Foto: Lucas Bayer/Jogada 10 |
Salve, Buteco! Conversávamos no post de sábado que a previsão mais sensata para o jogo deste domingo seria uma vitória apertada rubro-negra. E ela assim se desenhou e aconteceu. O começo foi forte e a construção das jogadas se caracerizou por longos arranques de Lorran pelo meio, conduzindo bem a bola pela intermediária celeste, porém pecando no último passe. Apesar disso, após um bom passe do Cria para Pedro, que de calcanhar passou para Luiz Araújo, o pontinha canhoto desperdiçou uma boa chance aos 12 minutos, ao finalizar de pé direito, no setor direito logo após a risca da grande área, por cima do travessão (a bola deve estar voando até agora, talvez na altura de Cariacica, no Espírito Santo).
Quando Gérson executou a mesma jogada, com uma assistência pornográfica para Pedro (O Matador), o placar foi aberto. O Queixada (repito, Matador) finalizou um pouco à frente que Luiz Araújo fizera, num chute cruzado indefensável para o goleiro Anderson. Não demorou muito e o time foi baixando o ritmo, assim como as linhas, e como sói ocorrer quase todas as vezes em que isso acontece, inclusive em condições normais (elenco sem muitos desfalques), acabou tomando um tremendo sufoco.
Apesar disso, a estratégia me pareceu inevitável. Muitos dos nossos jogadores, especialmente os principais e mais decisivos, vêm jogando fora do contexto do controle de minutagem ideal e apresentam um esperado desgaste. "Administrar" esse desafiador contexto passa a ser um desdobramento lógico e natural.
No ápice da pressão cruzeirense, o time apresentou problemas na marcação das laterais, especialmente do lado esquerdo, com Ayrton Lucas. Partida bem fraca do nosso agudo lateral. Passou de tudo ali pelo seu lado, uma verdadeira avenida. E foi exatamente por aquele setor que o Cruzeiro alcançou o empate.
Voltando num trote maroto, o "Beijinho" não pôde ajudar Bruno Henrique, que vacilou no acompanhamento do lance e permitiu que o lateral Willian avançasse em diagonal até a bola chegar a Matheus Pereira, que finalizou no canto direito de Rossi. Nosso goleiro aceitou o tiro de 19m. Num primeiro instante, pareceu "não ter acreditado" no chute e perdeu o tempo da bola, que era perfeitamente defensável.
Durante o intervalo, Tite resolveu substituir o Cria Lorran por Léo Ortiz, na esperança de dar mais poder de marcação ao meio de campo. Na volta, o time animou o torcedor, pois pareceu que repetiria o bom início da partida. Contudo, não demorou muito e o Cruzeiro voltou a dominar as ações, levando muito perigo ao gol de Rossi. O filme do primeiro tempo se repetia, com aparência de virada, até que, numa das poucas escapadas do Flamengo, Gérson foi derrubado perto da linha de fundo, no lado esquerdo do ataque rubro-negro, ao lado da linha da grande área.
Redimindo-se do gol que perdera no início do jogo, o canhotinho Luiz Araújo colocou a bola, como se usasse as mãos, na cabeça de Fabrício Bruno, que deu números finais ao placar, ainda aos 19 minutos da etapa final. Em seguida, embalado pelo segundo gol, o time tomou a iniciativa por mais alguns minutos e teve até um pênalti marcado, prontamente anulado pela assistente de VAR Daiane Muniz. Com ela, temos sempre uma certeza: lances capitais e interpretativos serão invariavelmente decididos contra o Flamengo.
O Cruzeiro partiu pra cima no final do jogo atrás do empate, mas o Mais Querido segurou o placar na raça, resistindo até o apito final de Bráulio da Silva Machado.
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Todavia, talvez nem mesmo o mais maquiavélico dos conspiradores poderia imaginar que o Mais Querido jogaria, nessas 13 primeiras rodadas, contra os 10 primeiros tabela, com o "plus" do Fla-Flu, pois, afinal de contas, o laterna, rebaixado ou não ao final da temporada, ostentará até lá o "patch de campeão da Libertadores", como adora bradar o pitoresco Careca do Sentimento Tricolor.
Na teoria, a sequência da tabela é menos desafiadora. Na teoria... Já na prática... Por exemplo, ontem o Atlético Goianiense deu muito trabalho ao nosso anfitrião da próxima quarta-feira, em pleno Cu de Zebra.
Cada jogo será uma batalha sacrificante enquanto não se encerrar a participação da Seleção Uruguaia na Copa América. E alguns deles serão disputados no auge da maratona com desfalques.
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Ainda voltarei ao tema, mas o editorial de ontem de O Globo sobre o pretenso Estádio do Gasômetro é uma prova flagrante do anti-rubronegrismo que há tempos tomou conta das organizações platinadas.
Todos os questionamentos quanto a oportunismo eleitoral, impacto no tráfego da região, endividamento do clube (ninguém fala, por exemplo, sobre os valores que o Flamengo se comprometeu a investir no complexo Maracanã) e inexistência de projeto arquitetônico divulgado são mais do que válidos. Que fique claro: o meu ponto não é esse (ou nenhum desses).
O bicho pega (ao menos na minha opinião) quando o editorial se posiciona contra a construção de outro estádio na cidade do Rio de Janeiro.
É aqui (repito, na minha opinião) que a porca torce o rabo.
O Flamengo tem o direito de construir e ter a sua casa própria para usufruir de todos os benefícios que cada proprietário de um estádio moderno atualmente desfruta.
Aonde está a norma segundo a qual uma associação privada é obrigada a sustentar um bem público? Sim, porque os jornalistas desse poderoso grupo bradam agressiva e periodicamente que o Maracanã é um bem público, construído com direito público, para alegarem que não pertence ao Flamengo.
Por que, então, o Flamengo é obrigado a sustentá-lo eternamente? E por que o Flamengo seria obrigado a sustentar seus coirmãos que, por incúria administrativa, raramente denunciada pelos mesmos jornalistas, não conseguem caminhar com as suas próprias pernas?
Não sei se o estádio do Flamengo deve ser erguido no Gasômetro e se o "projeto" (?) é viável; tenho convicção, porém, de que esse papo de que "o Rio de Janeiro não precisa de outro estádio" deve ser veementemente combatido por toda a Nação Rubro-Negra.
Toda canalhice e desfaçatez será denunciada!
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A palavra está com vocês.
Uma ótima semana pra gente.
Bom dia e SRN a tod@s.