sábado, 3 de junho de 2023

Ecos de um Fla-Flu (1/6/2023)

Salve, Buteco! Minha maior preocupação com esse Fla-Flu próximo-passado era com a História. A recente, de completa desmobilização rubro-negra e resultados desfavoráveis, um deles historicamente vexatório (goleada por 1x4 na finalíssima do Carioca/2023), e a que seria feita no presente e ser lembrada no futuro - num clássico de pouquíssimos confrontos eliminatórios por competições oficiais internacionais, mas nenhum deles realmente expressivo, e, até o 0x0 pelo jogo de ida da Copa do Brasil/2023, absolutamente nenhum por competições nacionais, o Fluminense chegou para o Fla-Flu de quinta-feira, 1º de junho de 2023, como uma espécie de "favorito tático" para vencer pela primeira vez o Flamengo nesse contexto.

Isso se deve à excelência do trabalho de Fernando Diniz à frente do clube mais aristocrático do Brasil. Lembro que não é a primeira vez que o elogio. Em 2020, entre as duas primeiras derrotas para o São Paulo, escrevi dois posts (1 e 2) no qual enalteci suas qualidades. Gostaria de desenvolver um pouquinho esse assunto.

Fernando Diniz é uma grande novidade no mundo da tática, mas temo que jamais venha a ser reconhecido como tal, a não ser que dirija Flamengo ou Palmeiras no futebol brasileiro, pois só assim conseguirá conquistar os títulos mais relevantes. 

Enquanto treinadores posicionais encontram, nas cada vez mais numerosas academias do mundo, toneladas de material inspirado em ícones como Rinnus Michels, Johann Cruijff, Marcelo Bielsa e Pep Guardiola, Diniz é quase um Dom Quixote de la Mancha, um exército de um homem só, tentando salvar o estilo mais brasileiro de se jogar futebol.

Percebam o quanto é difícil e até heroica a cruzada solitária do nosso compatriota. Diniz é a sua própria academia. 

Comecei a ler algumas análises apontando coincidências em trabalhos anteriores do treinador, como se tivesse um prazo de validade, após o qual aspectos deletérios, como sua própria personalidade, contaminariam o ambiente de trabalho e a sequência de resultados.

O ideal seria não tirar conclusões precipitadas. Quantas vezes Fernando Diniz disputou como favorito as três maiores competições do calendário? E qual foi a última vez que o Fluminense enfrentou esse mesmo contexto? Diante do dificílimo e solitário contexto que envolve o desenvolvimento da carreira do brasileiro, convém esperar. E observar com atenção.

No frigir dos ovos, pouquíssimos são os clubes que, a cada temporada, sobrevivem ao impiedoso calendário do futebol brasileiro.

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Elogiar Fernando Diniz não significa depreciar Jorge Sampaoli. Tudo na vida é contexto, Amigos. O Careca pegou o time, há cerca de um mês e meio, com o clube em profunda crise, ainda pior do que a que o queridíssimo Dorival Júnior herdou em 2022. Enfrentou um adversário com trabalho consolidado, mas que talvez esteja vivendo um momento de baixa, momento de baixa esse que, como bem me puxa a orelha o Bitts (@bittencourt23) no primeiro comentário a esse post, pode ter começado justamente no primeiro jogo desse confronto, o 0x0 no qual o Careca pode ter mostrado ao Brasil e ao continente uma forma de enfrentar a "Suposta Máquina Tricolor". 

Contextos. O sucesso do Careca não retira o mérito do adversário. É possível elogiar Fernando Diniz, Jorge Sampaoli e Dorival Júnior sem agredir os fatos e a lógica. 

Comentei com amigos (e acho que aqui no Blog também) que assisti a Fenerbahçe 1x0 Sevilla (16/3/2023), jogo de volta (ida, Sevilla 2x0) pelas oitavas de final Liga Europa, e vi em campo o escrete espanhol jogando uma partida bastante pragmática, com poucas ações ofensivas, porém neutralizando o ataque turco, comandado fora das quatro linhas pelo Mister Jorge Jesus, durante quase todos os 90 minutos.

Apesar de não ter gostado do Flamengo no primeiro tempo do jogo da última quinta-feira, enxerguei o mesmo padrão em um jogo de copa no qual o adversário estava com mais posse de bola e tentando ficar à frente do placar. Em seu mês e meio à frente do time, o Careca parece estar no caminho de dar ao time algo que só com Jorge Jesus havia conseguido fazer nos últimos anos - defender bem com linhas baixas.

Além disso, a estratégia careca inegavelmente prevaleceu: o Flamengo engoliu fisicamente o Fluminense no segundo tempo, como pontuou o meu amigo Adriano Melo em mais uma aguda observação. Será que a "insana" carga de treinamentos (inclusive físicos) está conseguindo superar o problema da falta de pré-temporada?

O futebol é mesmo muito rico e imprevisível. Talvez defender em linhas baixas fosse a última característica que qualquer analista tático ou torcedor fosse apostar que o argentino desenvolveria desde logo no time; porém, é inegável que está acontecendo, ao lado da melhora na parte física, e, por seu efeito pragmático, pode significar a sobrevivência do treinador e do Flamengo na temporada.

Até porque, Amigos, antes do Sevilla o Careca dirigiu um bom e eficiente Olympique de Marseille com as suas feições. O seu melhor ainda está por vir (e confio muito que virá).

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Mais uma vez, a Nação Rubro-Negra carregou o time para a vitória em um dificílimo e adverso cenário. O desempenho do Flamengo, até aqui, na temporada/2023, repete crises já vividas, principalmente, em 2020 e 2022, mas também em 2021, e reflete seríssimos problemas de gestão no Departamento de Futebol.

A Diretoria acertou na contratação de um treinador com currículo e qualidade para enfrentar o cenário, ainda que a sua destemida personalidade, em alguns momentos, deixe-nos perplexos com alguns riscos assumidos.

O Flamengo dará a volta por cima e levantará ao menos um dos grandes títulos em disputa no segundo semestre. Contudo, o problema de gestão continua, até porque os gestores permanecem sendo os mesmos.

Resta-nos torcer para que, até o final da gestão Landim, não chegue a temporada em que a crise não terá volta.

A palavra está com vocês.

Bom sábado e SRN a tod@s.