Salve, Buteco! Primeiramente, gostaria de começar dizendo que vejo o 0x0 por um ângulo positivo. Não é que eu não queria ter ganhado ou que eu prefirisse o empate, mas o torcedor do Flamengo tem uma capacidade ímpar e inigualável de mergulhar no oba-oba e no menosprezo ao adversário e todas as circunstâncias desafiadoras do futebol, diante de uma simples boa fase. Então, um pouco de frustração é positivo, já que a leveza das vitórias acachapantes em todos os mais de 70 (setenta) jogos que o clube fará ao longo da temporada é uma expectativa simplesmente insustentável.
Parem para pensar um pouco. Não precisa nem de pedir ajuda ao Dr. Google. Puxem pela memória mesmo e me respondam: é normal vencer três vezes seguidas um rival num clássico entre equipes niveladas? Estatisticamente, é um resultado provável? E se esse adversário for o atual campeão do continente e o campeão (em cima do seu time, com goleada) do próprio campeonato estadual?
Vocês sabem que sou neurótico com estatísticas e o calendário, então não vão estranhar quando eu disser que a vitória ontem era um resultado absolutamente supérfluo, para além de improvável. O Flamengo não precisava da vitória, mas apenas de se classificar. Eu quero é ganhar do Fluminense no Campeonato Brasileiro e nas copas, se por acaso o destino os fizer cruzar o nosso caminho em alguma delas ou mesmo em ambas, e, queira ou não admitir a nossa deslumbrada torcida, uma vitória ontem tornaria a vitória no próximo confronto (Brasileiro ou copa) estatisticamente ainda mais improvável. São os fatos.
O torcedor normalmente não analisa o futebol por esse ângulo. Pior do que isso, parece que não aprende ou que 2023 ocorreu há meio século. Quer show e espetáculo todo jogo. Só que a realidade posta é que o Fla-Flu de ontem era o jogo da honra para o Fluminense e especialmente para o seu treinador, Fernando Diniz, o "frescor do futebol brasileiro", o "agente transformador dentro e fora das quatro linhas", que havia sido superado por Tite no jogo da 10ª Rodada da Taça Guanabara e completamente massacrado, muito também por suas escolhas desastradas na escalação, no primeiro jogo da semifinal, sábado retrasado. Como ele explicaria uma terceira derrota consecutiva para os seus admiradores da bancada do SporTV? Logo, se a torcida (?) tricolor não se mobilizou, o mesmo não se pode dizer do elenco e da comissão técnica do Fluminense.
Ainda assim, apesar de supérflua, e estatisticamente improvável, a vitória deveria ter chegado, seja pelo gol de Pedro, criminosamente mal anulado por Wagner do Nascimento Magalhães e Rodrigo Nunes de Sá, seja pela chance desperdiçada pelo preciosismo do nosso querido craque uruguaio Arrascaeta no segundo tempo. Porém, ela, a terceira vitória seguida, acabou não vindo, o que foi até bom para baixar a bola dos amantes do oba-oba, estridente ala da nossa torcida.
A realidade do Flamengo é Arrascaeta, Pedro e Cebolinha e nenhum substituto à altura para qualquer um deles - o uruguaio não tem reserva, Bruno Henrique parece um zumbi com cabelo descolorido, incapaz de ganhar um lance até mesmo de Marcelo, o bujão de gás mais habilidoso da História do futebol; Luís Araújo é uma espécie de Everton Cardoso com menos inteligência, muito embora com bem mais profissionalismo, e Gabigol... Bem, vamos aguardar o julgamento de segunda-feira para termos um melhor panorama do que virá por aí...
Então, como vocês podem perceber, a realidade do Flamengo, ainda mais com as Armadilhas do Calendário - Temporada 2024, é de mais jogos como o de ontem, tanto nas copas como no Brasileiro, especialmente quando for necessário rodar o elenco e esses reservas (muitos com bastante nome e nenhum futebol, atualmente) precisarem ser utilizados durante a inafastável maratona de jogos.
Além disso, não é factível qualquer expectativa por uma substancial reformulação do elenco no ataque na segunda janela de registros. Basta parar para pensar um pouco no perfil do vice-presidente de futebol e sua política de contratações. Não fosse a gritaria da torcida, além do Luís Araújo teríamos o Evander...
Portanto, Amigos, foi um 0x0 abençoado. O time continua se defendendo bem e não sofrendo finalizações, agora aumentou para 7 (sete) jogos a invencibilidade sobre o rival e seguiremos na competição, agora para disputar a final.
Vamos agradecer ao Tite, curtir a classificação e aguardar o adversário.
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O fato de achar o 0x0 abençoado não significa que gostei de tudo. Achei que o time jogou bem melhor e razoavelmente no primeiro tempo do que no segundo, mas Luís Araújo destoou, tanto no ataque como na função defensiva, no melhor momento do time em campo.
Não gostei do preciosismo de Arrascaeta e nem da escolha de Tite na entrada de Bruno Henrique, que não marca nem a própria sombra, no lugar do aplicado Luís Araújo. Por conta disso, Marcelo jogou livre de marcação no início do segundo tempo e por pouco não construiu um gol tricolor.
Além disso, BH27 não jogou absolutamente nada no ataque, nem quando foi centralizado como centroavante. A bola parece rebater em suas canelas a cada vez que a disputa com um adversário. Em contrapartida, gostei muito da atuação do Pedro, para mim o melhor do time enquanto esteve em campo, e, mais uma vez, da atuação do sistema defensivo.
O importante, insisto, foi a classificação. O 0x0 foi abençoado.
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Hoje conheceremos o adversário da final.
Preferências?
Bom domingo e SRN a tod@s.