segunda-feira, 17 de julho de 2023

Alertas Rubro-Negros. E um Sopro de Corneta.

Salve, Buteco! O primeiro tempo do Fla-Flu de ontem evidenciou a repetição da estratégia rubro-negra utilizada no primeiro jogo entre as equipes pelas oitavas de final da Copa do Brasil (0x0). O Flamengo começou a partida marcando por pressão, com as linhas altas, a saída de bola tricolor. Porém, apesar de conseguir acuar o adversário em seu próprio campo, neutralizando todas as suas tentativas de chegar ao ataque, poucas chances de gol foram efetivamente criadas.

A primeira delas foi uma finalização da entrada da área por Gabriel Barbosa, aos 10 minutos de jogo, com a bola passando rente à trave esquerda de Fábio. A dinâmica do jogo persistiu até que o Fluminense conseguiu criar a sua primeira chance de gol, aos 22 minutos, quando Ganso, livrando-se da marcação de Cebolinha, cruzou para Cano, que com um rápido movimento se desvencilhou do nosso miolo de zaga, mas não conseguiu encaixar o cabeceio, jogando a bola para fora. 

Apesar do domínio territorial, o Flamengo só conseguiu finalizar novamente ao gol adversário com Arrascaeta, girando e batendo de esquerda, dentro da grande área, porém o chute saiu sem muita potência e foi facilmente defendido pelo arqueiro tricolor, na altura dos 25 minutos.

O sistema tático estava lá, organizado e razoavelmente executado pelo time, porém sem qualquer brilho individual por parte dos nossos jogadores.

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Com 180 (cento e oitenta) minutos jogados a mais do que o Fluminense nas últimas partidas, com direito ao Palmeiras entre as duas partidas pelas quartas de final da Copa do Brasil, totalizando três confrontos seguidos em gramado sintético, era de se esperar que o time, ao contrário daquele 0x0, não conseguisse executar o plano de jogo por 90 minutos, devido ao cansaço provocado pelo desgaste.

Neste ponto, acho que o nosso treinador argentino demorou a mexer e renovar o fôlego da equipe. Não foi à toa, portanto, que o Fluminense ganhou volume de jogo e passou a dominar as ações, dando a impressão de que abriria o placar a qualquer momento. A pressão tricolor era tão forte que gerou três finalizações a gol entre os 9 e 13 minutos de jogo, primeiro com Lelê e depois, duas vezes, com Jhon Arias, o segundo deles o gol anulado após intervenção do VAR.

A blitz continuou e o Fluminense desperdiçou oportunidades com Lelê, Arias e Cano, sempre com Matheus Cunha bem posicionado e evitando o gol tricolor. O ápice, contudo, ocorreu na milagrosa defesa com os pés após o cabeceio de Nino à queima-roupa, dentro da pequena área, na altura da trave direita, aos 39 minutos de jogo.

Logo depois, aos 42 minutos, após resistir ao forte bombardeio tricolor, o Mais Querido marcou o que seria o gol da vitória com um potente e colocado chute de Gabriel Barbosa, na altura da meia-lua da área. Contudo, o VAR novamente interveio, e a partir de então teve pouco jogo e muita confusão. 

O Mais Querido ainda finalizaria com perigo por uma derradeira oportunidade, mas Fábio, novamente bem colocado, defendeu em dois tempos.

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Sobre a arbitragem, acho que houve pênalti em Arrascaeta e muito exagero no cartão amarelo aplicado em Germán Cano, no primeiro tempo. Na etapa final, vi dupla irregularidade no gol anulado do Fluminense - falta de Filipe Luís (acho que sobre Lelê) e falta sobre Cebolinha, cometida por André. Não haveria sentido em dar vantagem para o adversário por conta da falta sofrida pelo nosso atacante. Logo, o gol me pareceu bem anulado.

Foi absurda e covardemente compensatória a falta marcada de Pablo sobre Cano. O Flamengo, apesar de ter sido envolvido no segundo tempo, só não venceu por conta do VAR, que ainda errou na revisão do cartão aplicado a Luís Araújo, o qual deveria ter recebido só o amarelo, já que a torção do tornozelo de Marcelo foi puramente acidental. A expulsão, portanto, foi exagerada.

Como disse o jornalista Mauro Cézar Pereira neste tuite, a arbitragem foi do VAR e o árbitro de campo apenas um mero assistente.

Vamos agora aos alertas anunciados no título do post.

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O primeiro alerta é que o jogo de ontem demonstrou, sem qualquer margem a dúvida, que sem reforços não será possível disputar com a mesma prioridade as três competições. A maratona é uma realidade e o sistema de jogo do treinador exige a chamada "contundência", que não tem como ser executada "à meia boca", com os jogadores cansados na etapa final.

Sem peças que possam dar opções a jogadores como o craque, mas veterano Everton Ribeiro, aumentarão os riscos de lesão (segundo alerta). E a entrevista pós-jogo do treinador deixou claro o que ele entende ser a prioridade nas contratações: um "volante-meia" que possa executar o que Arturo Vidal já não conseguia (ou talvez jamais tenha conseguido com regularidade) no Flamengo.

A Diretoria, contudo, parece dar prioridade à complicada e vultosa negociação com Claudinho, do Zenit da Rússia, deixando um eventual acerto com Nicolas De La Cruz, do River Plate (a prioridade do treinador), em segundo plano. Pode ser que exista uma dissociação entre o que pensa o Vice-Presidente de Futebol e o treinador em nível de prioridade, só que quem traça as estratégias de jogo é o treinador e não o dirigente (terceiro alerta).

Neste ponto, a par da importante (e aparente) diferença de opiniões, a falta de reforços gera em relação ao treinador, que aceitou o cargo sabendo do contexto que encontraria devido ao perfil do VP de Futebol, a obrigação de encontrar soluções para tornar o time competitivo quando não consegue executar a sua principal estratégia de jogo (quarto alerta). 

É claro que nem todos os adversários têm a qualidade e o peso do Fluminense, inclusive no quesito rivalidade. Contudo, especialmente o primeiro tempo contra o Palmeiras e o segundo tempo de ontem mostram que, enquanto os reforços de maior peso não chegam (se é que chegarão), o time precisa evoluir (quinto alerta).

Comparando com o adversário de ontem e pensando em um virtual confronto pelas quartas de final da Libertadores da América, nota-se que os jogadores tricolores, que atuam juntos há bastante tempo e pelo menos há um ano com o mesmo treinador, jogam "por música" e conseguem antecipar os movimentos um do outro (sexto alerta).

Já os nossos atletas, que individualmente possuem maior qualidade, e talvez atuem até há mais tempo juntos, passaram por diversas trocas de comando, em maior número do que as tricolores, e por isso correm contra o tempo, a maratona e o calendário para assimilar o sistema de jogo do treinador e evoluir na construção das jogadas ofensivas (sétimo alerta).

Quando os reforços chegarem, pode ser que já seja tarde para disputar o título brasileiro. Tomara que não aconteça o mesmo com uma das copas (oitavo alerta).

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Chega de alertas. Vamos a um sopro de corneta.

Fala-se em viagem dos nossos dirigentes à Rússia para tentar fechar com Claudinho. É claro que o considero um grande jogador, "superlativo", conforme as palavras de Sampaoli, porém acredito que, hoje, o time precise mais de Nicolas De La Cruz, o qual, na minha opinião, deveria ser a prioridade, até para acelerar a evolução do sistema de jogo do treinador, o qual, pelo jeito, não pode escalar todos os jogadores do elenco, já que pelo menos um deles parece estar em uma espécie de "redoma pré-negociação" (Matheus França).

O que os amigos pensam a respeito?

A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom die SRa tod@s.