quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Falácia

 

Falácia1
substantivo feminino
  1. 1.
    qualidade do que é falaz; falsidade.
    "sua afirmação é uma f."
  2. 2.
    FILOSOFIA
    no aristotelismo, qualquer enunciado ou raciocínio falso que entretanto simula a veracidade; sofisma.

Salve, Buteco! Durante a apresentação de De La Cruz, o diretor executivo de futebol do Flamengo, Bruno Spindel, entrevistado pela repórter Luana Trindade, da FlaTV, teceu as seguintes considerações sobre a gestão financeira e o emprego de recursos do clube na contratação de reforços:

"O Flamengo na UEFA seria um dos times mais bem colocados no ranking de Responsabilidade Financeira."

"Se vc pegar a Folha de Pagamento + Amortização de Direitos Econômicos e dividir pelo Faturamento Anual (receita recorrente) dá em torno de 45%."

- Bruno Spindel

📽️ FlaTV

Segue o vídeo:


Comentando o vídeo, o membro do Conselhinho, Diogo Lemos, postou o seguinte texto no ex-Twitter:

Explicando em números, se fizermos o cálculo da folha salarial + amortização de direitos pela receita recorrente total do clube, que é o cálculo usado para controle de FairPlay nas principais ligas, o
@Flamengo tem um percentual em torno de 45%, um dos menores índices do mundo.

É importante esclarecer isso ao torcedor, pois é uma diretriz do clube que a gestão não abre mão, mesmo sabendo que este índice em alguns concorrentes locais ultrapassa os 80% aceitáveis pela regra do Profut (cálculo é diferente do citado acima) e, em alguns casos, fica acima de 100%, gerando novos endividamentos, como já foi prática passada no próprio Flamengo. É o artifício que muitos clubes, incluindo os adquiridos atualmente por empresas (SAFs), utilizam para se manter competitivos no Brasil. Falta transparência e regras reais de FairPlay financeiro no futebol brasileiro.

Acho maravilhosa a adoção do critério técnico-financeiro que o clube se autoimpõe, mantendo-se na vanguarda do FairPlay Financeiro em âmbito internacional. Espero que essa diretriz jamais mude.

Contudo, como postou o jornalista Venê Casagrande, ontem à noite mesmo, após contato com a Diretção do Portland Timbers, da Major Soccer League dos Estados Unidos:

Um dirigente do Portland me respondeu sobre a proposta do Flamengo e garantiu que o Rubro-Negro ofereceu 11 milhões de dólares (na MLS só opera em dólar), cerca de 53,9 milhões de reais pela cotação do dia. O Portland recusou e já avisou que não quer negociar o meia brasileiro.
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Venê Casagrande
@venecasagrande
A proposta do Flamengo ao Portland, da MLS, por Evander é de compra de 65% dos direitos econômicos. Apesar da dificuldade, a diretoria mantém a vontade de ter o meia, que é cria do Vasco, e aguarda resposta. Mais detalhes >>> youtu.be/DTD6XWIyGkk
Imagem

Segundo a lógica aristotélica, utilizar o argumento do FairPlay Financeiro para desviar a atenção dos valores propostos ao Portland Timbers pela aquisição dos direitos econômicos e federativos do meia Evander é nada mais, nada menos do que falsear o debate.

2024 começa dando a impressão que o vice-presidente de Futebol continuará com a mesma política de contratações que destruiu os trabalhos de treinadores como Paulo Sousa, Vítor Pereira e Jorge Sampaoli, matando-os de inanição sem reforços. 

Curiosamente, mas aparentemente não por coincidência, três adeptos do jogo de posição e influenciados pela filosofia europeia de trabalho.

A ocasião é perfeita para, mais uma vez, lembrar a matéria publicada pelo jornalista Diogo Dantas (@diogodantas) em O Globo no dia 12 de agosto de 2023:

"O torcedor rubro-negro já viu esse filme e se lembra de jogos negativamente marcantes sob o comando de Vítor Pereira, Paulo Sousa, Domènec Torrent. Agora foi a vez de Jorge Sampaoli. A eliminação na Libertadores traz à tona um roteiro repetido no Flamengo. Nos momentos de crise no futebol, a diretoria sai de cena e há o choque velado entre elenco e treinador. A roda gigante gira e é pilotada, mesmo que indiretamente, pelo vice de futebol Marcos Braz, dirigente amador, que embora responda ao presidente Rodolfo Landim é o “01” da principal e mais rica pasta do clube, recheada de profissionais com histórico ou competência questionáveis, mas que atendem a um modelo que se forjou na fritura de técnicos para se perpetuar e, no fim do dia, conquistar títulos.

A estrutura amadora em termos de gestão ignora a hierarquia. Os jogadores não veem como líderes ou chefes seus superiores, que não se comportam como tal no dia a dia. O diretor Bruno Spindel é um negociador sagaz e um torcedor efusivo durante os jogos. Os gerentes Fabinho e Juan dois ex-jogadores que são "camaradas" dos atletas que formam o plantel.

Na prática, a cobrança, o desgaste, o desconforto, é sempre papel do treinador, ou dos torcedores de organizadas que estrategicamente aparecem para hostilizar a todos como no desembarque de ontem no Rio após a queda no Paraguai. Sampaoli foi o menos atacado. Sobrou para alguns atletas e para a diretoria, incluindo Braz, Spindel e Landim - o presidente se escondeu e aguardou os protestos para ir para casa. Como ninguém se apresenta para mais esclarecimentos, o foco se volta para o técnico.

O Flamengo tem optado, desde Jorge Jesus, por um perfil de profissional para terceirizar sua gestão de pessoas e crises. Nesse cenário, Braz perdeu o comando há tempos e alterna momentos de desgaste com a torcida com outros em que se vangloria pelos títulos recentes conquistados no campo, a base de muito dinheiro, e oriundo de uma administração competente das finanças rubro-negras.

 Longe do resultado que a gente queria, Flamengo não jogou bem, as coisas não aconteceram do jeito que a gente pretendia, a gente queria muito continuar nessa competição, competição que nos últimos quatro anos chegamos em três. Temos o Brasileiro e a Copa do Brasil aí que são títulos importantes — afirmou o vice, ainda no Paraguai, sem comentar sobre o futuro de Sampaoli.

Para que esse ciclo vicioso persista é preciso encontrar outro culpado para justificar o fracasso de um elenco milionário. E o elo mais fraco é sempre o treinador. A multa para interromper trabalhos vira um efeito colateral. Caso queira tirar Sampaoli, serão R$ 15 milhões, nada perdo da receita na casa do bilhão. A ordem de Landim e por consequência de Braz é seguir em frente, no aguardo que os jogos da Copa do Brasil sejam um alento para a temporada que parece irrecuperável.

Ao fim dela, Sampaoli dificilmente permanecerá, e o ciclo se reinicia, com os mesmos personagens no comando, uma reestruturação de elenco vagarosa, usada para alimentar uma fantasia irreal de que é possível ganhar tudo sempre, mas com um culpado diferente para ser responsabilizado por todos os outros quando algo não ocorrer como esperado."

O Sistema é foda, Parceiro.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.