Salve, Buteco! Conversamos bastante sobre o retrospecto e as dificuldades que se apresentariam no jogo de ontem, mas confesso que, mesmo diante do contexto extremamente desfavorável, estava confiante antes da bola rolar e percebi o mesmo sentimento em vários torcedores rubro-negros. Se pensarmos bem, depois da derrota para o Palestino, 7 de maio, cerca de um mês e 10 dias depois o Mais Querido jogou 7 vezes, tendo vencido 6 e apenas ontem empatado a primeira da sequência (invicta) - 2x0 Corinthians, 4x0 Bolívar, 1x0 Amazonas, 3x0 Millonarios, 6x1 Vasco da Gama, 2x1 Grêmio e 1x1 Athletico/PR.
A vitória sobre o Grêmio já havia sido conquistada na base da superação, mas a maneira como o empate foi colhido ontem, na Arena da Baixada, talvez tenha sido o melhor exemplo da principal característica do Flamengo de Tite - um time lutador, antes de tudo.
Vejam bem, sou dos que consideram que o time nunca se mobiliza para os jogos na Arena da Baixada e, portanto, não acho que empates ou vitórias contra esse adversário em seu estádio deveriam ser tradados, de maneira banalizada, como exemplos de triunfos históricos; contudo, ao mesmo tempo, se pesarmos o retrospecto no local e a imensidão de desfalques para o jogo de ontem, a atuação do time pode, sim, ser considerada uma referência. Não de exuberância tática ou de exímia qualidade técnica, mas de um time que luta e não desiste.
O Flamengo dos 45 minutos iniciais tomou a iniciativa e ocupou o campo de jogo do Athletico. Pode-se até dizer que, de uma maneira geral, foi melhor do que o adversário, o qual, porém, quando chegava, talvez fosse um pouco mais incisivo. Mas é justamente nesse ponto que entra a análise contextual.
Jogando com quatro zagueiros de origem, mas com dois deles improvisados fora de posição (Léo Pereira na lateral esquerda e Léo Ortiz como primeiro volante), e, ainda, com um número gigantesco de desfalques (5 convocados para a Copa América, além de, pelo menos, Ayrton Lucas, Ígor Jesus, Allan e Cebolinha), o Flamengo desfigurado subiu as linhas e praticamente não deixou o anfitrião jogar. O mais legal de neutralizar um adversário é quando isso não se dá com uma retranca, mas sim com imposição territorial, como fez o time no primeiro tempo.
Não gostei nem um pouco da atuação individual do Bruno Henrique, achei (na mesma linha de Roger Flores na transmissão da Globo) que o Lorran perdeu o timing de várias jogadas nas quais poderia ter finalizado, acho que o Pedro fez bem o pivô, mas não conseguiu levar vantagem nos lances, e que Luiz Araújo se movimentou bem, mas faltou o brilho de quinta-feira à noite. Só que a questão da atuação de ontem não esteve nas individualidades, com as exceções, talvez, de David Luiz, Léo Ortiz e Gérson (pela luta nas disputas com o mau-caráter Fernandinho), e sim no espírito de superação e na aplicação tática pelo jogo coletivo.
Como era de se esperar, o ritmo caiu no segundo tempo após um início de "trocação" entre os times, pois é muito difícil e, por isso mesmo, raro conseguir manter essa estratégia de jogo durante 90 minutos, e em razão disso o Mais Querido, ainda mais mutilado pela saída de Bruno Henrique, baixou as linhas. Victor Hugo no começo se enrolou na marcação, quando entrou no lugar do Herói de Lima, mas na minha opinião depois se recuperou com dois belos passes nos espaços vazios para finalizações ou inflitrações de Lorran e David Luiz.
A entrada de Gabigol me deixou dividido. Por um lado, sua presença em um jogo tão catimbado e, como sempre acontece naquele local, com tanta pressão sobre a arbitragem, favorecia a entrada de um jogador tão cascudo; por outro, o Cria, mesmo não estando em uma tarde das mais inspiradas (embora tampouco tenha jogado mal), entregava bem mais na recomposição. Em seu primeiro lance, o polêmico atacante mostrou estrela e teria aberto o placar, se o VAR não houvesse anulado (bem ou mal, na opinião de vocês?) o gol.
Taticamente, como também explicou de maneira precisa Roger Flores na transmissão da Globo, Lorran ontem jogou muitas vezes como um segundo atacante e, nesse ponto, a movimentação de Gabigol era até mais propensa a confundir a zaga advesária. O certo é que, com as linhas mais baixas, variando entre bloco médio ou baixo, o Flamengo teve mais espaço para contra-atacar. Porém, desde a primeira etapa o time errava passes bobos e parecia ter dificuldades com o gramado sintético, o que explica o contra-ataque mortal acabar não saindo, pois os jogadores sempre erravam o último passe.
A pressão ganhou contornos dramáticos quando Léo Ortiz sentiu. Só que os Deuses do Futebol escrevem certo por linhas tortas, meus caros Amigos do Buteco, e após a infelicidade de David Luiz, que deixou o braço aberto e cometeu o pênalti, levando Furacão a abrir o placar aos 46 do segundo tempo, o desacreditado Evertton "com dois tês", como premonitoriamente havia avisado para a namorada, entrou para salvar o Mais Querido do que seria uma das mais injustas derrota de sua História.
Por alguns minutos, e especialmente após a defesa milagrosa do goleiro Léo Linck no cabeceio à queima-roupa de Pedro, eu cheguei a cogitar não subir o post de hoje, de tão frustrado e emputecido que estava. Contudo, lá estava a Base Rubro-Negra para mais uma vez corresponder quando o clube precisava e colher um empate heróico (repito: dadas as circunstâncias).
Valeu, Evertton "com dois tês"! Brilha, meu Garoto! A glória é sua!
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A liderança se foi, mas o pontinho colhido ontem foi de ouro. Quinta-feira teremos um jogo do tipo "encrespado" contra o Bahia de Everton Ribeiro e Rogério Ceni. É inclusive bom que o time tenha três dias de recuperação para depois jogar duas vezes no rio, na semana de adversáros tricolores.