Foto: Gilvan Souza/Flamengo |
- 1.ato ou efeito de encaixar(-se); encaixo.
- 2.concavidade ou espaço esp. destinado a receber peça que, por sua presença ali, completará um todo ou parte de um todo; encaixo.
Salve, Buteco! Movimentação, aproximações, jogo curto, cria Lorran no time, Gérson cortando da ponta direita para o meio, "a la Everton Ribeiro"; harmonia, intensidade, muitas finalizações a gol. Encaixe. Vitória por 2x0. Torcida feliz e pinta de que um caminho foi encontrado.
Teria sido esse o "passo para trás" ao qual Tite se referiu, após a derrota para o Botafogo?
Concidência ou não, no segundo tempo do jogo contra o Bragantino, sábado retrasado, e durante os 90 minutos da vitória sobre o Corinthians, no último sábado, o Mais Querido foi mais autêntico, do jeito que a Nação gosta.
Resta saber o que aconteceu durante os 90 minutos contra o Palestino.
Teorias? Tenho a minha. Ei-la:
O time não gosta do sistema de jogo de posição. Não gostar, ao menos na minha forma de enxergar o problema, é bem diferente de não conseguir jogar dessa maneira. E não gostar tampouco remete à existência de uma conspiração maquiavélica contra o treinador. Pode ser simplesmente não acreditar no sistema. Tem como dar certo um sistema no qual os atletas não acreditam?
Há bons motivos para crer que isso influencie o comportamento dos jogadores. Desde a conflituosa passagem de Domènec Torrent pelo clube, o elenco parece ter tomado "birra" com a filosofia de jogo. O problema da escolha de Domè, para além da falta de experiência, envolvia também a inabilidade na gestão do vestiário e a incapacidade de convencer o time a jogar de uma maneira diferente daquela que o levou a conquistar o Brasil, a América do Sul e quase o mundo todo. Naquele momento, não fazia mesmo o menor sentido.
Sete treinadores e quatro anos depois, passou a fazer sentido ao menos incorporar alguns elementos desse sistema de jogo, já que o mundo todo pratica essa forma de jogar futebol. Tempos de soberania absoluta do maior treinador de todos os tempos e adepto do sistema - Pep Guardiola. A cada temporada que passa, é mais difícil encontrar treinadores que joguem do jeito que eu, você e toda a Nação Rubro-Negra queremos, ao passo que a oferta de posicionais é cada vez maior, sempre tendo Pep como referência.
Nesse cenário, a birra não faz mais qualquer sentido, o que é bem diferente de pregar a adoção de um modelo posicional absolutamente puro, abstrato e filosófico, até porque o próprio Pep, temporada atrás de temporada, desfaz e refaz seu trabalho com a autonomia absoluta que lhe permitem o dinheiro árabe, a carência dos fãs do Manchester City em tornar o seu clube grande e os resultados da fusão desses fatores com seu talento incomparável. O jogo de posição, portanto, não é mais um conceito rígido. Muito pelo contrário.
Posso aceitar a ponderação de que o jogo "não posicional" é mais afeto às características do elenco. Ocorre que jogo de posição não é "estático" ou "jogo de totó"; ao revés, pressupõe amplitude para gerar espaço e muita (muita, mas muita mesmo) movimentação para "atacar" esses mesmos espaços. Talvez mais distâncias mais longas a serem percorridas e mais desconforto, mas não significa que esse elenco não seja capaz de jogar bem e vencer dessa maneira.
O Flamengo posicional já fez ótimas partidas - 2x2 Atlético/MG (Final da Supercopa do Brasil/2022), 0x0 Palmeiras (4ª Rodada Brasileiro/2022), ambos com Paulo Sousa; 2x0 Fluminense (Campeonato Carioca/2023), com Vitor Pereira; 0x0 e 2x0 Fluminense (8ªs de Final Copa do Brasil/2023), 4x1 Vasco da Gama (9ª Rodada Brasileiro/2023), 2x0 Athletico/PR (4ªs de Final Copa do Brasil/2023), 2x1 Atlético/MG (17ª Rodada Brasileiro/2023), 2x1 Botafogo (22ª Rodada Brasileiro/2023), sob a batuta de Jorge Sampaoli, e 3x0 Palmeiras (33ª Rodada Brasileiro/2023), 2x0 e 2x0 Fluminense (Campeonato Carioca/2024), sob o comando de Tite.
Deveriam ter sido mais jogos, porém reparem que não gostar, não acreditar é bem diferente de não conseguir, como eu ia dizendo. E apesar disso, admito que o Flamengo "menos posicional" do segundo tempo contra o Bragantino e da vitória sobre o Corinthians talvez seja o melhor caminho a ser seguido. Ao menos é o meu preferido e também a preferência da torcida.
O que não significa que tenha que ser o único... Não se esqueçam de que, em 2025, o Flamengo disputará a primeira Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Convém ter a cabeça mais arejada possível, e de preferência conectada com o que acontece no primeiro mundo do futebol, para que episódios como o de terça-feira passada, em Coquimbo, contra o Palestino, não se repitam nunca mais, e nem tampouco vexames bem piores...
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No post da semana passada, poderei que, "no caso de Gérson seria bom a torcida desapegar do estereótipo e pesar o fato de que vem se recuperando de uma doença importante (diferente de contusão), de modo a avaliar suas atuações por outro ângulo. Sábado, por exemplo, jogou em três posições diferentes da meia cancha, terminando como primeiro volante e - importante - com o time jogando muito bem nessa formação."
Após a exuberante atuação do Coringa, contra o Coringa, no último sábado, deparei-me ontem com o seguinte tuite do Sofascore:
Gérson como meia.
Encaixe, como íamos dizendo...
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Quarta-feira é vencer ou vencer. A vitória também é aceitável, assim como a conquista dos três pontos. Aceito qualquer dessas três alternativas.
Está cedo para a volta do uruguaio fumeiro (se é que vocês me entendem...). É hora do cria Lorran.
Depois da "Geração Copinha 1990, acredito que os maiores talentos revelados por nossas categorias de base tenham sido, em ordem cronológica, Sávio, Adriano, Lucas Paquetá e Vinicius Junior.
Nenhum deles conseguiu, tão rápido e tão jovem, atuar de maneira tão exuberante como o nosso Cria no sábado passado. Talvez Adriano, no Morumbi, contra o São Paulo, naquele amistoso; contudo, ainda assim acho que o Rugal ganha a disputa por se tratar de um jogo oficial.
O céu é o limite para Lorran. E que venha a recuperação na Libertadores.
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A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.