Salve, Buteco! Ao contrário do que escrevi no post de segunda-feira, o time titular e não dos meninos da base irá a campo hoje à noite, em Manaus, na Arena da Amazônia, para enfrentar o Audax Rio pela primeira rodada da Taça Guanabara/2024. Ainda sem De La Cruz, mas aparentemente com uma formação que indica mudanças estruturais em relação à formação-base que marcava o time titular desde 2019 até 2023, Tite começa o trabalho de renovação no elenco do Flamengo.
Já não era sem tempo.
Puxando pela memória, lembro-me bem que, depois de conquistar o Rio de Janeiro, o Brasil, a América do Sul e o Mundo, o histórico time de 1981 conquistou o Brasileiro/1982 em cima do Grêmio, em Porto Alegre, aos 25 de abril, e venceu o Vasco da Gama 1x0 em 23 de setembro, conquistando a Taça Guanabara e passando a impressão que partiria novamente para a conquista do estado, do país e do planeta.
Contudo, a maionese desandou e o time foi eliminado pelo Peñarol no Maracanã, pela semifinal da Libertadores, em 16 de novembro. Abalado pela eliminação, em menos de um mês o time foi derrotado por duas vezes pelo Vasco da Gama (1x3 e 0x1) e também perdeu o título do Campeonato Estadual.
Bastaram novembro e dezembro de fracassos para o time multicampeão, o melhor da História, ser reformulado e sofrer três importantíssimas baixas do meio para frente, na temporada/1983: Tita foi para o Grêmio, Nunes para o Botafogo (!) e Lico perdeu a condição de titular. Entraram Baltazar, contratado ao Grêmio, Elder e Júlio César Barbosa, e o time chegou em 29 de maio ao tricampeonato brasileiro, ao vencer o Santos no Maracanã por 3x0, na despedida de Zico, antes de partir para a Udinese.
O 2023 do Flamengo, portanto, é mais do que um justo motivo para a reformulação do time titular e até mesmo do elenco. Alguns importantes passos já foram dados nessa direção, com as saídas de Everton Ribeiro, Rodrigo Caio, Filipe Luís, Santos, Thiago Maia e Matheuzinho. Acho inclusive que há espaço para mais saídas. Contudo, uma pergunta não quer calar: e os reforços?
Já conversamos bastante sobre o acerto e a importância da contratação de De La Cruz junto ao River Plate; porém, por maior que seja o ganho com a chegada do uruguaio, seis saídas inevitavelmente levam a torcida a questionar quando virão as respectivas reposições, o que enseja a discussão sobre os alvos e a estratégia de negociação com os respectivos clubes.
Conversando ontem com o meu sábio e experiente amigo Marquinhos, lembramos de algumas diferenças marcantes para a maioria dos reforços contratados entre 2019 e 2020: Rodrigo Caio estava à beira do rompimento com o São Paulo e a torcida; Gabigol não foi aproveitado tanto na Internazionale, quanto no Benfica; Bruno Henrique vinha de um ano com muitos afastamentos no Santos, por conta da contusão no olho; Gérson (2019) e Pedro (2020) eram reservas não aproveitados na Fiorentina e Rafinha e Filipe Luís não tiveram seus contratos renovados, respectivamente, por Bayern de Munique e Atlético de Madrid. O próprio Gérson, quando foi repatriado recentemente, estava afastado do elenco no Olympique de Marselha.
Conseguem perceber a diferença? Entre 2019 e 2020, quando foram contratados, apenas Arrascaeta, Léo Pereira e Michael eram titulares em seus clubes, todos brasileiros, diga-se de passagem, enquanto nas recentes janelas de 2023/2024 a Diretoria vem escolhendo jogadores que são titulares e destaques em seus clubes, no Brasil e na Europa - Walace na Udinese; Wendel e Claudinho no Zenit; Léo Ortiz no Bragantino e Luiz Henrique no Bétis.
Portanto, é natural que essas negociações não venham a ter desfecho positivo para o Flamengo. E por essa mesma ótica, mas no sentido contrário, o contundido Matías Viña (Roma) e o reserva Marcos Antônio (Lazio/Paok) parecem ser alvos bem mais palpáveis.
Quando me lembro que Paulo Sousa, Vitor Pereira e Jorge Sampaoli, quando não perderam jogadores, não tiveram os reforços pedidos, confesso que começo a ficar preocupado. Afinal de contas, ainda mais com seis saídas e apenas duas chegadas (De La Cruz e Matheus Gonçalves), o Flamengo não tem elenco para disputar simultaneamente as três maiores competições do ano.
O que me dá esperança é que a experiência, a qualidade e o respeito que Tite tem no Brasil e no próprio Flamengo podem fazer com que as coisas aconteçam de maneira diferente dessa vez, quem sabe com os reforços chegando até março, como andou indicando o vice-presidente de futebol.
Será que estou me iludindo?
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Dando o pontapé inicial na temporada, o primeiro Fica Técnica de 2024 subirá as 19:00h.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.