segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Escolhas

 

Salve, Buteco! Tudo isso começou lá atrás, quando o presidente escolheu, após a saída de Jorge Jesus, empoderar o vice-presidente de futebol e sua gestão absolutamente personalista e dissociada de tudo o que é mais profissional e bem-sucedido no primeiro mundo do futebol. O Flamengo vive na pré-história do futebol em nível de gestão. 

De 2020 para cá, o que ganhamos de relevante decorreu de 2019, até mesmo as duas copas em 2022, uma espécie de espasmo muscular pos mortem. Foi um milagre operado por Dorival Júnior, que durou mais ou menos um semestre, derretendo na reta final do Brasileiro. Não era para ter acontecido, mas é o que ainda faz com que incautos aceitem que essa gestão se autoproclame vencedora. 

O segundo mandato de Rodolfo Landim é uma piada. E de muito mau gosto.

***

Quando perguntei no sábado se havia favorito para o jogo de ontem não era tentando estabelecer um falsa equivalência técnica provocativa entre os times, mas sim reconhecer o fato de que, no Flamengo de hoje, a vitória é uma exceção, especialmente no Brasileirão. A partir do jogo contra o Cuiabá no Maracanã (1x1), a queda de rendimento, em todas as competições, foi vertiginosa, com a exceção de alguns poucos jogos - 2x0 Palmeiras e, talvez 2x0 Bolívar (aqui, com uma dose de boa vontade). Ambos, portanto, em copas.

No Campeonato Brasileiro, o Flamengo só conseguiu vencer adversários da 12ª colocação (Bragantino) para baixo na tabela. Ocorre que nada indica que o Flamengo levará o título da Copa do Brasil ou da Libertadores da América, o que torna no mínimo questionável a escolha de abandonar o maior certame nacional. 

Espero que percebam a tempo que a questão não é mais o título, mas conseguir estar na fase de grupos da Libertadores/2025 ou mesmo na própria competição, em fases preliminares.

Quem conta com título em uma das copas está analisando o cenário com emoção e não com a razão. Só vejo chances de taça em uma final de Copa do Brasil contra o Vasco da Gama. 

E olhe lá.

***

Li alguns analistas táticos afirmando que o time evoluiu após a Data FIFA. Não estão mentindo, mas falta serem sinceros a ponto de reconhecer que isso não mudou muita coisa, em nível de efetividade. Tanto na quinta-feira, quanto ontem (Bahia e Vasco) o time controlou o jogo e, mesmo subindo as linhas, cedeu muito poucas chances aos adversários. Basicamente, um contra-ataque para cada um, deperdiçados, respectivamente, por Everaldo (Bahia) e David (Vasco).

Não faltou raça, mas mesmo com maior volume de jogo e chances criadas, sobrou ineficiência. Sem Pedro, Bruno Henrique "some" no meio da zaga adversária por não ter a característica de ser a referência no comando de ataque, de dominar a bola "quebrada" em chutes longos; de fazer o pivô e distribuir o jogo. Falta-lhe inclusive qualidade técnica (habilidade) para esse tipo de jogo com a bola nos pés.

Apesar da boa estatura física de BH27, que domina o fundamento do cabeceio, a construção de jogadas do Flamengo basicamente se resume a cruzar a bola na área no menor espaço que for encontrado. Não existe absolutamente nada além disso, fora alguns poucos contra-ataques por jogo. E, por isso mesmo, a jogada (bola aérea) consegue ser marcada pelos adversários. Quando falta sorte para a bola entrar (como no cabeceio de Léo Ortiz), o resultado vem sendo 3 pontos escapando.

Para além disso, ao menos no jogo de ontem, o time tentou finalizar a gol, de dentro e fora da área, mas invariavelmente a bola foi rebatida pela bem postada primeira linha vascaína, a qual, paupérrima em nível técnico (afinal de contas, o miolo é composto por Maicon e Léo Pelé), não tinha condições de sair jogando (trazendo o nosso time para cima), mas rebatia todas as bolas para onde o nariz do rebatedor apontasse.

Olhando para o time, constata-se que não falta qualidade técnica. Se Varela e Fabrício Bruno são limitados no quesito, não dá para dizer o mesmo de Léo Pereira, Alex Sandro, Erick Pulgar, Léo Ortiz, Luiz Araújo (depois Arrascaeta) e Gonzalo Plata (habilidoso, sabe jogar). É mais do que suficiente para criar.

Existe um problema de construção de jogo dentro das quatro linhas, mas que é provocado fora delas, desde o banco de reservas. Ele está justamente o nosso treinador e seu assembleismo como método de trabalho.

A substituição de Arrascaeta por Gabigol (como meia), tendo opções como Matheus Gonçalves e Lorran no banco, é um resumo do que acabei de descrever.

***

Gostei da estreia de Alex Sandro. O veterano mostrou toda a sua experiência apresentando-se em muito boa forma, mesmo tendo feito pré-temporada sozinho, e sem sentir a falta de ritmo de jogo.

Gonzalo Plata, por sua vez, mostrou qualidade em alguns lances, mas justamente falta de ritmo de jogo em outros. O drible não entrava e faltava explosão para vencer alguns duelos individuais. O equatoriano, contudo, mostrou potencial e deve evoluir com o tempo.

***

Gustavo Velloso
‪@gustavo1969fla.bsky.social‬
A firula do Léo Pereira no final do jogo foi típica de quem está desconcentrado no jogo, achando que já ganhou, no sapato alto. Como estão dizendo, "faltou a concentração de jogo de Copa do Brasil".
Em um jogo de Campeonato Brasileiro... Aonde fomos parar? Simplesmente deprimente.
September 15, 2024 at 9:09 PM

Nada poderia espelhar melhor a essência dessa gestão de merda.

***

A palavra está com vocês.

Uma ótima semana pra gente.

Bom dia e SRN a tod@s.