segunda-feira, 2 de setembro de 2024

O Camaleão

 

Camaleão
Nome científico: Chamaeleo chamaeleon
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Sáuria
Família: Chamaeleontidae
Habitat: Selvas e Savanas
Hábitos: diurnos
Nome popular: Camaleão comum

Características: Língua protrátil, cauda preênsil, patas fortes. Pode medir até 60 cm.

Alimenta-se de insetos e outros pequenos invertebrados. Movimenta-se com muita lentidão. Para apanhar sua presa, utiliza a língua como se fosse um laço. Consegue estender a língua quase um metro com a velocidade de um raio. O inseto fica preso na ponta pegajosa da língua e logo é tragado. (...)

Fonte: Fiocruz - https://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/camaleao.htm

Salve, Buteco! Considerado por muitos o mais qualificado das três Américas, o elenco montado pelo Flamengo para a temporada/2024 tem muitos nomes de prestígio, mas agora que estamos em setembro acho que podemos dizer que o time depende, basicamente, da individualidade de quatro jogadores - Gérson, De la Cruz, Pedro e... Luiz Araújo.

Os três primeiros muito provavelmente seriam citados por todos os quase 50 milhões de torcedores rubro-negros na lista de mais importantes, mas o quarto é uma grata surpresa e acabou tomando o lugar do uruguaio da camisa 14, que infelizmente não consegue jogar e nem render em alto nível com regularidade, dada a sequência interminável de problemas físicos. Quanto ao simpático "Pigmeu Charrua", ainda é cedo para avaliações mais aprofundadas, mas o histórico de lesões é preocupante.

As condições físicas dos três disponíveis para o jogo de ontem (Gérson, Luiz Araújo e Pedro), na minha opinião, foram determinantes para o desempenho do Flamengo na partida. Enquanto os dois primeiros vêm de uma sequência absurda de jogos, contrariando qualquer indicador minimamente sensato de minutagem, o terceiro retornava de contusão após duas semanas afastado.

Sem esses jogadores rendendo bem técnica e fisicamente, além da ausência dos dois uruguaios, o Flamengo de Tite simplesmente não existe, e essa é a principal explicação para o pífio rendimento do time no Itaquerão.

Já os motivos para os três chegarem tão desgastados ou retornando de contusão nesse ponto da temporada são outros quinhentos e transcedem os (até aqui) dez treinadores da gestão Rodolfo Landim. Digo em parte porque, se observarmos como a fragilidade da posição da Diretoria quando negociou a contratação de Tite influenciou o momento que vivemos atualmente, veremos em ação a língua do Camaleão.

Incapaz de estruturar um projeto para o futebol, muito menos discutir o tamanho do elenco com base na filosofia de jogo e no calendário, a Diretoria fez várias concessões a Tite, inclusive o planejamento da temporada, claro que com diretrizes como a prioridade (absoluta) ao Campeonato Estadual. 

O erro crasso foi a decisão de enfrentar com um elenco curto as três competições mais importantes e desgastantes (e simultâneas) do calendário.

Nesse ponto, logo no início do ano o Camaleão começou a mostrar a sua habilidade - com a língua. Lá se vão quase 7 (sete) meses desde que Tite falou, após o empate com o Orlando City nos Estados Unidos (matéria de 27/1 da ESPN), sobre dar espaço aos jovens da base:

"Contratem muitos bons jogadores. Se é para contratar um jogador que está em um processo de evolução, dê oportunidade à base. Eu entendo que se fortalece dessa forma, é melhor ter um grupo qualificado, com atletas mais qualificados, e espaço para esses jovens poderem, perto desses grandes atletas, desenvolverem esse caminho. Senão daqui a pouco fica um número excessivo de atletas''

Da mesma forma que o réptil muda de cor, Adenor adapta o seu discurso ao tom de cada derrota. O truque, aqui, é passar ao largo de explicar como ele e seu preparador físico acharam que seu estilo de jogo e um "elenco curto" dariam conta desse calendário, com pouca utilização da base. 

Ou de explicar como um treinador que afirma haver se tornado um adepto do jogo de posição é incapaz de seguir a essência da filosofia e trabalhar com jogadores em desenvolvimento, atividade com a qual, convenhamos (e justiça seja feita), seus antecessores posicionais (todos autênticos) não tiveram o menor problema.

O maior responsável, porém e paradoxalmente, não é o vaidoso e prolixo treinador, mas a Diretoria incompetente, politiqueira e eleitoreira, que estava adorando a ideia de não precisar trabalhar para reforçar o elenco, até que a profusão de contusões sequenciais colocaram em risco os planos eleitorais do grupo

As duas últimas semanas comprovaram que a lentidão ou mesmo inexistência de contratações, além das próprias escolhas dos reforços, sempre foram questão de opção, nunca de dificuldades contextuais.

Trocando em miúdos: não contrataram antes porque não quiseram e contrataram agora porque precisaram.


Francisco Brito
‪@ochicoefoda.bsky.social‬
Marcos Braz estava fazendo gracinha após as contratações da janela, para efeito de comparação.

Igor Jesus estreou em 17/07, tem 13 jogos e 6 gols marcados.
Flamengo teve 4 reforços na janela e quem jogou mais atuou por 2 jogos.
Aug 31, 2024 at 22:56

Voltando à derrota de ontem, a politicagem de Tite na rotação (?) do elenco, que vai além da pouca utilização da base, explica em parte a nossa derrota em Itaquera. 

É que, apesar de todos os problemas táticos, da falta de qualidade na construção do jogo e de imposição e intensidade do time, o Flamengo talvez tivesse resistido ao Corinthians se não fossem as duas falhas individuais de David Luiz.

Aqui jazem os três pontos do jogo de ontem, na língua camaleônica de Adenor e no seu amor à panela e aos seus homens de confiança, que impedem o habilidosíssimo e acima da média Léo Ortiz de ser titular do miolo de zaga.

***

Pior ainda do que ver um Corinthians com mais vontade de vencer e "guerreando" contra um Flamengo apático, quase torcendo para as chances de título irem embora, foi ver o ídolo Bruno Henrique sendo intimidado por Fagner, que deve bater na cintura do nosso camisa 27.

Como vocês sabem, não sou um entusiasta da Baranga, mas depois de ontem cresceu em mim a vontade de enfrentar o Corinthians na semifinal da Copa do Brasil.

Pelo menos desse tipo de competição eles gostam.

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Muita gente quer a queda de Tite, mas não creio que ela ocorrerá. Vem aí mais uma Data FIFA e a oportunidade do elenco se regenerar. Creio na classificação contra o Bahia, mas o desfecho da temporada dependerá do Camaleão fazer o que mais detesta: ser ágil (na rotação do elenco) e efetivamente se adaptar às alterações contextuais entre uma partida e outra, as quais pedem ataptação não de cores ou do discurso, mas, efetivamente, das escalações e da estratégia tática, jogo a jogo.

A palavra está com vocês.

Uma ótima semana pra gente.

Bom dia e SRN a tod@s.