a gol. O talento e a personalidade são incontestáveis, mas o fardo de ser a contratação mais cara da História do clube com tão pouca idade pode estabelecer um obstáculo psicológico de difícil superação. Fica até o meio do ano, sujeito a reavaliação conforme o seu rendimento.
Matheus Gonçalves: talento incontestável, assim como as oscilações na performance dentro das quatro linhas, ao contrário da alta performance fora delas, sempre com muita regularidade ("menina, pelo amor de Deus, toma o remédio que eu te passo o pix" - tum; tum, tum, tum; tum, tum, tum...). Eu não resistiria a uma nova investida do Bragantino.
Lorran: situação muito parecida com a do "Menino Pix". O Rugal é marrento e outro que possui enorme talento, mas acha que joga muito mais do que efetivamente apresenta dentro de campo. Não compensa mantê-lo se a atitude continuar a mesma.
Pedro: centroavante mais técnico das três Américas, só deve voltar no meio da temporada. É preciso avaliar se terá algum compromentimento em sua mobilidade. É também, disparado, o melhor finalizador dos três continentes. Fica, mas com concorrência. Precisa melhorar a atitude, exibindo mais gana e combatividade.
Bruno Henrique: ídolo incontestável, jogador histórico e totalmente identificado com a torcida. É um caso de encontro espiritual tardio com a Nação Rubro-Negra. Contudo, não vem bem no aspecto técnico há várias temporadas, nas quais as melhores apresentações são cada vez mais raras, muito embora seja necessário reconhecer que, apesar disso, vem se doando inteiramente dentro de campo, especialmente após a última renovação de contrato. Fica, sendo caso de negociá-lo sem pensar duas vezes, em caso de surgir alguma proposta.
Luiz Araújo: grata surpresa, firmou-se como um dos jogadores mais dedicados e confiáveis do elenco. Não chega a ser um craque, mas tem talento suficiente para decidir jogos importantes e ainda ser fundamental na fase defensiva do jogo. Sua versatilidade é notável, conseguindo até mesmo jogar como meia construtor em alguns momentos. Fica, sem maiores divagações.
Éverton Cebolinha: deve voltar no início de 2025. Jogador importante, que era merecidamente titular antes de se contundir. Contudo, não tem na finalização um dos seus maiores dons e tampouco é dos mais velozes, razão pela qual eu o negociaria, se surgisse proposta, visando alguém que pudesse elevar o nível do elenco especialmente no primeiro quesito. Contudo, sua permanência não será nenhuma tragédia, até porque é um ponta que exibe ótimas qualidades, como o drible em espaço curto e a boa capacidade de construção do jogo.
Gonzalo Plata: outra boa surpresa, o equatoriano tem mostrado versatilidade como atacante, exibindo desde um bom drible até personalidade para finalizar e decidir um título. Contudo, passa a impressão de que às vezes se desliga do jogo. Tende a subir muito de produção após uma boa pré-temporada. Fica, sem dúvida, mas com Diretoria e comissão técnica de olhos abertos quanto ao aproveitamento nas finalizações e ao comportamento - ele tem "antecedentes" no extracampo, durante suas passagens por outros clubes.
Michael: jogador muito útil, que pode jogar em ambas as pontas ou mesmo como segundo atacante. Poderia ser melhor nas finalizações e nas tomadas de decisão. Tende a melhorar o rendimento com a pré-temporada, haja vista a contusão muscular importrante sofrida no segundo semestre. Fica até pela chegada recente, mas com a Diretoria de olho na idade e em eventuais propostas.
Gabigol: o vácuo que deixa no elenco, na prática, já existe há duas temporadas, com raros momentos de exceção; a diferença é que, agora, com sua saída do clube, a reposição finalmente será possível. Para o seu lugar, eu buscaria um jogador com o mesmo perfil que o Predestinado possuía quando chegou ao clube, em 2019: jovem, veloz e com grande mobilidade, ótimo finalizador, obstinado, com muita personalidade e fome de vencer na vida e no futebol. Que o setor de scouting encontre essa peça no mercado. A contratação precisa ser cirúrgica, a ponto de meritoriamente tirar Pedro de sua zona de conforto.
Carlinhos: muito embora eu ache que o clube errou na avaliação da performance desse atleta em vários momentos, já que não trabalhou com psicologia esportiva nesses seis anos e, portanto, não levou em consideração a pressão que o rapaz sentia especialmente nos jogos disputados no Maracanã (seus bons momentos ocorreram em jogos do Flamengo como visitante), é evidente que não está à altura do patamar esportivo que o Mais Querido alcançou. Sai, com o meu agradecimento pelos gols marcados no Cu de Zebra e no Barradão. Para sua reposição, eu buscaria uma aposta, bastante jovem, com o perfil do Rodrigo Muniz quando ascendeu ao elenco profissional, com o objetivo de ocupar o posto de terceiro centroavante.
O que mais me incomoda no atual elenco é sua montagem com poucos bons finalizadores. O problema, evidentemente, piorou a partir da decadência física e técnica de Gabigol, porém é preciso reconhecer que todos os outros meias ofensivos e atacantes não vêm apresentando um boa performance no fundamento das finalizações.
Voltando a 2019, é preciso lembrar e levar seriamente em conta que, naquela temporada, o Ano Mágico, Gabigol marcou 43 vezes, Bruno Henrique 35 e Arrascaeta outros 18. Todos eles caíram bastante de rendimento nesse quesito nos cinco anos seguintes, o que ajuda a explicar o problema crônico que o Flamengo vem exibindo no quesito chances de gol desperdiçadas.
Ocorre que, ao lado disso, elenco vem sendo reformulado com a chegada de jogadores que não exibem em suas virtudes a excelência nesse fundamento. Logo, existe um problema de escolha das peças, o qual precisa ser enfrentado sem hesitação pela nova gestão. Quanto mais bons finalizadores tivermos, mais jogos serão resolvidos com menos desgaste físico e mental, e, consequentemente, com muito menos contusões (não que essa seja a única causa).
A equação é óbvia, mas falta colocá-la em prática com critério e seriedade nas contratações.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.