O ocorrido, todos sabem.
Os reflexos, vêm sendo amplamente especulados em absolutamente todas as direções. Faz muito tempo que não via o buteco tão movimentado.
Cahê Mota foi feliz ao declarar: “Um soco com a força de mudar o rumo da temporada do Flamengo.”
Pedro optou, mais uma vez, pelo embate. Por usar a mídia ao seu interesse pessoal. Em sua nota deixou claro: “A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas.” Infeliz ao optar pelo enigma, mal assessorado por soltar uma declaração de tal grandeza antes mesmo de fazer o óbvio e comunicar ao clube o ocorrido, e às autoridades, por que não?
A mensagem teria outro impacto se fosse feita após a ida a delegacia, o registro do boletim.
Não deixaria de ser uma bomba, entretanto, os danos poderiam até mesmo ser calculados e mitigados.
Voltando à frase central da nota, em suas livres interpretações, jornalistas e torcedores interpretaram como assédio, reportagens usaram a expressão: “Vêm sendo minado”, contudo, o a tal “covardia psicológica”, que até o momento em que o próprio atleta explique do que se trata, é um conceito pra lá de abstrato.
Supondo que o termo debatido fale, portanto, da decisão de ser preterido, no elenco. Vamos adiante.
Afinal, o Pedro tem razão ao falar que vem sendo minado pela comissão técnica?
É importante, enfim, analisar jogo a jogo, o trabalho do Sampaoli e o desempenho de Pedro e Gabriel, seu concorrente direto. E isso não se trata de uma comparação entre os dois, o que vos fala está tentando se vestir de imparcialidade no momento. É apenas uma forma de avaliar o tratamento dado pela comissão do Sampaoli aos dois.
Analisando os 27 jogos sob o comando do argentino no Mais Querido, consegui identificar três períodos distintos no que se refere ao tratamento com Pedro e Gabriel:
Período I: Abril - Maio
Aqui, vemos que os camisas 9 e 10 jogaram juntos todos os jogos que isso era possível.
Sampaoli ainda se encontrando, temos nessa lista um monte de jogos ruins, com um time que criava pouco e uma zaga onde muita gente entrou fazendo fila.
Destaque: Fluminense 0 x 0 Flamengo foi o primeiro jogo realmente bom do Jorge não-Jesus. Pedro, lesionado, não estava lá.
A princípio, tratamento igual aos dois.
Período II: Hora da Onça beber água (palavras do Gustavo)
Entrando em junho, vieram os primeiros jogos decisivos. A volta com o Fluminense na CDB, um jogo de vitória obrigatória contra o Racing, recheado por um Vasco que tinha prometido que não teria desigualdade financeira nunca mais (rs.)
Por coincidência ou não, nesse segundo trecho do calendário, não foram titulares juntos NENHUMA vez se intercalaram com frequencia. O time subiu de produção gradativamente, e respondeu bem a todos os desafios (Com exceção do Bragantino).
Periodo III: ????
O Pedro simplesmente foi arquivado.
5 partidas, sendo 3 delas de grande apelo, e 28 minutos jogados.
Alguma coisa mudou. E aqui não vou entrar em especulação. O time seguiu jogando bem e derrubando cada obstáculo com maestria, mas certamente a relação Pedro - comissão técnica teve alguma ruptura anterior ao vestiário da Arena Independência.
Enquanto isso, o Gabigol foi o evento do jogo comendo um OVNI da torcida rubro negra do Paraguai do Leste, e depois participando ativamente do melhor jogo da era Sampaoli até aqui, em Porto Alegre.
Em desempenho, temos o seguinte comparativo (RECORTE ERA SAMPAOLI):
Em que pese que o Pedro guardou 4 gols no possante Maringá, e tenha menos valor aos gols dele, os números são equilibrados.
Por esse lado, podemos concluir que não foi desempenho que fez o Queixada ser esquecido de Julho pra cá. Com ele em campo, ou com Gabriel em campo, o número de gols do time hoje em dia, pouco muda. Muda, sem dúvida, a forma de jogar.
Passemos, portanto, ao jogo coletivo.
Para lembrar como o time se comportou com o Pedro em campo, precisamos retornar ao Periodo II da análise.
Os jogos com Pedro em campo foram:
Vasco da Gama 1 - 4 Flamengo
Red Bull Bragantino 4 - 0 Flamengo
Flamengo 4 - 0 Aucas
Flamengo 2 - 1 Athletico-PR
Palmeiras 1 - 1 Flamengo
Temos um jogo tenebroso contra o Bragantino, o pior do Flamengo em muitos anos.
Um jogo pra cumprir tabela contra o pobre Aucas, que ganhamos ao natural.
A goleada sobre o fraco Vasco, que resolveu vir com três zagueiros para evitar a goleada, o que convenhamos não serve muito de parâmetro.
O jogo de ida contra o Ventoinha, onde o Flamengo jogou bem no segundo tempo e buscou a virada, nos pés de Arrascaeta (que sofreu o penalti do primeiro gol, e cruzou a bola pro BH fazer o segundo). Pedro ajudou a afundar a zaga do CAP dentro da própria area, e fez um pivô aqui e ali, podia ter sido melhor, sem dúvida.
E um jogo contra o Palmeiras de pouca mobilização. No segundo tempo, só melhoramos quando (de novo ele) Arrascaeta decidiu que o Palmeiras não podia ganhar.
O time hoje, sem dúvida joga mais. Arrisco dizer que nem mesmo é necessário analisar o time com o Gabriel em campo, afinal as partidas contra o Grêmio e contra o Atlético - MG estão frescas em nossa memória.
Mas joga melhor o suficiente para que o Pedro sequer seja opção?
Contra o Galo, no sábado, quando o Atlético chamou o Flamengo pro próprio campo?
Ou contra o Grêmio, quando tinha um a mais e podia matar o confronto?
Para concluir, é importante ressaltar:
A impressão que o Pedro (e obviamente seu staff) passam é que eles pensam: “Qual é a pior maneira de lidar com esse impasse?”, é essa mesmo! Vamos por ai!
Espaço se conquista no campo. E na cabeça do treinador.
A palavra, sem dúvida, é de vocês.
Hiago Faria