Salve, Buteco! A bola vai rolar nessa semana para a temporada/2024 do Mais Querido do Brasil! Na quarta-feira, 17/1, as 21:30h, os meninos que disputavam a Copa São Paulo entrarão em campo, na Arena Amazônia, em Manaus, para enfrentar o Audax Rio pela 1ª Rodada da Taça Guanabara, e no domingo teremos uma insólita dupla jornada com dois jogos disputados em continentes distintos. As 16:00h, os titulares enfrentarão o Philadelphia Union no Al Lang Stadium em São Petesburgo, Flórida, e na sequência os meninos do Ninho disputarão, as 18:00h, no Almeidão, em João Pessoa, a 2ª Rodada da Taça Guanabara contra o Nova Iguaçu.
A viagem para os Estados Unidos, ao menos no início, não terá a presença do vice-presidente de futebol Marcos Braz e do diretor executivo de futebol Bruno Spindel, que rumarão para a Europa visando fechar a contratação de pelo menos dois reforços: o ponta Luiz Henrique, do Real Bétis Balompié, de Sevilla, e o lateral esquerdo Matías Viña, da Roma.
Compreensivelmente, o anúncio da viagem deixou alguns rubro-negros incomodados, dado o constrangedor resultado da última excursão dos mesmos dirigentes ao Velho Continente, em 2023, quando voltaram de mãos vazias, com as negativas de Udinese e Zenit.
Não são poucos os torcedores que veem uma dupla nos dois dirigentes e criticam ambos com a mesma ênfase, responsabilizando-os pelos erros de planejamento. Contudo, indo na contramão, não enxergo nos dois uma dupla e valho-me mais uma vez, para expor o que penso, da matéria publicada pelo jornalista Diogo Dantas (@diogodantas) em O Globo no dia 12 de agosto de 2023:
"O torcedor rubro-negro já viu esse filme e se lembra de jogos negativamente marcantes sob o comando de Vítor Pereira, Paulo Sousa, Domènec Torrent. Agora foi a vez de Jorge Sampaoli. A eliminação na Libertadores traz à tona um roteiro repetido no Flamengo. Nos momentos de crise no futebol, a diretoria sai de cena e há o choque velado entre elenco e treinador. A roda gigante gira e é pilotada, mesmo que indiretamente, pelo vice de futebol Marcos Braz, dirigente amador, que embora responda ao presidente Rodolfo Landim é o “01” da principal e mais rica pasta do clube, recheada de profissionais com histórico ou competência questionáveis, mas que atendem a um modelo que se forjou na fritura de técnicos para se perpetuar e, no fim do dia, conquistar títulos.
A estrutura amadora em termos de gestão ignora a hierarquia. Os jogadores não veem como líderes ou chefes seus superiores, que não se comportam como tal no dia a dia. O diretor Bruno Spindel é um negociador sagaz e um torcedor efusivo durante os jogos. Os gerentes Fabinho e Juan dois ex-jogadores que são "camaradas" dos atletas que formam o plantel.
Na prática, a cobrança, o desgaste, o desconforto, é sempre papel do treinador, ou dos torcedores de organizadas que estrategicamente aparecem para hostilizar a todos como no desembarque de ontem no Rio após a queda no Paraguai. Sampaoli foi o menos atacado. Sobrou para alguns atletas e para a diretoria, incluindo Braz, Spindel e Landim - o presidente se escondeu e aguardou os protestos para ir para casa. Como ninguém se apresenta para mais esclarecimentos, o foco se volta para o técnico.
O Flamengo tem optado, desde Jorge Jesus, por um perfil de profissional para terceirizar sua gestão de pessoas e crises. Nesse cenário, Braz perdeu o comando há tempos e alterna momentos de desgaste com a torcida com outros em que se vangloria pelos títulos recentes conquistados no campo, a base de muito dinheiro, e oriundo de uma administração competente das finanças rubro-negras.
— Longe do resultado que a gente queria, Flamengo não jogou bem, as coisas não aconteceram do jeito que a gente pretendia, a gente queria muito continuar nessa competição, competição que nos últimos quatro anos chegamos em três. Temos o Brasileiro e a Copa do Brasil aí que são títulos importantes — afirmou o vice, ainda no Paraguai, sem comentar sobre o futuro de Sampaoli.
Para que esse ciclo vicioso persista é preciso encontrar outro culpado para justificar o fracasso de um elenco milionário. E o elo mais fraco é sempre o treinador. A multa para interromper trabalhos vira um efeito colateral. Caso queira tirar Sampaoli, serão R$ 15 milhões, nada perdo da receita na casa do bilhão. A ordem de Landim e por consequência de Braz é seguir em frente, no aguardo que os jogos da Copa do Brasil sejam um alento para a temporada que parece irrecuperável.
Ao fim dela, Sampaoli dificilmente permanecerá, e o ciclo se reinicia, com os mesmos personagens no comando, uma reestruturação de elenco vagarosa, usada para alimentar uma fantasia irreal de que é possível ganhar tudo sempre, mas com um culpado diferente para ser responsabilizado por todos os outros quando algo não ocorrer como esperado."
Do ângulo que analiso o cenário, Amigos, não existe Braz e Spindel, mas apenas Landim e Braz. A gerência do Departamento de Futebol por amadores dirigindo profissionais é uma antiga e tradicional prática do Flamengo e a atual gestão segue o mesmo rumo.
Poucos foram os períodos nos quais os profissionais tiveram maior protagonismo. Consigo me lembrar somente dos anos de Rodrigo Caetano na gestão Eduardo Bandeira de Mello e de Jorge Jesus "com a chave do Ninho" durante sua passagem de pouco mais de um ano no clube, no primeiro triênio da gestão Landim.
Da maneira que enxergo, bater em Spindel, Juan, Fabinho Soldado ou nos técnicos de scout é, no xadrez político da Gávea, o mesmo que sacrificar os peões em favor do Rei e de sua Rainha (hipopótoma, no caso). Por conta disso, a substituição, por exemplo, do diretor executivo muito provavelmente produziria o mesmo efeito ocorrido com os treinadores estrangeiros: o sucessor seria dragado pelo sistema.
Um exemplo talvez torne a minha linha de raciocínio mais clara.
A torcida, com toda a razão, incomoda-se com os valores da negociação do goleiro Santos com o Fortaleza, dados os valores pagos há um ano para a aquisição de seus direitos junto ao Athletico Paranaense de Mário Celso Petraglia. Poucos observam, contudo, que cuida-se dos efeitos retardados de uma bomba armada alguns meses antes.
Ainda era 3 de outubro de 2021 e o Globo Esporte anunciava a renovação do contrato de Diego Alves. O VP de futebol Marcos Braz justificaria as renovações antecipadas do goleiro, bem como dos dois outros remanescentes da "Geração 85" (que já teve também Rafinha), Diego Ribas e Filipe Luís, como sendo "importantes para o grupo".
Contudo, num espaço de pouco mais de um mês e meio depois, as derrotas para o Athletico Paranaense pela Copa do Brasil e Palmeiras pela Libertadores, com falhas clamorosas da "Geração 85", viriam a provar justamente o contrário.
Veio 2022 e Diego Alves, mesmo bem mais magro (rs), entrou em rota de colisão com a Comissão Paulo Sousa, levando o treinador e seu preparador de goleiros, Paulo Grilo (Falante), a primeiro optar e depois a insistir no emocional e tecnicamente despreparado Hugo Souza, causando uma sucessão de desastres dentro das quatro linhas.
Uma das leis do mercado do futebol (e aliás, de qualquer mercado) é que quem tem pressa paga mais, lógica que prevaleceu na negociação com o Athletico Paranaense. Era abril/2022, com a Libertadores se iniciando, e o Flamengo tinha urgência para contratar um goleiro experiente, o que o levou a pagar caro por Santos.
Agora que precisa "abrir espaço na folha" para contratar importantes reforços pedidos por Tite, veio o prejuízo na negociação com o Fortaleza, o qual atribuo, por toda essa sequência de eventos, à bomba relógio armada ainda em outubro/2021.
Pelo menos o clube colheu bons resultados com Aderbar, que foi um porto seguro na campanha da conquista de ambas as copas ao final daquela temporada.
Nada é mais Marcos Braz do que as sucessivas renovações de todos os integrantes da "Geração 85", exemplo claro de como o Departamento de Futebol do Flamengo é dirigido. Agora mesmo o clube viverá algo parecido com o que ocorreu em 2022, talvez com menos urgência.
A renovação, no final de 2022, do contrato de Filipe Luís, substituído em duas finais consecutivas de Libertadores antes do final do primeiro tempo, gerou o mesmo efeito, e o Mais Querido inicia 2024 precisando contratar um lateral esquerdo.
É bom que aconteça antes das finais do Campeonato Estadual, ou, do contrário, não haverá treinador que resista...
***
A entrevista de sexta-feira, com Bruno Spindel tendo espaço inédito nos até aqui 5 anos de gestão Landim, e os rumores de que o presidente rubro-negro estaria prometendo a bancos de investimento a aprovação da SAF do Flamengo no primeiro semestre do ano formam uma daquelas coincidências das quais todo torcedor prudente deve desconfiar.
O ano eleitoral começa com seus tortuosos caminhos.
Olhos abertos e faro fino, Nação Rubro-Negra!
***
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.