segunda-feira, 26 de junho de 2023

Imbróglio


Imbróglio
substantivo masculino
INFORMAL
  1. 1.
    estado de grande confusão; situação difícil; mal-entendido.

Salve, Buteco! Quinta-feira foi uma das noites mais surpreendentes da minha vida de torcedor. Não apenas pela acachapante goleada sofrida para o Bragantino, a qual "veio do nada" e não se resumiu ao placar de 0x4, mas sobretudo pelas estatísticas demonstrando que a catástrofe poderia ter sido muito, muito maior.

A crise entre elenco e Diretoria é cada vez mais notória. Entre setoristas e torcedores, acredito que ninguém mais negue que existe uma "bola dividida" a qual, no meu entender, está longe de se dar por conta do treinador da vez, já que cuida-se de uma mera repetição do que já aconteceu com Domènec Torrent, Paulo Sousa e Vítor Pereira.

Minha leitura de cenário é que o perfil de treinador europeu, com filosofia de jogo de posição ou a ela assemelhada, parte muito mais do presidente Rodolfo Landim do que do vice-presidente de futebol Marcos Braz, mas mesmo que não seja o caso, ou seja, que haja consenso entre ambos em torno desse perfil, é profundamente contraditório esperar que a filosofia seja implantada com o perfil de gestão do vice-presidente de futebol.

Estamos falando de um dirigente que, basicamente, é conhecido por "transitar no meio" ou "ser do meio", misturando-se com os jogadores em relações de amizade e angariando capital político, tanto internamente, no clube, quanto na política partidária, em eleições para o Poder Legislativo. Nada disso se aproxima remotamente da filosofia europeia de gestão profissional de futebol. Como então alguém pode achar que dará certo a mistura desses dois mundos?

As dificuldades começam pelo simples fato de nossa cultura de jogar futebol ser profundamente diferente da europeia, a ponto de os jogadores brasileiros que atuaram por muitos anos na Europa não se interessarem em implantar ideias aprendidas por lá, mas apenas em angariar status de europeu trabalhando à brasileira. 

É o tal negócio: ter jogado na Europa é muito conveniente em negociações de contrato, mas somente até a assinatura, após a qual é bem mais confortável a boa e velha boleiragem paneleira à brasileira. Logo, é simplesmente impossível implantar uma filosofia tão discrepante sem que o ambiente seja 100% favorável, o que exige completa profissionalização do setor, inclusive com total respaldo ao treinador, e não sua gestão por um amador.

Tudo piora com a horripilante fase das maiores estrelas do elenco, talvez não por coincidência justamente os jogadores mais próximos do vice-presidente de futebol, o responsável (com todo o mérito) por sua chegada ao clube em 2019: Gabriel Barbosa e Giorgian De Arrascaeta.

Hoje em dia, permito-me perguntar se a relação de custo x benefício de ambos ainda é proveitosa para o Flamengo (a do dirigente tenho certeza de que não é). Nenhum dos dois jogou absolutamente nada na temporada em curso e somente os fãs alucinadamente apaixonados ainda enxergam, sem qualquer ressalva, a motivação necessária e exigida para conquistar todas as maiores competições disputadas pelo clube. Antes demonstrassem o mesmo entusiasmo que exibem nas noites cariocas...

Desconfio que a crise atual seja mais delicada do que qualquer outra pela qual o futebol do clube atravessou desde 2019. É que, dessa vez, as duas maiores estrelas do elenco, umbilicalmente ligadas ao vice-presidente de futebol, transparecem estar insatisfeitas com o treinador escolhido pelo presidente, cuja multa rescisória, dizem, bate em torno de R$ 30 milhões.

Quarta-feira tem jogo. Perigoso. Fundamental para o resto do ano do clube.

Espero que os profissionais mais bem remunerados das três américas assumam sua responsabilidade e levem o Flamengo para as oitavas de final da Libertadores.

Não é pedir muito. Na verdade, é bem mais do que obrigação.

A palavra está com vocês.

Bom die SRa tod@s.