Salve, Buteco! A temporada 2023, como um todo, ficará marcada negativamente na História, como símbolo do que o Flamengo bilionário e reestruturado não deve ser - gestão, comportamento de atletas, ciranda de treinadores e até mesmo postura de parte da torcida (tema para outro post).
Contudo, e comprovando que 2023 foi concebido para frustrar o torcedor rubro-negro, a conquista de mais um título do Campeonato Brasileiro pela Sociedade Esportiva Palmeiras talvez tenha sido o resultado, até aqui, mais indesejado para a Nação, ao lado do título da Libertadores do Fluminense.
O "até aqui", apresso-me em explicar, deve-se ao fato de que o Mundial de Clubes da FIFA ainda está por se iniciar. Logo, é melhor ter prudência e fazer essa resssalva, já que o torcedor do Flamengo não pode sequer pensar em brincar com esse perigosíssimo 2023.
O título do Palmeiras, em particular, chama a atenção pela quantidade de oportunidades que o Flamengo teve para dar uma daquelas tradicionais "arrancadas" para conquista do Campeonato Brasileiro, todas elas (as oportunidades) miseravelmente desperdiçadas.
O Túnel do Tempo de hoje vai nos levar a uma viagem pelos últimos 4 anos, para que possamos entender por que, no apagar das luzes do que vinha sendo um fraco 2023 para ambos os clubes (que priorizam claramente as Copas), o nosso hoje maior rival nacional levou a melhor.
O calado, amuado e sumido piloto da Máquina do Tempo do Buteco já está a postos. Apertem os cintos. A viagem vai começar.
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Quinta-feira, 13 de junho de 2019. O Palmeiras, campeão brasileiro de 2018, vence protocolarmente o Avaí no Allianz Parque por 2x0 e encerra a 9ª Rodada do Campeonato Brasileiro, entrando na Data FIFA (Copa América), durante a qual o certame seria paralisado, na condição de líder isolado, por somar 25 pontos ganhos, 5 a mais do que o Santos de Jorge Sampaoli, segundo colocado, e 8 à frente do Flamengo, 3º colocado e então sob a direção de Marcelo Salles, o "Fera", que um dia antes vencera o CSA pelo mesmo placar, no Mané Garrincha.
A volta da Copa América do Flamengo, na estreia de Jorge Jesus, veio com um suado empate contra o Athletico/PR na Arena da Baixada, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. O otimismo exisitia, de maneira comedida, para o jogo de volta. Já o Palmeiras também parecia ter encaminhado a classificação com a vitória por 1x0 sobre o Internacional no Allianz Parque.
Entre os jogos de ida e volta da dupla pela Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro retomou seu curso, e, enquanto o Mais Querido proporcionou uma atuação de gala na estreia do Mister diante da torcida no Maracanã, aplicando 6x1 no Goiás, o Palmeiras foi derrotado por 2x0 pelo Ceará no Castelão, em Fortaleza, primeiro tropeço de uma sequência que, mais adiante, o faria perder a liderança do certame.
Nos jogos de volta pelas oitavas de final da Copa do Brasil, contudo, a dupla iria capitular, respectivamente, diante de Athletico/PR e Internacional, os futuros finalistas da competição, e, em ambos os casos, após o desempate do confronto mediante disputa de pênaltis. Abria-se, então, ainda que somente mais à frente, a partir do mês de setembro, o calendário para os treinadores trabalharem seus times no Campeonato Brasileiro e na Copa Libertadores da América.
Antes disso, a agenda continuava cheia e o Palmerias tropeçou no Allianz Parque, empatando em 1x1 contra o futuro rebaixado Vasco da Gama, enquanto o Flamengo arrancava um empate suado contra o Corinthians em Itaquera, tudo isso às vésperas do início das oitavas de final da Copa Libertadores da América, que para o Palmeiras representou uma classificação sem maiores sustos, após um empate por 2x2 em Buenos Aires contra o Godoy Cruz e uma vitória em São Paulo por 4x0. O Flamengo, todavia, enfrentaria o suplício da classificação por pênaltis, no Maracanã, contra o Emelec.
Após a goleada sobre os argentinos, o Palmeiras seguiu sem vencer pelo Brasileiro - 1x1 Corinthians (f), 2x2 Bahia (c) e 1x1 Grêmio (f), mas passou a impressão de que avançaria na competição continental ao vencer o jogo de ida pelas quartas de final, contra o Grêmio, em Porto Alegre. O jogo de volta, todavia, traria uma inesperada virada do Tricolor dos Pampas por 2x1 e a eliminação do torneio, às vésperas do confronto contra o Flamengo de Jorge Jesus no Maracanã, pela 17ª Rodada do Brasileiro.
Naquela altura, Flamengo e Santos haviam ultrapassado o Palestra na tabela do certame, e a distância de líder e vice-líder, ambos com 33 pontos ganhos, era de apenas uma vitória (3 pontos). Contudo, setembro chegava com os prósperos ventos da vitória para o Mais Querido do Brasil, e ainda decretava o fim da linha para Luís Felipe Scolari, demitido após o apito final do árbitro:
Era o início da Era Mano Menezes, a qual, em seu início, até que animou a comunidade palestrina. Afinal de contas, o Palmeiras engatou uma sequência de 5 vitórias consecutivas - 2x1 Goiás (f), 3x0 Fluminense (c), 1x0 Cruzeiro (c), 1x0 Fortaleza (f), 6x2 CSA (c), até que os tropeços voltaram - 1x1 Internacional (f), 1x1 Atlético/MG (c) e 0x2 Santos (f).
O problema do Palmeiras de Mano Menezes se chamava Flamengo de Jorge Jesus. No mesmo período, só pelo Campeonato Brasileiro, sem contar as semifinais da Libertadores, o Mais Querido engatou a seguinte sequência - 2x1 Cruzeiro (f), 3x1 Internacional (c), 0x0 São Paulo (c), 1x0 Chapecoense (f) e 3x1 Atlético/MG (c).
O Flamengo do Mister, muito mais regular e consistente, continuou a abrir vantagem até que, no final de semana de 23/24 de novembro, foi campeão sem sequer entrar em campo, quando o Palmeiras perdeu para o Grêmio no Allianz Parque. Duas rodadas depois, os clubes se enfrentaram novamente, em São Paulo, no famoso jogo sem torcida visitante e dos arremessos de assentos no gramado:
Num primeiro instante, pareceu fazer o movimento certo, abrindo negociações com Jorge Sampaoli, que vinha de uma brilhante temporada pelo Santos e inclusive goleara o Flamengo de Jorge Jesus na última rodada do Campeonato Brasileiro. O Careca, contudo, pediu alto e obrigou a Diretoria palestrina a fazer uma contraproposta.
Todavia, o acordo financeiro não chegou e a Diretoria palmeirense encerrou as negociações com o Careca, anunciando, na sequência, o acerto com Vanderlei Luxemburgo. Aqui o Amigo do Buteco conseguirá entender perfeitamente o que quis dizer quando afirmei que a Diretoria do Palmeiras estava desnorteada.
Como os Amigos bem sabem, na imprensa esportiva brasileira existem algumas máximas e uma delas é sempre, invariavelmente, colocar para cima o trio de ferro paulistano, principalmente a dupla mais antiga. E assim foi feito com o trabalho de Luxa no Palmeiras, onde conquistou o seu (talvez) derradeiro título na carreira (ainda não encerrada), o Campeonato Paulista de 2020, que, ao lado da pandemia e da campanha tranquila na Fase de Grupos da Libertadores, permitiu ao veterano treinador sobreviver até o segundo semestre de 2020.
Do lado de cá, os ventos da vitória começaram a dar os seus últimos sopros consistentes. Após as taças da Supercopa do Brasil, da Recopa Sul-Americana e do bicampeonato estadual, Mister Jorge Jesus anunciou a sua saída e o futebol do Mais Querido do Brasil jamais voltaria a ser o mesmo.
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Quando as primeiras notícias sobre a negociação começaram a pipocar, a imprensa paulista estranhou, como mostra essa matéria da Gazeta Esportiva, intitulada "Interesse do Palmeiras em Abel Ferreira vira alívio no Paok; agente explica cenário".
Caro (o Paok dele queria se livrar havia meses, mas esbarrava na multa rescisória), temperamento forte e arrogância, vestiário perdido, resultados ruins (uma vitória em 6 jogos), herança de Razvan Lucescu jogada fora... Escolham os motivos! A mídia paulistana torcia o nariz para a negociação. Eis as palavras do agente brasileiro Leonardo Cornacini, avaliando o iminente acerto:
"A Gazeta Esportiva procurou pelo agente brasileiro Leonardo Cornacini, que trabalha na Europa há muitos anos e participou de recentes movimentos do PAOK no mercado do futebol.
O empresário deu mais detalhes sobre o técnico que Palmeiras quer para o lugar deixado por Vanderlei Luxemburgo.
'É um técnico completamente oposto daquilo que o Palmeiras está precisando. O Palmeiras precisa de um nome experiente, com força, com bagagem e estão trazendo um técnico jovem, sem muita experiência. A experiência dele hoje foi uma pelo Braga e uma pelo PAOk, nenhuma das duas foi uma passagem interessante. Então, se trata de um técnico em que a torcida vai ter de ter paciência'.
Cornacini acredita que, de fato, a transferência de Abel Ferreira pode atender o anseio das duas equipes.
"Ele tinha um contrato muito grande e a expectativa em cima dele acabou não acontecendo. Eu acredito que o PAOK está vendo isso como uma alternativa também, vai ser bom para as duas partes".
Ainda segundo o agente, os problemas de relacionamento de Abel Ferreira com o elenco do PAOK estavam ligados aos ditos medalhões do grupo.
"Os mais experientes não tiveram tantas oportunidades com ele. Por exemplo, o Léo Matos, que era um dos principais, o Maurício, que era titular com Lucescu, o Léo Jabá, que foi um dos melhores do campeonato do título, desapareceu. O Douglas ficou encostado. Enfim, os brasileiros não tiveram tantas oportunidades. Com os mais velhos, o relacionamento não foi bom. Acho que a única coisa positiva dele foi dar oportunidade aos jogadores da base".
Para encerrar, Cornacini citou os pontos positivos detectados neste período do português no comando do clube grego.
"Ele é jovem, então vai ter umas ideias mais atualizadas, ele acompanha essa escola de técnicos portugueses. Não cuido muito do campo, mas o que a gente vê é que do Lucesco para o Abel, retrocedeu muito."
Minha única dúvida quanto à extensão do acerto dessa contratação reside num específico ponto, qual seja, se o autor da ideia tinha consciência de que os motivos pelos quais os gregos reclamavam da "perda do legado de Razvan Lucescu" eram exatamente os mesmos que seriam responsáveis pelo encaixe entre Palmeiras e Abel Ferreira: a escola José Mourinho, a qual, convenhamos, é muito mais próxima do Cucabol de 2016, do time de Felipão de 2018 e dos então mais recentes times de Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes do que teria sido o jogo de posição de Jorge Sampaoli ou de Miguel-Ángel Ramírez.
Como eu dizia aos Amigos do Buteco, os ventos da vitória (e da sorte) lentamente começavam a se direcionar para os lados do Allianz Parque.
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Aos 30 de outubro de 2020, o Palmeiras anunciava Abel Ferreira como novo treinador, em substituição a Vanderlei Luxemburgo. Nove dias depois, o Flamengo anunciava a demissão de Domènec Torrent e, ao menos até o início de 2022, colocava um fim na esperança de reproduzir com eficiência um modelo de jogo europeu com o elenco da Geração 2019. Um dia depois, Rogério Ceni era anunciado e viria a enfrentar o jovem treinador português do Palmeiras por três oportunidades.
O primeiro encontro entre o Flamengo e o Palmeiras de Abel Ferreira se deu na reta final do Campeonato Brasileiro de 2020, na 31ª Rodada. A distância entre os dois clubes era de apenas um ponto na tabela e o Palmeiras vinha de uma contundente goleada sobre o Corinthians, por 4x0 no Allianz Parque, apenas 3 dias antes. A vitória rubro-negra, testemunhada pelas arquibancadas vazias do Mané Garrincha, foi um marco muito importante na arrancada para o bicampeonato brasileiro (Hepta) e levou o rival a naturalmente priorizar as duas Copas (Libertadores e do Brasil), as quais viria a conquistar:
Enquanto a Diretoria do Flamengo, mergulhada na soberba e entre 2 a 3 treinadores por ano, apostava em um modelo montado em torno de individualidades e dos ganhos políticos (internos e externos) que proporcionavam, o Palmeiras se mirou no Flamengo estruturado do período Jorge Jesus e recrutou seu coordenador científico, um ex-funcionário rubro-negro.
O Palmeiras empoderou cada vez mais e apostou no seu treinador, que passou por sérias dificuldades (derrota na semifinal do Mundial para o Tigres, vice-campeonato paulista para o São Paulo e eliminação para o CRB na Copa do Brasil, tudo isso em 2021), e ainda apostou na base, vindo no futuro (2022) a mais uma vez recrutar um funcionários do Flamengo.
Vejam, Amigos do Buteco, a Diretoria do Palmeiras não é perfeita. Basta analisar as contratações. O scout de lá não parece ser mais eficiente do que o de cá. Porém, foi na coordenação científica, que trabalha para o treinador, empoderado e com efetivo poder de decisão técnico sobre o elenco, que a diferença começou a se estabelecer a partir da Libertadores/2021. Por lá, a confiança no trabalho do treinador impera e resultados negativos não forçam a troca, assim como pitis e reclamações das estrelas do elenco.
Voltando à final de Montevidéu, vale lembrar que a vitória palestrina começou logo no início do jogo, estabelecendo importante vantagem que levou ao desgaste rubro-negro em busca do empate, em uma jogada ensaiada construída em cima do nosso badalado ex-lateral esquerdo Filipe Luís, o "Mestre das Entrevistas":
A seu turno, o Palmeiras de Abel Ferreira trabalhava com o elenco mais técnico desde a chegada do Luso, com nomes, do meio para frente, como Danilo, Gustavo Scarpa, Raphael Veiga, Dudu e Roni, e com um time-base muito forte. Foi desse modo que, a sua maneira e guardadas as devidas proporções, assim como o Flamengo de Jorge Jesus contra o Liverpool, fez uma honrosa final de Mundial de Clubes contra o Chelsea, e só perdeu o jogo quando a diferença de elenco começou a cobrar a fatura, quando as substituições começaram a ser feitas.
Aquele time do Palmeiras, muito forte e no ponto máximo de competitividade, obrigou o Flamengo vice-campeão da Libertadores e da Supercopa do Brasil/2022 (Atlético Mineiro em Cuiabá) a se superar e fazer um dos seus pouquíssimos jogos em alto nível sob o comando de Paulo Sousa, num belíssimo espetáculo no Maracanã, o qual merecia mais do que o placar de 0x0:
Abel Ferreira, contudo, prestigiado por sua Diretoria, mesmo caindo em ambas as Copas, e seguindo sua regularidade em grandes competições, levou o Palmeiras de maneira segura ao título brasileiro, em cuja campanha o frustrante (para o Flamengo) empate por 1x1 no Allianz Parque (tal qual os 2x0 rubro-negros no Mané Garrincha em 2021/edição de 2020 o fizeram com o próprio Palmeiras) obrigou o Mais Querido a priorizar apenas as Copas:
"O histórico recente, de 2016 para cá, reflete com precisão o que esses dois clubes se tornaram, o Flamengo pós-reestruturação financeira e o Palmeiras também reestruturado fora de campo, mas contando com um moderno estádio próprio, contexto que evidencia o equilíbrio de resultados e títulos, assim como a dificuldade em apontar um favorito para o confronto do próximo sábado.
Esse mesmo histórico, no entanto, dá importantes dicas a respeito do estado anímico do adversário.
Flamengo e Palmeiras, nos últimos 4 anos, dividiram os títulos mais importantes dos cenários brasileiro e sul-americano (com a exceção, no cenário nacional, do Atlético Mineiro e seu calibrado VAR na temporada/2021). Logo no início de fevereiro próximo, o Flamengo terá a oportunidade de disputar o Mundial de Clubes da FIFA, alvo de obsessão palmeirense, mas que resultou em frustração nos anos de 2021 e 2022, com direito a eliminação na semifinal para o Tigres do México, no primeiro caso.
É natural que Abel Ferreira e seus comandados enxerguem no confronto de sábado a oportunidade perfeita para desestabilizar o Flamengo e o início de trabalho de Vítor Pereira no clube. Um título sobre o Flamengo ainda aliviaria a pressão sobre uma Diretoria que vem jogando duro com a cobrança da torcida por reforços.
Como se não bastasse, especialmente no Brasil e por sua imprensa esportiva, o futebol é objeto de frequentes análises intencionalmente distorcidas e direcionadas para a preferência clubística do autor. Não é difícil prever que eventual vitória palmeirense será encarada como a "confirmação" de uma "freguesia" de Vítor Pereira em relação ao compatriota, que o venceu nos três confrontos contra o Corinthians em 2022.
Porém, convenhamos, pouco importa a opinião desse tipo de "profissional". O que "pega" mesmo é a própria torcida do Flamengo. Tentei antecipar alguns cenários no post de duas semanas atrás. Como ninguém em sã consciência apontará algum outro favorito para o Mundial de Clubes que não seja o Real Madrid, é bem fácil perceber como o título da Supercopa pode ajudar Vítor Pereira no início de seu trabalho no Flamengo.
Calejado após 3 anos e meio no clube, Filipe Luís parece ter noção da complexidade do contexto que envolve a disputa dos primeiros títulos de 2023. Vejam essa declaração em entrevista pós-jogo após a vitória de sábado sobre o Nova Iguaçu, pela Taça Guanabara:
- O importante são os movimentos que fizemos no campo, ofensiva e defensivamente. Resultado a gente não controla, a gente controla a forma de jogar. Aproximação, time compacto. É um sistema muito difícil, e precisamos de tempo. Estamos vendo no campo o empenho de todo mundo.
Tempo, justamente o que o Flamengo não possui até sábado e o Mundial. No alto dos meus 53 anos de vida, 47 deles acompanhando futebol e o Mais Querido, não me permito acreditar facilmente em coincidências. O nosso ídolo e veterano atleta rubro-negro, um dos líderes do elenco, transmitiu um recado. Nas entrelinhas, há uma importante mensagem (do elenco) para a torcida, a Diretoria e ao próprio Vítor Pereira. O treinador declarou que não fará mudanças drásticas, mas a rigor, bem nos lembramos de que Domènec Torrent disse o mesmo. Consta que Mister VP pediu reforços e dentre eles um ponta direita, e ao menos por enquanto o que recebeu foi a saída de Rodinei e a permanência de Marinho.
Certamente dirão que não deu tempo.
Tempo, esse danado, justamente o fator que favorece o Palmeiras. Há mais de 3 (três) anos no comando técnico do time, Abel Ferreira tem o elenco nas mãos. Se é verdade que o time titular sofreu duas baixas importantes no meio de campo, o setor já conta com o retorno de Raphael Veiga, camisa 10 e protagonista nos títulos recentes palmeirenses. E há também o reforço do esfuziante Endrick no ataque. O exemplo de Vinícius Júnior em 2018 é recente para a torcida do Flamengo, que bem sabe o que um talento desse naipe pode produzir dentro das quatro linhas.
Dá para cravar um favorito? A meu ver, não. Palmeiras 0x0 São Bento foi o Madureira 0x0 Flamengo das bandas do Tietê. Todavia, se houver um mais cotado para sábado, dessa vez acho que não deverá ser o Flamengo."
O resultado todos nós conhecemos:
Entretanto, Abel não tinha com o que se preocupar, já que esse Palmeiras tem a grande sorte de ter como rival o Flamengo do Sossego, da Diretoria Rodolfo Landim e Marcos Braz, e por isso se alimenta de suas desventuras, como a pipocada nos quatro últimos jogos, logo após esses 3x0.
A verdade é que, sem ser brilhante (longe disso), mas apenas mais séria, a Diretoria palmeirense sobrevive, desde 2021, das nossas trocas frenéticas de treinador, das temporadas (especialmente de 2023) mal planejadas, da recusa em renovar o elenco como deveria, da falta de reforços para os treinadores estrangeiros, do empoderamento descontrolado e abusivo dos atletas, especialmente da (Des) Generação 2019, cenário que na grande maioria das vezes culminou com escalações inaceitáveis em momentos decisivos.
As subsituições inexplicáveis de Tite, que levaram o Grêmio a virar o jogo na Arena, em Porto Alegre, na 29ª Rodada, e a escalação contra o Atlético Mineiro, no Maracanã, pela 36ª Rodada, nada mais são do que as versões mais recentes da bizarra escalação de Vitor Pereira na finalíssima do Estadual e das não menos absurdas decisões de Jorge Sampaoli em Assunção e escalações na semana do início da decisão da Copa do Brasil (Athletico/PR, em Cariacica, e São Paulo, no Maracanã).
Tudo isso é reflexo do Flamengo do Sossego, dos dirigentes misturados com as celebridades que se acham mais importantes do que os interesses da instituição e que, em razão disso, fazem um grande favor por vestirem o Manto Sagrado. Assim, na condição de credores, merecem devoção incondicional e acrítica por parte da torcida, o que ainda justifica a falta de autonomia dos treinadores nas escalações.
No final, por conta de tudo isso, um Palmeiras minimamente regular, longe de ser brilhante, porém bem mais sério, mais uma vez levou a melhor sobre o Flamengo em um momento decisivo, tônica do que vem acontecendo desde o final de 2021.
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Infelizmente, foi uma viagem que começou com boas lembranças e terminou com a amargura da realidade presente. Chegou a hora de desembarcar.
A palavra está com vocês.
Boa semana e SRN a tod@s.