Olá, Buteco.
Cheguei a pensar que o título do post poderia ser “QUE BOSTA!!!”, mas acabei optando por um mais educado.
E vou começar pelo fim: Concordando com muitos participantes do Buteco (talvez a maioria), entendo que a história do treinador Tite no Flamengo precisa ser encerrada imediatamente e que é hora de recorrermos à mágica da “vassoura nova”, aquela que sempre varre bem no começo.
Voltarei ao tema, adiante, porque quero detalhar minha opinião a esse respeito.
O sucesso do projeto de insucesso
Já falei algumas vezes, aqui no Buteco, sobre o projeto de insucesso do futebol do Flamengo na gestão Landim.
Pra não chover no molhado, não quero me estender muito falando nesse tema, mas tenho que registrar, nessa abertura do post, que comandante que quer sucesso não escala pessoas insuficientemente preparadas para as funções mais importantes.
Landim fez isso e sustentou essas pessoas mesmo quando as evidências e o declínio progressivo do futebol do time gritavam que ia dar merda.
No momento em que escrevo este texto, o projeto de insucesso do futebol do Flamengo caminha para ser “coroado de êxito” (estamos bem perto da consolidação do insucesso).
Se a chapa apoiada pelo presidente for derrotada nas eleições do fim do ano, poderemos saber, rapidamente, se também há insucesso em outros campos da gestão, porque os vencedores denunciarão.
Se a chapa de Landim vencer, vai demorar um pouco mais, porém é certo que o tempo não permitirá que eventual insucesso nos outros campos da gestão do Flamengo seja mascarado para sempre.
Tite é a cereja do bolo desse projeto de insucesso (a meu ver de maneira um tanto inesperada, porque eu não esperava tão pouco dele): é um comandante sério, mas sem qualquer capacidade de fazer o time vibrar na frequência dos grandes times vencedores (e é isso que o Flamengo sempre tem que ser, um time vibrante e vencedor).
Temos um time sem identidade, quase sempre ruim na defesa, no meio de campo e no ataque e que só não pode ser acusado de corpo mole e de falta de empenho (felizmente não temos, neste estranho 2024, um Fla-Blasé).
Meu querido Amigo Gustavo comentou, em algum momento, que Tite consegue fazer os jogadores correrem por ele, mas inclino-me a considerar que não é bem isso.
Creio que o “correr pelo treinador” aconteceu totalmente com Jorge Jesus e pode ter acontecido, em menor escala, com os brasileiros que vieram depois: Ceni, Renato Gaúcho e Dorival.
Sob o comando do Tite, vejo os jogadores correrem por seriedade profissional e engajamento com o clube e identifico, nisso, a influência das lideranças surgidas dentro de campo, principalmente David Luiz e Gerson.
Com a renovação de elenco que foi promovida, restaram poucos heróis de Lima, nenhum dos remanescentes manteve o prestígio interno e externo de antes e surgiram novos líderes que, a meu ver, tiveram e têm influência no elogiável comportamento dos jogadores.
Vejo mérito do treinador Tite na valorização desses novos líderes, principalmente na (para mim) surpreendente e inspirada transformação do Gerson em capitão do time, num momento em que ele era alvo de muitas críticas.
Infelizmente isso foi, é e acho que sempre será insuficiente para produzir um grande time, como os fatos têm mostrado no Flamengo 2024, jogo a jogo.
Escrevo este post na sexta-feira, ainda sob o impacto da derrota frente ao Peñarol e não sei que rumo tomarão as coisas no futebol do Flamengo, se Tite cairá ou se continuará arrastando sua tristeza pela beira dos gramados até o fim da temporada, mas não quero encerrar este texto sem especular sobre algum rumo a tomar, porque este era o plano inicial (pensar num rumo para o restante da temporada) e porque não sou adepto de ficar paralisado pela queixa.
Antes, porém, de tentar esboçar uma ideia de rumo para os jogos que o nosso time ainda terá que fazer em 2024, quero pontuar que considero não haver anormalidade em perdermos para o Peñarol, time que mostrou, ontem à noite, ser mais bem treinado do que o Flamengo (muitos têm mostrado isso).
Pra mim, mais do que uma derrota não absurda contra um bom adversário num mata-mata de Libertadores, anormal é o conjunto da obra do treinador Tite, neste quase um ano à frente do Flamengo.
Olhando pelo lado do Penãrol, nosso adversário fez seu gol num contra-ataque muito bem construído e teve um pouco de sorte na finalização que, por ser meio de tornozelo, acabou pegando o rumo da trave direita e tornando muito difícil a defesa do Rossi.
Olhando pelo lado do Flamengo, o script foi muito parecido com o gol do Vasco, no jogo anterior: erro no nosso ataque, contra-ataque contra um time totalmente desorganizado, todo mundo correndo pra trás, bola cruzando a nossa área pra lá e pra cá e finalização certeira do atacante.
Por isso, nem mesmo embarco no questionamento sobre a ausência do Léo Ortiz e no foco no erro do Pulgar (no domingo, o primeiro erro foi do Léo Pereira).
O erro é do treinador, que, como disse o Thiago Freire, na quinta-feira, produz “um time sem uma cara. Não chama atenção pela ofensividade. Não chama atenção por uma defesa sólida. Não tem uma jogada característica. É um time que vai ali, acha um gol e se segura. Medíocre.”
Às vezes, esse time sem identidade nem acha o tal gol salvador que lhe permite tentar segurar o resultado e, em outras ocasiões, não consegue segurar, como no jogo contra o Vasco.
Encerro, aqui, as críticas ao treinador Tite, que considero que acabou para o Flamengo, fique ou não no cargo até o fim de 2024.
FALEMOS DA ARMADILHA DO CALENDÁRIO
Nosso Amigo Gustavo falou, no post de quarta-feira (18/09), das armadilhas que o calendário ainda nos reserva na reta final da temporada.
Mesmo com a derrota para o Peñarol e as possíveis folgas de calendário que advirão da possível eliminação do Flamengo da Libertadores na próxima semana (é claro que não é impossível uma virada, mas também é claro que ela não é provável), a armadilha continua armada e o Flamengo está todo enroscado nela, até porque contribuiu muito para torná-la mais difícil.
No post “Sobre Sorte, Queixas, Ações Transformadoras, Trabalho e Expectativas para 2024”, que publiquei em abril deste ano, escrevi:
“Entendo que, em qualquer temporada, o trabalho do comando do futebol do Flamengo deve ser, em síntese, a montagem de uma estrutura forte, capaz de suportar os grandes desafios e as enormes pressões que resultam do calendário insano (talvez irremediável e eternamente insano) e da presença de adversários fortes, aptos a brigarem pelos títulos que queremos. Destaca-se, nessa estrutura forte, um elenco suficiente, em qualidade e quantidade, para os rodízios que o calendário impõe e continuará impondo ao longo dos anos.”
A respeito do treinador Tite, escrevi:
“Reconhecendo que o comando operacional do futebol profissional do clube está terceirizado para ele e que as insuficiências de elenco são parte da realidade que lhe é oferecida, Tite precisará enfrentar seu perfil conservador para, com mais criatividade, mais flexibilidade e mais arrojo encontrar, no grupo de jogadores com que conta, as soluções de que o time precisará neste ano, para brigar por títulos.”
Como vimos ao longo do ano e lamentamos agora, nada disso aconteceu nas medidas desejáveis e, como consequência previsível, as expectativas de bons resultados vão se dissipando a cada jogo.
O Flamengo não se estruturou suficientemente, o treinador e sua CT não compensaram as insuficiências de elenco e também não fizeram o melhor possível em termos de preparação física, tática e mental e o resultado disso tudo é que o Flamengo chega a esse momento da temporada com um time sem identidade, com o Brasileirão praticamente perdido e precisando virar, fora de casa, o confronto da volta contra o Peñarol.
O calendário de 2024 foi mesmo um dos piores que o Flamengo já precisou enfrentar, mas o clube (comando do futebol, treinador e CT) cometeu muitos erros que agravaram suas dificuldades e o levaram à atual situação.
O QUE FAZER?
Vou enunciar mais uma vez essa valiosa lição, porque ela tem feito muito bem à minha vida e desejo que possa servir de conselho para cada um de vocês: a resposta que devemos dar à queixa é a ação transformadora.
Pausa para conselho do vovô Carlinhos Tomara: Se alguma coisa está atrapalhando muito a sua vida, não se deixe paralisar pela queixa e faça a pergunta “mágica”: O que falta fazer?
A prática de perguntar-se “o que falta fazer” funciona, de verdade, como uma chave poderosa para que você acesse o campo das possibilidades.
E não despreze as pequenas mudanças.
É comum que a gente sonhe com grandes e difíceis transformações e não tente as pequenas. Acontece que fazer algo transformador ou que você vinha adiando, mesmo quando isto se caracteriza como uma pequena mudança, melhora um pouco a vida e renova o entusiasmo e isto pode proporcionar a você melhores condições para, mais à frente, tentar as grandes mudanças.
Voltemos ao nosso Flamengo: Que ação transformadora pode ser empreendida para uma tentativa de salvação da temporada?
Enunciado-síntese: PRECISAMOS DE UM TIME COMPETITIVO!!!
Como disse no início do post, entendo que precisamos recorrer, imediatamente, à mágica da “vassoura nova”, aquela que sempre varre bem no começo, mas faço algumas considerações a respeito:
SENSATEZ (segundo o meu modo de ver): Não é legítimo nem sensato cobrarmos sucesso máximo do substituto de Tite. Considero razoável pedirmos que monte UM TIME e que esse time seja capaz de brigar dignamente pelo título da CB e pelo G4 no Brasileirão. A meu ver, qualquer coisa a mais do que isso será lucro.
ÉTICA: Creio que, agindo com ética, a diretoria não contratará um treinador para prazo longo. Daí eu considerar que a opção Filipe Luís faz sentido, ainda que arriscada quanto à perspectiva de sucesso, assim entendida a salvação da temporada, com chegada à final da Copa do Brasil e com classificação direta para a Libertadores. Nessa mesma linha, qualquer treinador razoável poderia assumir um mandato-tampão, só que, embora pouco experiente na função, o Filipe me parece em vantagem, por estar totalmente ambientado com o clube e conhecer o elenco.
Com quem contará o treinador para a missão?
Considerando que o calendário restante será bastante intenso, mesmo que o Flamengo “ganhe” folgas nas datas de semifinais e final da Libertadores, entendo que será prudente que o treinador da hora use seu time reserva em cinco a sete partidas, das 21 restantes (se o Flamengo fizer o milagre de ir à final da Libertadores) ou das 18 restantes (se o Flamengo for eliminado pelo Peñarol).
Nesse sentido, levando em conta o elenco com que contará o treinador (titulares, reservas imediatos e demais reservas, inclusive garotos incluídos entre os relacionados nos jogos mais recentes), ensaiei as seguintes formações, sem contar com o Michael que, dos lesionados, é o que pode retornar mais cedo:
TIME TITULAR:
Rossi
Varela, Fabrício Bruno, Léo Pereira, Alex Sandro.
Pulgar, Léo Ortiz, Gerson, De La Cruz.
Arrascaeta, Bruno Henrique.
TIME RESERVA:
Matheus Cunha
Wesley, David Luiz, Cleiton, Ayrton Lucas.
Evertton Araújo, Allan, Matheus Gonçalves, Alcaraz.
Lorran, Gonzalo Plata.
DEMAIS RESERVAS:
Dyogo Alves ou Lucas Furtado (Goleiros)
Iago, Carbone (Zagueiros)
Fabiano, Rayan Lucas, Caio Garcia (Volantes)
Carlinhos, Shola (Atacantes)
Gabriel (Atacante que pode ganhar chance com um novo treinador)
Em que jogos usar cada time?
Como a história prefere não falar dos covardes, apresento, a seguir, a minha programação de uso de times A e B, em função do calendário restante e assinalei, com letras vermelhas, as situações de dúvidas.
12/10 - Imaginei como uma boa data para o jogo atrasado contra o Internacional e previ uso do time A, por considerar os intervalos de uso dos titulares (dez dias depois do jogo contra o Bahia e cinco dias antes da semifinal da CB, contra o Corinthians).
23 e 30/10 – Se o Flamengo for eliminado pelo Peñarol, terá folga nesses dias, hipótese em que o jogo contra o Juventude (26/10) poderá ser disputado pelos titulares.
01/12 – Jogo marcado para um dia depois da final da Libertadores. Se o Flamengo surpreender e for à final, esse jogo terá que ser remarcado. Se acontecer em 01/12, o time titular poderá jogá-lo e, nessa hipótese, o time B deverá (ou poderá) fazer o jogo seguinte, contra o Criciúma, em 04/12.
Não marquei como dúvida a passagem do Flamengo para a final da Copa do Brasil. Pode acontecer, mas preferi não especular sobre isso. Xô, Lei de Murphy!!!
DATA ADVERSÁRIO C/F COMPETIÇÃO TIME
22/09 GRÊMIO F BR – 27ª B
26/09 PEÑAROL F LA – 4ªs A
29/09 ATHLETICO/PR C BR – 28ª B
02/10 CORINTHIANS C CB – SEMI A
05/10 BAHIA F BR – 29ª B
7 a 15 DATA FIFA
12/10 INTER/RS F BR – 17ª A
17/10 CORINTHIANS F CB – SEMI A
20/10 FLUMINENSE C BR – 30ª B
23/10 BFR/SPFC C LA – SEMI A/Folga
26/10 JUVENTUDE C BR – 31ª B/A
30/10 BFR/SPFC F LA – SEMI A/Folga
03/11 ATL/MG/VASCO ? CB – FINAL A
06/11 CRUZEIRO F BR – 32ª B
10/11 ATL/MG/VASCO ? CB – FINAL A
11 a 19 DATA FIFA
20/11 ATLÉTICO/MG C BR – 33ª A
23/11 CUIABÁ F BR – 34ª B
24/11 FORTALEZA F BR – 35ª A
30/11 A DEFINIR F LA – FINAL A
01/12 INTER/RS C BR – 36ª B/A
04/12 CRICIÚMA F BR – 37ª A/B
08/12 VITÓRIA C BR – 38ª A
Fiquem à vontade para malhar o quanto quiserem.
E se o Tite não sair?
Aí, Amigas e Amigos do Buteco, recomendo que adotemos a estratégia da minha mulher, quando algum parente vai viajar de avião: reza para o Anjo da Guarda do parente e para o Anjo da Guarda do piloto do avião.
Em qualquer hipótese, OREMOS!!! (inclusive pelo Anjo da Guarda do Tite).
Como sempre digo, posso discordar completamente, mas sempre torço a favor. E assim farei nesse final de temporada.
SAUDAÇÕES RUBRO-NEGRAS!!
(post concluído às 18:18 horas de 20/09/24)
Carlos César Ribeiro Batista