Saudações flamengas a todos,
Único comentário a ser feito
sobre o ocorrido na quinta-feira é que restou mais uma vez demonstrado que o
suposto “outro patamar” DESTE elenco não mais passa de falácia e que Guayaquil
2022 terá sido sua “última dança”.
Isto posto, segue mais um
capítulo da série “Caminhos da Bola”. Dessa vez, com jogadores do Santos. Aliás,
daqui a algum tempo essa lista poderá ser vigorosamente encorpada.
SÉRIE “CAMINHOS DA
BOLA”
VIII
FLAMENGO - SANTOS
PARÁ (2015-2019)
Revelado pelo Santo André,
integra o plantel que conquista a Copa do Brasil 2004. Anos depois,
transfere-se para o Santos, onde se firma como titular absoluto da equipe que,
entre outros títulos, ganha a Libertadores 2011. Ironicamente, seu caminho
começa a se cruzar com o do Flamengo quando, em 2009, marca um gol contra no
jogo que marca o fim de longo jejum rubro-negro sem vitórias na Vila Belmiro
(2-1). Após boa passagem pelo Grêmio, Pará chega ao Flamengo, que o traz para
repor a saída de Leonardo Moura. No entanto, desde o início Pará se mostra um
lateral-direito esforçado, aplicado taticamente, mas com severas limitações
técnicas e mesmo defensivas. Mesmo assim, o Flamengo o contrata em definitivo,
em troca de antiga dívida do Grêmio com o clube, o que irrita a torcida. Em
2016, com Zé Ricardo, vive seu melhor momento, mesmo com a contratação de
Rodinei. Mas jamais consegue convencer plenamente (o hábito de marcar gols
contra as próprias redes é especialmente enervante), e suas limitações se
tornam mais evidentes com o aumento gradual do nível técnico do elenco
flamengo. Em 2019, é expulso no jogo crucial contra o Peñarol-URU, quase
complicando a sofrida classificação rubro-negra na Primeira Fase da
Libertadores. Pouco depois, acerta seu retorno ao Santos. Hoje está sem clube,
após ter defendido a Portuguesa-SP.
GUSTAVO HENRIQUE (2020-2022)
Zagueiro sólido e especialista em
bolas altas (faz muitos gols de cabeça, sendo arma ofensiva mortal), embora um
tanto lento, projeta-se no Santos, onde estreia como profissional em 2013.
Integra uma geração talentosa que, sob Dorival Júnior, chega ao Vice-Campeonato
da Copa do Brasil 2015 e conquista dois Estaduais. No entanto, sofre com
crônicos problemas de joelho, que causam longos períodos de inatividade, o que
inviabiliza uma transferência para a Europa. Em 2020, não renova o contrato com
o Santos e vai defender o Flamengo. Seu início, com Jorge Jesus, é positivo,
participando da rotação do elenco e contribuindo com boas atuações e até gols.
Mas, após a saída do “Mister”, sofre com esquemas defensivamente frágeis e
começa a falhar sistematicamente, como no empate com o Racing-ARG que elimina o
Flamengo da Libertadores 2020 e, particularmente, na derrota para o São Paulo
no Maracanã pelo Brasileiro 2020, o que o faz ser perseguido e hostilizado pela
torcida. Em 2021 dá a volta por cima, exibindo mais segurança e chegando a se
firmar como titular. Marca contra a LDU-EQU, nos descontos, o gol que
classifica o Flamengo para a Segunda Fase da Libertadores 2021. No entanto,
volta a conviver com lesões no início do ano seguinte e, com as contratações de
Fabrício Bruno e Pablo, é negociado com o Fenerbahçe-TUR, clube que atualmente
defende.
MÁRCIO ROSSINI (1989)
Destaca-se no Marília, chegando
ao Santos em 1980. Após início irregular, Márcio Rossini se firma na zaga
praiana, exibindo um futebol de alguma técnica, mas particularmente vigoroso e
físico, por vezes até violento. Vive seu grande momento em 1983, quando ganha
uma Bola de Prata pelo Brasileiro (em que o Santos chega ao Vice-Campeonato) e se
torna titular da Seleção Brasileira de Carlos Alberto Parreira (escolha que faz
muitos torcerem o nariz). Em 1989, após defender o Bangu, Márcio chega ao
Flamengo por indicação de Telê Santana, buscando repor as saídas de Aldair e Zé
Carlos II, negociados com o futebol europeu. Seu estilo físico não convence a
torcida rubro-negra, acostumada com jogadores mais técnicos, mas ainda assim
Márcio Rossini segue como titular no início do Brasileiro, no esquema de três
zagueiros que Telê tenta implantar. Com a queda do treinador e a chegada de
Valdir Espinoza, o defensor perde espaço, sendo poucas vezes utilizado. No
início de 1990, volta para o Santos. Encerra a carreira em 1995 no mesmo
Marília onde deu seus primeiros passos.
MARCOS ASSUNÇÃO (1998)
Em 1996 desembarca na Vila
Belmiro, após ser revelado pelo Rio Branco-SP. Seu futebol técnico, de um chute
venenoso e impressionante precisão em cobranças de falta (chega a marcar três
num só jogo, um 3-3 contra o Bahia, em 1998) o tornam um dos principais
talentos emergentes do futebol brasileiro, o que lhe rende uma convocação à
Seleção Brasileira. No entanto, muito jovem, começa a oscilar e, em meados de
1998, é emprestado ao Flamengo, numa troca que também envolve a ida do atacante
Caio para a Gávea e a cessão, ao Santos, de Athirson e Lúcio. A fama de
indolente inicialmente causa desconfiança, mas Marcos Assunção se firma
rapidamente no rubro-negro, mostrando uma qualidade técnica não muito comum nos
meias do Flamengo da época. Titular absoluto, é um dos poucos a serem
preservados pela torcida em um ano particularmente ruim. Na arrancada final do
Brasileiro 1998, em que o Flamengo quase consegue uma milagrosa classificação
aos matamatas, marca um belo gol de falta, que abre o caminho para a goleada
histórica sobre o badalado Corinthians de Luxemburgo (4-1). No final do ano, o
Flamengo tenta mantê-lo, sem êxito, e Marcos Assunção é devolvido ao Santos,
sendo logo depois negociado com a Roma-ITA. Em 2016, após rodar por vários
clubes (com algumas passagens marcantes, como no Palmeiras), encerra a
carreira.
ELANO (2014)
Estreia nos profissionais do
Santos em 2001, após ser revelado no interior paulista. Meia intenso, de grande
fôlego e um chute potente, explode na campanha do título brasileiro de 2002,
que o Santos conquista de forma surpreendente. Em 2005 (após ganhar outro
Brasileiro, no ano anterior), transfere-se para a Europa, onde é relativamente
bem-sucedido. No entanto, em 2011 resolve voltar ao Brasil, sendo repatriado
pelo Santos, onde faz parte do time que ganha a Libertadores. No entanto, a
séria lesão sofrida na Copa do Mundo 2010 (em que jogava como titular) demarca
o início de seu declínio, e em 2012 Elano é transferido para o Grêmio. No
início de 2014, o Flamengo, buscando qualificar seu plantel para a
Libertadores, traz o jogador por empréstimo junto aos gaúchos. Mas Elano, após
um início até razoável (marca belo gol de falta nos 3-1 sobre o Emelec-EQU),
não consegue manter uma sequência aceitável de jogos, minado por nítida limitação
física, e começa a ser perseguido pela torcida, indignada pela eliminação no
torneio continental e pelo início vexatório no Brasileiro. Precisando abrir
espaço na folha para reforçar o elenco, a Diretoria do Flamengo antecipa a
devolução de Elano ao Grêmio, ainda em 2014. Em 2016, após retornar novamente
ao Santos, encerra a carreira.
CLÉBER SANTANA (2012-2013)
Após se destacar no Sport e no
Vitória, chega ao Santos em 2006, egresso do futebol japonês. Meia elegante, de
toque refinado e grande facilidade em marcar gols, não demora a agradar a
torcida praiana, de quem se torna ídolo ao marcar o gol do título estadual,
quebrando longo jejum. No ano seguinte, além de conquistar o Bicampeonato,
ainda é o destaque da competição, o que lhe rende uma transferência para o
Atlético Madrid-ESP. Em 2012, o Flamengo, vivendo um momento de caos político e
correndo risco de rebaixamento, acerta a vinda de um pacote de reforços,
trazendo Cléber Santana do Avaí, numa transação que também envolve a vinda do
zagueiro Renato Santos. A contratação já se mostra acertada na estreia, em que
Cléber Santana marca um gol em difícil vitória (2-1) sobre o Atlético-GO, no
Serra Dourada. O Flamengo escapa do descenso com relativa tranquilidade, mas o
turbulento início de 2013, com várias trocas de treinadores, impede que Cléber
mantenha uma sequência regular de atuações. A Diretoria, diante da
instabilidade do jogador, propõe sua devolução ao Avaí em troca de uma dívida
com os catarinenses, que aceitam o negócio. Em 2016, é uma das vítimas fatais
do acidente aéreo em que estava o elenco da Chapecoense, clube em que voltava a
mostrar bom futebol.
ALAN PATRICK (2015-2016)
Meia extremamente técnico e
habilidoso, embora não muito intenso, é considerado o “novo Ganso” quando
estreia pelo Santos, em 2009. Permanece no alvinegro até 2011, fazendo parte de
diversas conquistas no período, entre elas uma Libertadores, sendo negociado
com o Shakhtar Donetsk-UCR. No entanto, a difícil adaptação inicial faz com que
Alan Patrick seja emprestado a alguns clubes brasileiros, entre eles o
Palmeiras, em 2015. No entanto, o mau rendimento no alviverde faz com que o
meia tenha seu empréstimo repassado ao Flamengo, junto com o lateral Ayrton, em
troca do atacante Alecsandro. No rubro-negro, o meia encaixa-se muito bem,
entregando um nível de qualidade do qual o time se ressentia, e suas atuações
ajudam o Flamengo a chegar a flertar com o G-4 do Brasileiro 2015. No entanto,
o time cai de produção, e o caso do “Bonde da Stella”, em que Alan Patrick está
envolvido, sepulta qualquer perspectiva de uma temporada melancólica. No ano
seguinte, após ficar praticamente fora dos planos, Alan Patrick se recupera com
a chegada de Zé Ricardo e se mostra um reserva útil, contribuindo com boas
atuações na campanha que leva o Flamengo de volta à Libertadores. No início de
2017, o Flamengo chega a considerar permanecer com o jogador, mas o Shakhtar
exige seu retorno. Atualmente defende o Internacional.
DIEGO (2016-2022)
Meia muito talentoso, capaz de
encaixar passes cortantes, com extrema facilidade para finalizar e ainda apto a
exercer funções defensivas, consolida-se como titular em 2002, num Brasileiro
que seria utilizado para a montagem de um time de jovens, mas que encaixa tão
bem que o Santos acaba conquistando o título. Diego ainda permanece no Santos
até 2004, quando sai no meio da temporada e de um Brasileiro que o alvinegro
novamente ganha, indo atuar no Porto-POR. Em 2016, o Flamengo deseja contratar
um nome de peso para dar continuidade ao processo de fortalecimento de seu
plantel, e enxerga ótima oportunidade em Diego, que deseja voltar ao Brasil
após sólida trajetória em campos europeus. Depois de tensa negociação com o
Fenerbahçe-TUR, Diego chega ao Flamengo e no desembarque é ovacionado pela
torcida. E já estreia com grande atuação, marcando um gol na vitória sobre o
Grêmio (2-0), em Brasília. Como esperado, a chegada de Diego qualifica
vertiginosamente a equipe, que chega a brigar pelo título do Brasileiro 2016.
No entanto, no início de 2017, quando vive fase deslumbrante, sofre séria lesão
no joelho contra o Atlético-PR pela Libertadores, que o alija do restante do
torneio continental (lesão que muitos consideram ter sido fator decisivo para a
eliminação rubro-negra). e da reta final do Estadual, ganho pelo Flamengo. No
entanto, o time não consegue conquistar mais nenhum título no ano, e Diego é um
dos responsabilizados pelos fracassos, após perder pênaltis em jogos
importantes (2-2 Palmeiras pelo Brasileiro, e na Final da Copa do Brasil,
contra o Cruzeiro). No ano seguinte, seu desempenho começa a cair, e o
questionamento de parte da torcida se torna mais forte. Chega a ser barrado por
Dorival Jr na reta final do Brasileiro, e pela primeira vez cogita sair do
clube. Em 2019, o Flamengo monta um elenco fortíssimo, mas Diego segue como
titular sob o comando de Abel Braga, que conquista o Estadual. Entretanto, no
início do trabalho de Jorge Jesus, volta a perder um pênalti decisivo (dessa
vez, contra o Atlético-PR, na Copa do Brasil) e, para piorar, sofre lesão
gravíssima contra o Emelec-EQU, que quase encerra prematuramente sua carreira. De
forma espetacular, consegue se recuperar a ponto de participar do final da
temporada e, como uma espécie de “prêmio”, dá a assistência para Gabigol marcar
o gol do título da tão sonhada Libertadores. Nos anos seguintes, vive irreversível
processo de declínio, embora se mostre importante na reta final do Brasileiro
2020, que o Flamengo conquista. No final de 2022, após se mostrar mais útil
fora do campo do que atuando, e assim participar da conquista de mais uma
Libertadores, encerra sua vitoriosa carreira.
GEUVÂNIO (2017-2018)
Inicia sua trajetória no Santos
em 2012, mas somente dois anos depois começa a se destacar com gols e
assistências, notadamente no Estadual, em que o alvinegro perde a Final para o
Ituano. Meia de bom porte físico que atua aberto pelos lados, com facilidade
para finalizar e marcar gols, mantém o bom nível durante o Brasileiro 2014. O
ano seguinte parece ser o de consolidação, sensação reforçada com o título
paulista, mas uma série de lesões atrapalha sua trajetória. Ainda assim, é importante
na campanha do talentoso time que fica com o Vice da Copa do Brasil 2015. Em
2017, o Flamengo resolve apostar em seu futebol e o traz, por empréstimo, do
futebol chinês. No entanto, no rubro-negro mostra um jogo lento e de baixa
intensidade, o que gera rejeição de uma torcida já impaciente com os insucessos
da temporada. A situação não melhora na temporada seguinte, em que seu “grande”
momento é o apito final do árbitro no momento exato em que iria marcar o gol
que daria a vitória contra o Santa Fé-COL, em Bogotá, pela Libertadores. Sempre
como coadjuvante e sem conseguir aproveitar nenhuma das oportunidades que
recebe, ao final do empréstimo vai embora sem deixar saudades. Hoje defende o
Ituano.
CLÁUDIO ADÃO (1977-1980, 1983)
O típico “camisa 10” de origem,
ainda na base do Santos é aconselhado a atuar como centroavante, por conta de
sua impressionante capacidade de marcar gols. E é mais adiantado que estoura já
no seu primeiro ano como profissional, quando é bastante utilizado na campanha
do título paulista de 1973 (que é dividido com a Portuguesa). Tido como joia, é
apontado como possível “sucessor de Pelé”. Em 1975, começa a chamar a atenção
do país, exibindo números impressionantes no Paulista e no Brasileiro, o que
lhe vale uma convocação para a Seleção que disputa os Jogos Pan-Americanos. No
entanto, no ano seguinte sofre grave lesão (fratura a perna e rompe os
ligamentos do joelho no mesmo lance), e a demora na sua recuperação gera
incertezas quanto à continuidade de sua carreira. O Flamengo, precisando dar
mais experiência e rodagem à sua equipe jovem, resolve apostar no atacante e o
contrata, em meados de 1977. E logo o investimento se justifica. Em um de seus
primeiros jogos oficiais, Adão marca os dois gols da vitória sobre o Fluminense
(2-0) pelo Estadual 1977, sendo um deles antológico, num belíssimo chute de
curva, e sai ovacionado do Maracanã. Tem início uma passagem marcada por gols,
gols e mais gols, em que Cláudio Adão forma uma primorosa dupla de ataque com
Zico, que rende um categórico e avassalador Tricampeonato Estadual para o
Flamengo. No entanto, quando o rubro-negro parece pronto para voos mais altos,
Cláudio Adão se desentende com o Treinador Cláudio Coutinho e, no início de
1980, é emprestado para o Botafogo, sendo posteriormente repassado ao
Fluminense, dando início a uma impressionante carreira de “andarilho da bola”,
onde passa por vários clubes de expressão do País. Ainda volta ao Flamengo
durante o Estadual 1983 (emprestado pelo Al Ain-EMI), mas sem destaque. Pendura
as chuteiras atuando pelo Volta Redonda, clube de sua cidade natal.
JOÃO PAULO (1984)
Ponta-esquerda veloz e capaz de
bater muito bem na bola, chega ao Santos em 1977, revelado pelo São
Cristóvão-RJ. Já no ano seguinte, ganha a posição de titular, integrando com
outros jovens talentosos o time conhecido como “Os Meninos da Vila”, que
conquista o Campeonato Paulista 1978. Segue em ascensão e se consolida como um
dos principais atacantes do país, o que faz com que seja convocado de forma
recorrente à Seleção Brasileira. Em 1984, o Flamengo enfim realiza um desejo
antigo e contrata o jogador para a disputa da Libertadores. No entanto, João
Paulo não consegue se impor à concorrência de Lico, e após algumas atuações
apagadas é barrado. A ascensão de Bebeto (e consequente deslocamento de Adílio
para a esquerda) aumenta a pressão sobre João Paulo, que assume um papel
coadjuvante incompatível com o investimento feito pelo clube. Após a eliminação
no Brasileiro e na Libertadores, João Paulo é negociado com o Corinthians, onde
recupera o bom futebol. Encerra a carreira em 1992, no Náutico, após breve
retorno ao Santos.
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