segunda-feira, 4 de março de 2024

O Fla-Flu na Semifinal

 

Salve, Buteco! Interessante o debate da torcida sobre o momento ideal para enfrentar o Fluminense. Os racionais preferiam as semifinais por conta da vantagem, que inexistiria na final, dado o esdrúxulo regulamento do campeonato. Seu argumento ganhou ainda o reforço da expulsão do bom e importante volante tricolor André contra no final do jogo de ontem, contra o Botafogo.

Eu preferia enfrentar o Fluminense na final. Queria o desafio. A disputa do título numa terceira final consecutiva de Fla-Flu traria riscos, mas também a chance de destruir o argumento da freguesia, dado que esse Fluminense, o qual ostenta o título de campeão da Libertadores e, agora, também da Recopa Sul-Americana, é um dos quatro grandes times que nosso arquirival montou desde a década de 70 - os outros foram a) a Máquina Tricolor bicampeã carioca (75/76), b) o tricampeão carioca (83/84/85) e campeão brasileiro (84) de Romerito e o "Casal 20", e, por último, c) o bicampeão brasileiro na era Unimed (2010 e 2012). 

Portanto, derrotar um time histórico como o de hoje na final, justamente após a conquista dos dois títulos internacionais e logo agora que o Flamengo não tem nenhum título para defender, acabaria de vez com a narrativa, ao meu sentir. 

Outro argumento que não vi ninguém levantar é que, se o pior acontecer e vier a eliminação nas semis, o Flamengo passará quase um mês sem jogar, já que a FFERJ marcou o segundo confronto para o domingo de 17/3, e a estreia pelo Campeonato Brasileiro, contra o Atlético/GO, somente ocorrerá no FDS de 13-14/4.

Nada que alguns amistosos não possam resolver, muitos dirão. E evidentemente, a maioria provavelmente argumentará, não sem uma boa dose de razão, que uma eventual eliminação na semifinal seria bem menos trágica do que um "tri-vice-campeonato". Riscos, enfim, havia em ambas as alternativas, mas certamente seriam maiores numa final, porém confesso que, mesmo assim, preferia a emoção e a chance de derrotar o adversário nesse contexto, do crescimento na dor e na glória da guerra. 

Não gosto nem um pouco desse "medo" que passou a tomar conta de parte da torcida.

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Não me surpreendi com a derrota do Fluminense para o Botafogo e os motivos são semelhantes aos que entendo que determinaram a sequência de resultados negativos contra o rival a partir dos dois Fla-Flus pelo Campeonato Brasileiro/2021 - o Fluminense, ainda mais "de ressaca", enfrenta o Botafogo com o mesmo "desinteresse" que o Flamengo vinha enfrentando o próprio Fluminense até os 1x4 da finalíssima do Campeonato Carioca/2023.

Depois da humilhação, o Flamengo se mobilizou e veio o triunfo pelas oitavas de final da Copa do Brasil/2023, mas agora que o rival é o campeão continental, a mobilização parece que, finalmente, veio para ficar. Não era para ser assim, não deveria jamais ser assim, mas nada é mais típico do Departamento de Futebol do Flamengo, e não apenas nessa gestão, diga-se de passagem. A tendência para o "oba-oba" e calçar o salto alto só desaparece quando temos treinadores especiais ou em contextos de disputa de títulos e grandes clássicos (não foi o caso de 2023), e provavelmente só desaparecerá de vez no dia em que o clube abraçar o profissionalismo no setor.

Mas voltando ao nosso próximo adversário, 2024 lhes trará o desafio de se impor como o atual campeão continental. É bem diferente jogar como campeão defendendo o título e a reputação. O clube e seu treinador não estão acostumados com esse tipo de situação.

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Respeitar um adversário é bem diferente de temê-lo. Como ia dizendo, não gosto nem um pouco esse "medo" que parte da torcida passou a ter do Fluminense. O adversário leva alguma vantagem em finais de Campeonatos Estaduais, é verdade, mas fora desse contexto os números restantes (exceção para a Sul-Americana/2010) são notoriamente favoráveis ao Mais Querido, inclusive nos confrontos diretos pelo Campeonato Brasileiro e pela Copa do Brasil.

Que fantasma é esse, afinal?

Tenho confiança no trabalho do Tite, inclusive para esses próximos dois jogos, justamente porque vejo um Flamengo sério, mobilizado. Tudo parece ter voltado ao seu devido lugar - dirigente é dirigente, treinador é treinador e jogador é jogador, dentro da noção de elenco, com a hierarquia estabelecida.

Serão dois Fla-Flus "chamuscados", porém a vantagem do empate para um time que ainda não tomou gols em jogos oficiais no ano de 2024 não é nada desprezível. Enfim, medo eu tenho do Flamengo amador, soberbo e sequestrado por interesses políticos e pessoais dos dirigentes. No Flamengo de 2024, ao contrário, e por causa do Tite, eu tenho muita confiança.

Triunfaremos nessa semifinal. Pena que não será em uma final.

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A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.