segunda-feira, 18 de março de 2024

Futebol Globalizado

 

Salve, Buteco! Convém observar o que vem se passando no futebol mundial. Em um mundo cada vez mais tecnológico, distâncias físicas são suprimidas no tráfego de informações online. Pessoas de diferentes continentes e dos mais distantes países comunicam-se de maneira instantânea. Você vive fisicamente em um país, mas pode trabalhar em outro, só que virtualmente.

Qual será a consequência dessa nova dinâmica de interações especificamente no mundo do futebol? Acredito que seja a globalização da tática e dos processos de formação e competição dos atletas, treinadores e demais profissionais do futebol. É o que extraio dos jogos que assisto das mais diversas ligas do mundo inteiro. 

Enquanto escrevo esse texto, assisto a Estudiantes La Plata x Boca Juniors, pela Liga Argentina. Contudo, por um acidente com o jogador chileno Javier Altamirano, do Estudiantes, que convulsionou dentro de campo (informações dão conta que o atleta recupera-se bem), a partida foi suspensa. Sem problema. Peguei o controle remoto e sintonizei no clássico El Nacional x Emelec, pela Liga Equatoriana. Encerrada a contenda, mudei para Atlético São Luís x Pachuca, pela Liga MX.

Nas últimas semanas, assisti a partidas dos campeonatos inglês, espanhol, mexicano, alemão, argentino, português, dinamarquês, saudita, "Concachampions" e Champions League asiática. Ano passado assisti a partidas das ligas suíça, tcheca e sueca. Já cheguei a assistir um jogo da liga mongol (não estou brincando). 

E se eu assisto, amigos, imaginem os analistas táticos e membros de comissão técnica... Pressão, contrapressão, blocos médios, altos e baixos; amplitude e profundidade; minutagem; rodagem. Não existem mais segredos temáticos e vence quem trabalha melhor o conteúdo.

Por isso mesmo, no futebol globalizado, existem cada vez menos "bobos", já que, nos mais distantes rincões do planeta, qualquer um pode estudar tática. E se cada vez mais pessoas estudam tática e os fundamentos do esporte bretão, há mais competitividade e a distância do investimento é diminuída por quem trabalha com mais competência e qualidade.

Nesse mundo tecnológico e globalizado, o futebol brasileiro, no qual os treinadores, em geral (claro que sempre houve exceções), tradicionalmente jamais se preocuparam com o estudo tático, mas com o desenvolvimento a adaptação do coletivo às individualidades "decisivas", inevitavelmente acabou perdendo espaço.

Lentamente, porém, as coisas estão mudando, seja pela importação de profissionais estrangeiros, seja por uma nova geração de treinadores brasileiros que busca o estudo e o desenvolvimento profissional através do conhecimento. 

Ocorre que, no curso dessas mudanças, há os acidentes, especialmente com quem ainda anda engatinhando com os conceitos. Isso porque, nesse novo cenário, globalizado, tecnológico, tático e ultra-competitivo, o dinheiro precisa ser bem gasto, pois não basta investir mais do que o adversário.

Para bons entendedores rubro-negros, essas breves palavras bastam. As memórias do Independiente Del Valle que o digam.

Saudações e parabéns ao Nova Iguaçu e ao Novorizontino.

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O Nova Iguaçu Futebol Clube montou, para o Campeonato Carioca, o time "pequeno" mais forte que eu já vi desde que acompanho futebol (meados da década de 70). Disparado. Sem concorrentes.

Deixo claro que não estou contando o America Football Club nem o Bangu Atlético Clube, que já foram médios e possuem vários títulos importantes em seus cartéis. Refiro-me a clubes historicamente pequenos mesmo, seja da capital carioca, seja do interior fluminense.

Nesse mundo tecnológico, globalizado, tático e ultra-competitivo, pode ser que o Laranjão da Baixada perca logo o posto nas próximas temporadas. Diria até que é uma tendência. Contudo, o clube fez história ao se distinguir claramente, no plano técnico e tático, de qualquer outro de seu porte que já tenha disputado o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, pelo menos nos últimos 50 (cinquenta) anos.

Convém observar atentamente os responsáveis por esse incrível trabalho, dentro e fora das quatro linhas, entre atletas, comissão técnica e dirigentes. É possível que existam alguns profissionais especiais dentre eles.

Mais para frente teremos a oportunidade de conversar de modo aprofundado sobre o valoroso adversário da final do Campeonato Estadual.

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Hoje, a Laranja Mecânica da Baixada Fluminense é um conjunto mais forte e competitivo do que o da SAF do Club de Regatas Vasco da Gama. Não é zoação, mas reflexo do que expliquei logo acima. No mundo do futebol globalizado (e ultra-competitivo), o dinheiro precisa ser muito bem gasto ou a bola pune, o que pode acabar custando muito caro.

Contudo, apesar da superioridade tática do Nova Iguaçu, uma final contra o Vasco da Gama tenderia a ser muito mais tensa por conta da rivalidade e do engajamento da mídia em apoio ao clube mais manipulador e vitimista do futebol mundial.

Por conta disso, nos últimos dias andei bastante preocupado com o sorteio dos grupos para a Fase de Grupos da Libertadores, já que a estreia, prevista para a semana dos dias 3 a 5 de abril, intermediará os dois jogos da final do Estadual. E como na primeira rodada necessariamente o clube do pote 3 receberá, como mandante, o clube do pote 1, o Flamengo inevitavelmente enfrentará um dos seguintes adversários (a depender do sorteio): San Lorenzo (Argentina), Rosario Central (Argentina), Talleres (Argentina), Millonarios (Colômbia), Alianza Lima (Peru), Universitário (Peru), Deportivo Táchira (Venezuela) e The Strongest (Bolívia).



A combinação da viagem e do adversário com o Vasco da Gama produziria, potencialmente, um cenário bastante tenso e beligerante. Em contrapartida, a final contra o Nova Iguaçu propiciará um jogo bem mais técnico e, muito provavelmente, contra um adversário coletivamente muito melhor preparado.

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O sorteio está previsto para as 20:00h de hoje (horário de Brasília), com transmissão dos seguintes serviços de televisão por assinatura e streaming: ESPN, Star+, Paramount+ e Globo Esporte.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.