Salve, Buteco! Com o advento da Data Fifa ainda em curso (2 a 10/9), afirmo com segurança que a pior parte do calendário acabou de se encerrar. E por pior parte, logo esclareço, refiro-me ao período de meados de julho até o final de agosto, com o ápice neste último mês, que tradicionalmente marca o pico do desgaste e de contusões na temporada.
Mas por que pior parte? Primeiramente, porque, em temporadas anteriores a 2020, julho e agosto, meses de "afunilamento" das temporadas, marcavam a queda do time em uma das duas copas, abrindo espaço em meios de semana do calendário a partir de então. 2018 e 2019 são ótimos exemplos: em 2018, agosto marcou a queda nas oitavas de final da Libertadores (Cruzeiro) e, em 2019, ainda em meados de julho houve a eliminação nas oitavas de final da Copa do Brasil (Athletico/PR).
Em segundo lugar, porque, a partir de 2020, a CBF passou a paralisar o Campeonato Brasileiro durante as Datas FIFA. Não que essa regra seja totalmente respeitada. Na temporada em curso, por exemplo, não houve paralisação durante a Copa América e o Flamengo, com "elenco curto", sofreu os efeitos da continuidade do Brasileiro, como uma bomba relógio que explodiu em etapas durante julho e agosto.
Em condições "normais", se é que esse termo é aplicável para o volátil calendário internacional, julho e agosto não são meses de Data FIFA, fator que, somado à característica de "afunilamento" da temporada, marcam esse período como o "pico" do calendário.
Datas FIFA podem gerar grande desgaste para atletas convocados, todos sabemos, porém nem todos os atletas do elenco são convocados e, em razão disso, bem ou mal a maior parte consegue utilizar o período para se regenerar e se recondicionar fisicamente. Logo, pode-se afirmar que, "em condições normais", é um período de "folga" no calendário, ao menos para os atletas não convocados e, em menor proporção, para os convocados que não são titulares ou têm pouca minutagem.
Desse modo, a pior parte do calendário já passou, por mais que o Flamengo ainda esteja disputando as três competições - Brasileiro, Copa do Brasil e Taça Libertadores da América e ainda falte disputar o jogo atrasado contra o Internacional no Beira-Rio. Isso porque a temporada/2024 ainda terá duas Datas FIFA, uma no mês de outubro (7 a 15/10) e a última em novembro (11 a 19/11).
O elenco está "mais longo" com as contratações feitas no final da segunda janela de registros e, na teoria, não existe por que sobrecarregar tal ou qual atleta se houver uma criteriosa rodagem.
Criteriosa rodagem de elenco, eu disse.
É aqui que mora o problema.
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Sem querer ser repetitivo, no plano prático (descartando o planejamento da diretoria), o problema da rodagem de elenco no Flamengo começa pela comissão técnica, já que o treinador é paneleiro convicto e usa conceitos técnicos e modernos, além de jargões boleiros para justificar a sua pouca rodagem de elenco. "Não gosto de mudanças bruscas" (no time titular), "equilíbrio", "intervalo entre as partidas", "desgaste", "jogadores em desenvolvimento" (base, que lhe dá urticária), entre outros.
Soma-se ao perfil do treinador o tom (também) professoral do preparador físico, que simplesmente normalizou as contusões no meio do ano, qualificando-as como um "fenômeno mundial", obviamente desviando do cerne da questão - o planejamento mal feito e pessimamente executado, ou fracassado, numa definição mais objetiva. O professor chegou o desplante de vaticinar que "outras ocorrerão".
Que São Judas Tadeu nos socorra...
Ocorre que, a bem da verdade, Tite, a partir de agora, terá ainda mais dificuldades para justificar sua rodagem paneleira de elenco, se relmente insistir em aplicá-la. As contratações de Michael, Charly Alcaraz e Gonzalo Plata, além de Alex Sandro, inegavelmente oxigenaram o elenco e não existe mais, no plano real, espaço para a desculpa dos "jogadores em desenvolvimento".
Jogadores em desenvolvimento os quais, acrescento, poderiam perfeitamente ser utilizados, mesmo nesse contexto de elenco reforçado, por alguém que realmente soubesse como aproveitá-los.
É o tal do jogo posicional de conveniência, adotado por alguns treinadores brasileiros. Seletivamente incorpora-se os bonus (grife) e descarta-se os ônus (educar e desenvolver a base ou jogadores jovens).
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Outro problema é a posição de centroavante. Vejam bem, o elenco poderia estar melhor servido nas posições de lateral direito e primeiro volante, talvez até um raro ponto de consenso na gigantesca Nação Rubro-Negra, mas a contusão de Pedro trouxe um buraco talvez impossível de ser tapado.
Ainda em 26 de fevereiro do ano corrente publiquei a coluna E o Ataque?, na qual analisei individualmente Pedro, Gabigol, Cebolinha e Bruno Henrique. De lá para cá, tivemos a perda de Cebolinha e a subida de patamar de Luiz Araújo, além da contratação de Carlinhos e das recentes aquisições de Michael e Gonzalo Plata.
Não é difícil perceber a crise na posição de centroavante. No mesmo post, descrevi as situações de Bruno Henrique e Gabigol da seguinte maneira:
Bruno Henrique - o que será que aconteceu com o BH27 após a vitória sobre o Botafogo no Engenhão, pelo returno Campeonato Brasileiro/2023, ainda com Sampaoli no comando do time, aos 2 de setembro? Contrato renovado, mas muito pouco futebol. Um verdadeiro mistério. Será que o ídolo ainda tem o que entregar?
Gabigol - uma caricatura do que já foi. É possível visulmbrar uma mudança de postura, mas nada que lembre o Gabriel de 2019-2021 (o de 2022 não foi bem, mas decidiu uma Libertadores). O jogador quer a renovação contratual, mas tenho sinceras dúvidas se quer realmente ter o futebol como prioridade em sua vida. Vem entrando no decorrer dos jogos, mas sem apresentar muita coisa. Seu futuro é uma incógnita.
Convenhamos, não houve nenhuma alteração de cenário. Bruno Henrique tem vivido de lampejos e Gabigol, até o momento, não entregou absolutamente nada que permita ao torcedor ter fundada esperança em uma recuperação.
Quanto a Carlinhos, vejo uma postura exagerada da torcida (com todo o respeito). Contratado às pressas, no final da primeira janela, querendo ou não já deu boa contribuição nos jogos contra Atlético Mineiro (Cu de Zebra) e Vitória (Barradão).
Qual é o sentido de vaiá-lo ou desacreditá-lo? Mesmo que não empolgue e claramente esteja abaixo do patamar ao qual o clube chegou na parte financeira, é uma das únicas peças disponíveis e vem se esforçando para contribuir. Até dezembro, portanto, não vejo sentido em reclamar da sua presença no elenco, não com os dirigentes que temos, os quais simplesmente desprezaram o óbvio risco de uma contusão de Pedro, a qual, por castigo (merecido) aplicado pelos Deuses do Futebol, ocorreu logo após o fechamento da segunda janela de registros.
Uma última alternativa para o setor é a contratação de um centroavante sem vínculo com outro clube. O radar da diretoria rubro-negra parece estar direcionado às opções existentes no mercado internacional. Nomes como Memphis Depay (30), Anthony Martial (28), Choupo-Moting (35) e Stevan Jovetić (34) foram especulados, enquanto a FlaBS (Blue Sky) sugeriu Wissan Ben Yedder (34).
Os dois primeiros têm histórico preocupante de contusões. O nome do holandês não me empolgava nem um pouquinho e confesso um certo alívio por sua recente contratação pelo Corinthians. Entre os "bichados", confio bem mais no futebol do jovem francês, de qualidade indiscutível, porém desconfiado de suas reais condições de jogo (não atua desde dezembro), especialmente por termos um Departamento Médico que já deu aval para Conca, Rômulo e Kenedy.
Quanto aos veteranos, o camaronês marcou seu último gol pelo Bayern de Munique em 11 de novembro de 2023 e, de lá para cá, foi utilizado apenas 8 (oito) vezes e passou todas (to-das) em branco. Já o montenegrino tem seus golzinhos marcados em um número um pouco maior de jogos nos quais foi utilizado, porém como mero reserva do Olympiacos...
O baixinho francês destoa - 18 gols em 37 jogos pelo Monaco entre a Ligue 1 e a Coupe de France. Porém, consta que há uma acusação de estupro pesando em seu desfavor...
Você contrataria algum deles?
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A palavra está com vocês.
Uma abençoada semana pra gente.
Bom dia e SRN a tod@s.