terça-feira, 5 de março de 2024

Estamos Prontos?


Olá Buteco, bem-vindos!

Em primeiro lugar, um Feliz Ano Novo para todos! Porque, esportivamente, 2024 começa agora. Tudo o que foi feito até então não era muito mais do que a preparação para os desafios da temporada. Isto posto, a coluna de hoje visa responder a questão “estamos prontos?”. De bate-pronto, se você só pudesse responder “sim” ou “não”, o que acha? Estamos prontos?

Para tentar justificar a minha resposta, vou começar pelos números. Historicamente, o Flamengo sempre bate nos pequenos do Rio e dificilmente é eliminado antes da fase final. Então, o Campeonato Carioca deve ser relativizado nessa comparação que me propus a fazer. Ainda assim, vamos a ela:

Vejamos os contextos de cada treinador:

  • Rogério Ceni: Campeão Brasileiro perdendo o último jogo e, por isso, virou o ano questionado. Ganhou a Supercopa do Brasil nos pênaltis e conseguiu ser campeão carioca. Ainda assim, não aguentou o primeiro momento de baixa no Brasileirão e foi demitido na Rodada 10, após derrotas para Fluminense (qual havíamos superado na final do estadual) e Atlético-MG;
  • Paulo Sousa: já havia perdido a final da Supercopa do Brasil para o Atlético-MG, em uma bisonha série de penalidades na qual tivemos 4 (!!!!) chances de levar o título. A única derrota na Taça Guanabara foi para o Fluminense, que nos bateria novamente na primeira partida da decisão. Já chegou no brasileiro zumbizado e foi demitido na rodada 9 após derrotas para Fortaleza (no Maracanã) e Bragantino. Ironicamente, havia vencido o Fluminense antes da derrota para o Fortaleza;
  • Vitor Pereira: perdeu na semifinal do Mundial de Clubes, perdeu a Supercopa, perdeu a Recopa e já estava zumbizado antes de chegar às finais do Carioca. Pior classificação do Flamengo no período na Taça Guanabara (3º). O 1-4 do segundo jogo, tendo a vantagem de 2 gols do 1º, foi a gota d’água para o bilhete azul.

Olhando nessa retrospectiva e embora Tite tenha lá seus equívocos do final de 2023, há a clara vantagem anímica em relação aos seus antecessores, até mesmo em relação a Rogerio Ceni, embora minha opinião particular seja a de que este é bastante subvalorizado pelo Torcedor RubroNegro. Nenhum dos anteriores chegou ao final do campeonato carioca com um time pronto para o Brasileirão e, não à toa, acabaram sendo mandados embora rapidamente.

Nesse sentido, o Flamengo de Tite impressiona pela rapidez na construção de uma consistência defensiva que há muito não víamos. Novamente, ainda que relativizando o nível da competição estadual, sofremos apenas um gol em 11 jogos, sendo 3 deles contra adversários da Série A do Brasileirão.  

Outro ponto que me impressionou foi a maturidade apresentada contra o Fluminense. Time deles é chato, te atrai para forçar a marcação alta (que desgasta demais) e, quando você dá aquela desanimada por não conseguir abrir o placar, começam a sair na boa. Nós passamos pela fase da marcação alta sem abrir o placar, mas não desanimamos, pelo contrário, ajustamos o plano de jogo e conseguimos nos impor no segundo tempo. Mais uma vez, é importante contextualizar o confronto e lembrar que o adversário não estava com seu time completo. Ainda assim, foi uma vitória com autoridade.

Com a defesa funcionando bem e o reforço encaminhado do Beckembauer Leo Ortiz, vamos para a frente: posição do De La Cruz encontrada com sucesso, Arrascaeta evoluindo claramente no nível físico (ainda que lembremos que só está jogando uma vez por semana) e a grata surpresa de Igor Jesus podendo ajudar no rodízio do meio. Os pontas vêm tendo um papel que há muito esperávamos, entenderem-se como parte imprescindível do sistema de marcação da equipe, sem perder a dinâmica de ataque quando estamos com a bola.

Notem, não falo em “ajudar” na marcação, porque quando falamos em “ajuda” fica parecendo que estão fazendo favor, que a “obrigação” de marcar é só dos volantes, mais ou menos o que aconteceu no último Flamengo vencedor, com Gomes em 2022, o cara que “corria para os craques jogarem”. Francamente, no futebol de hoje é de uma ingenuidade total achar que este é um modelo consistente. O Flamengo não pode ser construído com base nesse parâmetro. Se estamos recomeçando do zero, vamos fazer direito. E, nesse ponto, há nitidamente mais um motivo de elogio ao trabalho da comissão técnica, por fazer os jogadores entenderem que todos jogam e todos marcam.

Futebol é muito dinâmico e, particularmente no Brasil, não há outro parâmetro que não a vitória. Se formos eliminados na semifinal, certamente a balança penderá para a fragilidade dos adversários e o “Fluminense reserva” do confronto da Taça Guanabara. Além disso, jogadores chegarão e outros sairão, fatalmente passaremos por alguma fase adversa e ainda não sabemos como time e comissão técnica passarão por este momento de instabilidade. Entretanto, considerando tudo o que vimos até aqui, entendo que conseguimos nos colocar como o grande favorito ao título do estadual. Ganhando, criamos casca para o início do Brasileirão, competição que será extremamente difícil, pela tabela (Goianiense, São Paulo, Palmeiras, Botafogo, Bragantino,  Corinthians, Vasco, Grêmio, Athletico-PR e Bahia nas 10 primeiras rodadas...) e pelos desfalques da Copa América.

Estamos prontos? Estamos! Vai pra cima deles, Mengo!!!

Saudações RubroNegras!!!