quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Esquenta: Flamengo x Peñarol, Jogo de Ida pelas 4ªs de Final da Libertadores/2024


"Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe sua vã filosofia"

Hamlet, dirigindo-se a Horácio, em "Hamlet", de William Shakespeare

Salve, Buteco! Será que existem mesmo os Deuses do Futebol, o Sobrenatural de Almeida (Nélson Rodrigues) ou forças do além interferindo no velho esporte bretão? 

"No creo en brujas pero que las hay, las hay

Provérbio espanhol

Em se tratando de Flamengo x Peñarol, pela Taça Libertadores da América, é bom não menosprezar a superstição e levar muito a sério o confronto. Em 4 jogos disputados, o Mais Querido não marcou nenhum gol, colecionou 3 derrotas por 0x1 (duas delas no Maracanã) e um empate por 0x0.

Chama muito a atenção os jogos haverem sido disputados por times das duas gerações mais vitóriosas do clube - em 1982, o Flamengo de Zico, no último semestre da formação campeã do mundo em 1981, perdeu por duas vezes por 0x1 e foi eliminado da Taça Libertadores da América. Contei o que especialmente o jogo do Maracanã significou para mim no post Eu, o Peñarol e a Libertadores, publicado neste blog em 18 de março de 2019.

Na ocasião, estávamos a algumas semanas do confronto no Maracanã pelo Grupo D da Libertadores daquele ano. Do desfecho todos nos lembramos. O entregador de coletes, cujo nome recuso-me a pronunciar, deixou Arrascaeta no banco e, além disso, Gabigol ainda arrumou uma expulsão, dando margem para o Maracanã assistir ao algoz de 1982 aprontar novamente, cerca de 37 anos depois.

O segundo jogo foi disputado no Campeón del Siglo, em Montevidéu (palco do jogo de volta, semana que vem), pela última rodada do Grupo D. Num jogo extremamente nervoso, com direito a expulsão do lateral direito Pará e gols inacreditáveis perdidos por Gabigol e Vitinho, o Mais Querido eliminou o anfitrião com um 0x0 e avançou de fase para, sob nova direção, do inesquecível Mister Jorge Jesus, conquistar novamente a Princesinha depois de nada menos do que 38 anos.

O Flamengo partiu para a conquista da América eliminando o adversáro, muito embora jamais o tenha vencido e, ainda por cima, sem lhe vazar as redes nem por uma vezinha sequer. É isso mesmo que vocês leram: o Flamengo nunca venceu e nem marcou gol no Peñarol em jogos disputados pela Libertadores.

Então, existem ou não as bruxas ou os Deuses do Futebol?

Independentemente de sua crença, está mais do que na hora de mudar isso aí, concordam?

Se os dois times mais vencedores da História não conseguiram, quem sabe um time para lá de questionado e desacreditado?

O Flamengo, com times não tão festejados, já venceu o Peñarol por outras competições, não tão importantes quanto a Libertadores, mas certamente muito significativas. Vamos nos lembrar de dois desses confrontos:

1) Flamengo 2x0 Peñarol - Mundialito de Clubes Campeões (Itália), 30/6/1983 (Estádio San Siro, em Milão)


2Flameng3x0 PeñarolCopa Mercosul 1999, 25/11/1999, Semifinal, Jogo de Ida (Maracanã)


Portanto, sem Zico, que já se transferira para a Udinese, e sem Romário, demitido do clube, em 1983 e 1999 o Mais Querido passou o carro com times de menor envergadura do que os de 1982 e 2019.

Estou sentindo que hoje à noite acontecerá o mesmo!

O atual Peñarol não se compara ao campeão do mundo de 1982, mas em contrapartida parece bem superior ao de 2019 e até mesmo do que o de 1999. Os uruguaios (Nacional incluso), depois de muitos anos jogando em nível bem abaixo de suas tradições, começaram a melhorar o seu nível de jogo. 

Em razão disso, o Peñarol que enfrentaremos hoje à noite não é mais aquele time que acumulou vexames neste Século XXI, raramente se classificando para as oitavas de final em diante. É, ao contrário, um time intenso e muito competitivo, comandado tecnicamente pelo meia Léo Fernández, que não se criou no Fluminense, na temporada passada, mas está jogando o fino pelos Carboneros.

Ainda assim, sinto que venceremos e quebraremos o tabu.

Hoje é dia de apoio, Amigos. Deixemos de lado os ranços, com dirigentes, jogadores e treinador (ou seu filhote), e o ceticismo, ainda que baseado na crua realidade (descrita no post de ontem). Esqueçamos a falta de centroavante, as contusões, o retrospecto recente e claudicante, especialmente pelo Campeonato Brasileiro, assim como o engessamento tático e a neurolinguística flautista.

A noite de hoje será daquelas típicas de "clima de Libertadores", em que lutar e vencer é o que mais importa, honrando a Mística do Manto Sagrado. Contra esse adversário, aliás, a História mostra que é a estratégia que melhor funciona.

O Ficha Técnica subirá as 19:00h e a palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.