Salve, Buteco! Então, no final das contas, eu tinha minhas razões para estar ressabiado com o jogo de ontem, concordam? Aliás, sem ter o dom da adivinhação e estando muito longe de ser uma epécie de Nostradamus do Cerrado, venho perguntando, post atrás de post, quem será o próximo na fila do Departamento Médico, concordam?
A sequência de tropeços e de contusões mostra o retumbante fracasso do planejamento do Departamento de Futebol para a temporada. Diretoria é a principal culpada, mantendo um elenco curto depois de várias temporadas fracassando no intuito de avançar nas três competições e de um 2023 tenebroso, passando em branco.
Contudo, a Comissão Técnica não fica muito atrás. Como lembrei no post de sábado, e também no de quarta-feira, o projeto "Ferguson de Caxias do Sul" naufragou. Tite e sua pomposa comissão técnica fracassaram ao planejar a temporada com um elenco curto e o treinador, particularmente, mentiu para o torcedor rubro-negro ao afirmar que só precisava de reforços que fariam a diferença porque tinham a base.
Aliás, vale a penar ler de novo o que escrevi no post Jogo Posicional de Conveniência, o qul escrevi há pouco mais de 3 anos no apagar das luzes da passagem de Rogério Ceni pelo Flamengo:
Como uma das diferentes leituras da Laranja Mecânica de 1974 e da doutrina de Johann Cruyff, e como toda variante do "futebol total", o jogo de posição necessita do que nos dias de hoje se convencionou chamar de "intensidade", algo impensável sem muita rodagem de um elenco que disputa várias competições simultâneas. E é justamente a habilidade para rodar o elenco e encontrar soluções para as diversas situações de jogo que diferencia os melhores e os piores treinadores, inclusive entre os adeptos do jogo posicional, sistema que, é bom esclarecer, não é sinônimo de time desequilibrado e nem de defesas vazadas como peneiras.
E mais: treinador de jogo posicional investe em formação e desenvolvimento dos atletas, inclusive os mais jovens, justamente por priorizar a fiel execução dessa ideia de jogo, o que exige um tempo de aprendizado. Não é que a filosofia seja incompatível com jogadores mais experientes, muito pelo contrário, mas certamente não tem como funcionar em elencos com medalhões insubstituíveis e que jamais podem começar um jogo no banco de reservas.
Tenho a nítida impressão de que Ceni aplica, de maneira convenientemente seletiva, apenas a parte da filosofia que lhe interessa, deixando de lado pontos muito importantes, que lhe dariam dores de cabeça. Ora, Ceni tem resistências para rodar o elenco, inclusive porque parece temer repetir a situação do vestiário do Cruzeiro; não parece disposto a gastar seu tempo desenvolvendo jogadores, especialmente os mais jovens, e, como se isso já não bastasse, tampouco demonstra a menor propensão para abandonar a ideia de atacar sempre, "no matter what", ou seja, de ir sempre além do limite para tentar as vitórias.
É o que chamo de jogo posicional de conveniência, no qual o treinador só se interessa pelo bônus (e louros), mas não quer saber dos ônus ou de botar a mão na massa.
Esse complexo contexto explica a campanha do Flamengo no Campeonato Brasileiro até o momento.
Eu não suporto mais paneleiro posicional tupiniquim, esse arremedo de profissional moderno e estudado, mas que na verdade é o velho boleirão clientelista na relação com os jogadores consagrados.
Por sinal, falando em base, jogar com os Crias nunca foi problema para o Mais Querido nos mais difíceis e adversos contextos: