- Tem os prós e contras. O pró é que conheço esse grupo como ninguém, eu sei das lideranças e o que acontece. Eu estava presente nesse grupo há cinco anos. Acho que só chegaram três ou quatro jogadores depois que me aposentei, eu conheço todos eles. E eu sei que vou tomar decisões que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. É importante separar — disse.
- Com o elenco e os jogadores que tenho ali dentro do vestiário, eu tenho que fazer jogar. E se eu não fizer jogar, obviamente que eu sou o culpado, porque eu sou o maior responsável por esses jogadores. E eu assumo essa responsabilidade com a maior alegria e como o maior privilégio do mundo.
- Então esse é o meu principal objetivo: ganhar, recuperar a confiança, que esses jogadores possam se divertir dentro do campo, que a gente possa juntar essa comunhão com a torcida e que a gente fale em campo para que eles possam animar na arquibancada. Aí não tenho nenhuma dúvida que aí vai sozinho. Esse clube quando a torcida está junta com o time ninguém para.
- A estrutura está aí, mas fazer o time jogar da maneira que a torcida quer não é fácil. Acontecem muitas coisas durante o ano que podem desvirtuar e tirar do caminho desse jogo tão ofensivo.
- Desde que eu vivi 2019, se compara muito com o passado. Por isso que eu falo: é muito importante saber que vamos escrever uma nova história. O futebol vem se reinventando constantemente, se pode ganhar de várias formas. O Flamengo quer ganhar de uma concreta, que é sempre pressionando e atacante o adversário.
- Isso é inegociável, muitas vezes vamos correr riscos exagerados para jogar da forma que a torcida do Flamengo quer. E vamos correr esse risco, eu não tenho medo de correr esse risco porque eu quero que o time pressione e ande para frente. Muitas vezes pode acontecer algo de errado, mas o treinador tem que tomar decisões e ter coragem para isso. Me sinto preparado.
- A fase defensiva do Flamengo, na minha visão, não está ruim. O Flamengo vem sofrendo muitos gols de transição e alguns de bola parada. Cada um tem uma forma de defender a bola parada, eu tenho outra, que é a minha forma de defender. Claro que aprendi de experiências de outros treinadores e do que vejo no futebol atual, que vai mudando. A minha forma de defender não é a mesma que eu pensava há dois anos porque as jogadas também vão se atualizando. E pretendo passar isso nos treinos para que a gente possa defender da melhor maneira possível a bola parada e ser uma força, não uma fraqueza.
- Pode ter certeza que o 4-4-2 do Jorge não é o mesmo 4-4-2 do Filipe ou do Guardiola e nem de ninguém. Ninguém consegue fazer um 4-4-2 igual, cada um tem seus detalhes e peculiaridades que fazem ser diferente. Então o 4-4-2 ou 4-3-3 do Tite ou do Guardiola não serão iguais. Por isso falo: é daqui para frente. É o 4-4-2, 4-3-3 ou 3-4-3 do Filipe Luís. O sistema que a gente for jogar vai muito em função de como vem o adversário para dar vantagem de espaço e tempo para nossos jogadores jogarem. Isso vou analisar de acordo com cada adversário para que eles possam desempenhar e mostrar para eles que juntos, todos seguindo na mesma direção com um modelo de jogo claro, possam explorar a qualidade que eles têm para que ela venha à tona.
- Primeiro, a base do Flamengo é um espetáculo. Privilégio e prazer trabalhar na base, tem muitos jogadores bons. Gosto do momento. Se é de um jogador ou de outro, não tem idade, cor nem nada. É o melhor. Se tiver 16 anos, vai jogar. Se tiver 40 vai jogar. A vantagem é que conheço do sub-15 até o sub-20 todos os jogadores. Se entrar, eu conheço, já trabalhei com eles e tive experiências únicas. Espero que tenham aprendido e tenham lembranças boas. Muitos deles vão estar aqui, outros não. Futebol é dinâmico, muda de um dia para outro. Como jogador, você dorme pobre e acorda rico. Para eles, é saber que com trabalho e talento, qualquer um daqueles garotos pode estar aqui.
Salve, Buteco! Começará hoje à noite, dentro das quatro linhas, a passagem do treinador Filipe Luís Kasmirski pelo Clube de Regatas do Flamengo. Separei esses trechos da entrevista coletiva concedida ontem à tarde, antes do treinamento, para salientar o quanto o discurso foi bom.
O trecho que mais gostei foi o que ele disse saber que tomará "decisões que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. É importante separar". Isso soou como música nos meus ouvidos. Deixou o Flautista de Caxias do Sul, o Pífano da Região das Hortênsias simplesmente no chinelo.
Mas como praticar o futebol ofensivo e pressionar agressivamente a saída de bola adversária com jogadores que não estão em sua plenitude física? Vejam a escalação prevista pelos setoristas do GE:
Rossi, Wesley, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Pulgar, De la Cruz, Arrascaeta e Gerson; Plata e Bruno Henrique.
O trio De la Cruz, Arrascaeta e Bruno Henrique tem condições de executar essa pressão? Andaram dizendo que escalar os dois uruguaios por mais de 45 minutos no domingo seria "forçar a barra". Será que já deu tempo para se recuperarem?
Essas e muitas outras dúvidas serão sanadas a partir do momento em que a bola rolar hoje à noite, no Maracanã. Dúvidas como, por exemplo, quais serão as adaptações que Fili deseja implementar no sistema de jogo do time.
Do lado de lá estará um dos mais experientes treinadores do cenário internacional. O homem simplesmente treinou o River Plate de Enzo Francescoli ainda na década de 90, no Século XX!! É mole ou querem mais?
Ouvi de torcedores muitas dicas interessantes, como pressionar Hugo Souza no jogo com os pés sob fortes vaias da torcida. Espero que os ingressos se esgotem e tenhamos casa cheia, com "clima de Inferno", como o do jogo contra o Atlético, em 2022.
Não gostei da indicação de Wilton Pereira Sampaio (FIFA/GO) para apitar a partida. No "Jogo do Inferno" ele foi muito bem, mas em compensação no jogo de volta da final, no Maracanã, contra o próprio Corinthians, apitou acintosamente a favor do adversário.
Mas como o próprio Fili disse no final da entrevista, ninguém segura esse clube quando a torcida e o time jogam juntos.
Foto: Marcelo Cortes/Flamengo |
Mais do que nunca, o apoio das arquibancadas será decisivo. O Flamengo com técnico novo precisa da ajuda do seu povo.
O Ficha Técnica está programado para as 19:00h e a palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.