sábado, 24 de junho de 2023

Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos,

Único comentário a ser feito sobre o ocorrido na quinta-feira é que restou mais uma vez demonstrado que o suposto “outro patamar” DESTE elenco não mais passa de falácia e que Guayaquil 2022 terá sido sua “última dança”.

Isto posto, segue mais um capítulo da série “Caminhos da Bola”. Dessa vez, com jogadores do Santos. Aliás, daqui a algum tempo essa lista poderá ser vigorosamente encorpada.

 

SÉRIE “CAMINHOS DA BOLA”

VIII

FLAMENGO - SANTOS

 

PARÁ (2015-2019)

Revelado pelo Santo André, integra o plantel que conquista a Copa do Brasil 2004. Anos depois, transfere-se para o Santos, onde se firma como titular absoluto da equipe que, entre outros títulos, ganha a Libertadores 2011. Ironicamente, seu caminho começa a se cruzar com o do Flamengo quando, em 2009, marca um gol contra no jogo que marca o fim de longo jejum rubro-negro sem vitórias na Vila Belmiro (2-1). Após boa passagem pelo Grêmio, Pará chega ao Flamengo, que o traz para repor a saída de Leonardo Moura. No entanto, desde o início Pará se mostra um lateral-direito esforçado, aplicado taticamente, mas com severas limitações técnicas e mesmo defensivas. Mesmo assim, o Flamengo o contrata em definitivo, em troca de antiga dívida do Grêmio com o clube, o que irrita a torcida. Em 2016, com Zé Ricardo, vive seu melhor momento, mesmo com a contratação de Rodinei. Mas jamais consegue convencer plenamente (o hábito de marcar gols contra as próprias redes é especialmente enervante), e suas limitações se tornam mais evidentes com o aumento gradual do nível técnico do elenco flamengo. Em 2019, é expulso no jogo crucial contra o Peñarol-URU, quase complicando a sofrida classificação rubro-negra na Primeira Fase da Libertadores. Pouco depois, acerta seu retorno ao Santos. Hoje está sem clube, após ter defendido a Portuguesa-SP.

 

GUSTAVO HENRIQUE (2020-2022)

Zagueiro sólido e especialista em bolas altas (faz muitos gols de cabeça, sendo arma ofensiva mortal), embora um tanto lento, projeta-se no Santos, onde estreia como profissional em 2013. Integra uma geração talentosa que, sob Dorival Júnior, chega ao Vice-Campeonato da Copa do Brasil 2015 e conquista dois Estaduais. No entanto, sofre com crônicos problemas de joelho, que causam longos períodos de inatividade, o que inviabiliza uma transferência para a Europa. Em 2020, não renova o contrato com o Santos e vai defender o Flamengo. Seu início, com Jorge Jesus, é positivo, participando da rotação do elenco e contribuindo com boas atuações e até gols. Mas, após a saída do “Mister”, sofre com esquemas defensivamente frágeis e começa a falhar sistematicamente, como no empate com o Racing-ARG que elimina o Flamengo da Libertadores 2020 e, particularmente, na derrota para o São Paulo no Maracanã pelo Brasileiro 2020, o que o faz ser perseguido e hostilizado pela torcida. Em 2021 dá a volta por cima, exibindo mais segurança e chegando a se firmar como titular. Marca contra a LDU-EQU, nos descontos, o gol que classifica o Flamengo para a Segunda Fase da Libertadores 2021. No entanto, volta a conviver com lesões no início do ano seguinte e, com as contratações de Fabrício Bruno e Pablo, é negociado com o Fenerbahçe-TUR, clube que atualmente defende.

 

MÁRCIO ROSSINI (1989)

Destaca-se no Marília, chegando ao Santos em 1980. Após início irregular, Márcio Rossini se firma na zaga praiana, exibindo um futebol de alguma técnica, mas particularmente vigoroso e físico, por vezes até violento. Vive seu grande momento em 1983, quando ganha uma Bola de Prata pelo Brasileiro (em que o Santos chega ao Vice-Campeonato) e se torna titular da Seleção Brasileira de Carlos Alberto Parreira (escolha que faz muitos torcerem o nariz). Em 1989, após defender o Bangu, Márcio chega ao Flamengo por indicação de Telê Santana, buscando repor as saídas de Aldair e Zé Carlos II, negociados com o futebol europeu. Seu estilo físico não convence a torcida rubro-negra, acostumada com jogadores mais técnicos, mas ainda assim Márcio Rossini segue como titular no início do Brasileiro, no esquema de três zagueiros que Telê tenta implantar. Com a queda do treinador e a chegada de Valdir Espinoza, o defensor perde espaço, sendo poucas vezes utilizado. No início de 1990, volta para o Santos. Encerra a carreira em 1995 no mesmo Marília onde deu seus primeiros passos.

 

MARCOS ASSUNÇÃO (1998)

Em 1996 desembarca na Vila Belmiro, após ser revelado pelo Rio Branco-SP. Seu futebol técnico, de um chute venenoso e impressionante precisão em cobranças de falta (chega a marcar três num só jogo, um 3-3 contra o Bahia, em 1998) o tornam um dos principais talentos emergentes do futebol brasileiro, o que lhe rende uma convocação à Seleção Brasileira. No entanto, muito jovem, começa a oscilar e, em meados de 1998, é emprestado ao Flamengo, numa troca que também envolve a ida do atacante Caio para a Gávea e a cessão, ao Santos, de Athirson e Lúcio. A fama de indolente inicialmente causa desconfiança, mas Marcos Assunção se firma rapidamente no rubro-negro, mostrando uma qualidade técnica não muito comum nos meias do Flamengo da época. Titular absoluto, é um dos poucos a serem preservados pela torcida em um ano particularmente ruim. Na arrancada final do Brasileiro 1998, em que o Flamengo quase consegue uma milagrosa classificação aos matamatas, marca um belo gol de falta, que abre o caminho para a goleada histórica sobre o badalado Corinthians de Luxemburgo (4-1). No final do ano, o Flamengo tenta mantê-lo, sem êxito, e Marcos Assunção é devolvido ao Santos, sendo logo depois negociado com a Roma-ITA. Em 2016, após rodar por vários clubes (com algumas passagens marcantes, como no Palmeiras), encerra a carreira.

 

ELANO (2014)

Estreia nos profissionais do Santos em 2001, após ser revelado no interior paulista. Meia intenso, de grande fôlego e um chute potente, explode na campanha do título brasileiro de 2002, que o Santos conquista de forma surpreendente. Em 2005 (após ganhar outro Brasileiro, no ano anterior), transfere-se para a Europa, onde é relativamente bem-sucedido. No entanto, em 2011 resolve voltar ao Brasil, sendo repatriado pelo Santos, onde faz parte do time que ganha a Libertadores. No entanto, a séria lesão sofrida na Copa do Mundo 2010 (em que jogava como titular) demarca o início de seu declínio, e em 2012 Elano é transferido para o Grêmio. No início de 2014, o Flamengo, buscando qualificar seu plantel para a Libertadores, traz o jogador por empréstimo junto aos gaúchos. Mas Elano, após um início até razoável (marca belo gol de falta nos 3-1 sobre o Emelec-EQU), não consegue manter uma sequência aceitável de jogos, minado por nítida limitação física, e começa a ser perseguido pela torcida, indignada pela eliminação no torneio continental e pelo início vexatório no Brasileiro. Precisando abrir espaço na folha para reforçar o elenco, a Diretoria do Flamengo antecipa a devolução de Elano ao Grêmio, ainda em 2014. Em 2016, após retornar novamente ao Santos, encerra a carreira.

 

CLÉBER SANTANA (2012-2013)

Após se destacar no Sport e no Vitória, chega ao Santos em 2006, egresso do futebol japonês. Meia elegante, de toque refinado e grande facilidade em marcar gols, não demora a agradar a torcida praiana, de quem se torna ídolo ao marcar o gol do título estadual, quebrando longo jejum. No ano seguinte, além de conquistar o Bicampeonato, ainda é o destaque da competição, o que lhe rende uma transferência para o Atlético Madrid-ESP. Em 2012, o Flamengo, vivendo um momento de caos político e correndo risco de rebaixamento, acerta a vinda de um pacote de reforços, trazendo Cléber Santana do Avaí, numa transação que também envolve a vinda do zagueiro Renato Santos. A contratação já se mostra acertada na estreia, em que Cléber Santana marca um gol em difícil vitória (2-1) sobre o Atlético-GO, no Serra Dourada. O Flamengo escapa do descenso com relativa tranquilidade, mas o turbulento início de 2013, com várias trocas de treinadores, impede que Cléber mantenha uma sequência regular de atuações. A Diretoria, diante da instabilidade do jogador, propõe sua devolução ao Avaí em troca de uma dívida com os catarinenses, que aceitam o negócio. Em 2016, é uma das vítimas fatais do acidente aéreo em que estava o elenco da Chapecoense, clube em que voltava a mostrar bom futebol.

 

ALAN PATRICK (2015-2016)

Meia extremamente técnico e habilidoso, embora não muito intenso, é considerado o “novo Ganso” quando estreia pelo Santos, em 2009. Permanece no alvinegro até 2011, fazendo parte de diversas conquistas no período, entre elas uma Libertadores, sendo negociado com o Shakhtar Donetsk-UCR. No entanto, a difícil adaptação inicial faz com que Alan Patrick seja emprestado a alguns clubes brasileiros, entre eles o Palmeiras, em 2015. No entanto, o mau rendimento no alviverde faz com que o meia tenha seu empréstimo repassado ao Flamengo, junto com o lateral Ayrton, em troca do atacante Alecsandro. No rubro-negro, o meia encaixa-se muito bem, entregando um nível de qualidade do qual o time se ressentia, e suas atuações ajudam o Flamengo a chegar a flertar com o G-4 do Brasileiro 2015. No entanto, o time cai de produção, e o caso do “Bonde da Stella”, em que Alan Patrick está envolvido, sepulta qualquer perspectiva de uma temporada melancólica. No ano seguinte, após ficar praticamente fora dos planos, Alan Patrick se recupera com a chegada de Zé Ricardo e se mostra um reserva útil, contribuindo com boas atuações na campanha que leva o Flamengo de volta à Libertadores. No início de 2017, o Flamengo chega a considerar permanecer com o jogador, mas o Shakhtar exige seu retorno. Atualmente defende o Internacional.

 

DIEGO (2016-2022)

Meia muito talentoso, capaz de encaixar passes cortantes, com extrema facilidade para finalizar e ainda apto a exercer funções defensivas, consolida-se como titular em 2002, num Brasileiro que seria utilizado para a montagem de um time de jovens, mas que encaixa tão bem que o Santos acaba conquistando o título. Diego ainda permanece no Santos até 2004, quando sai no meio da temporada e de um Brasileiro que o alvinegro novamente ganha, indo atuar no Porto-POR. Em 2016, o Flamengo deseja contratar um nome de peso para dar continuidade ao processo de fortalecimento de seu plantel, e enxerga ótima oportunidade em Diego, que deseja voltar ao Brasil após sólida trajetória em campos europeus. Depois de tensa negociação com o Fenerbahçe-TUR, Diego chega ao Flamengo e no desembarque é ovacionado pela torcida. E já estreia com grande atuação, marcando um gol na vitória sobre o Grêmio (2-0), em Brasília. Como esperado, a chegada de Diego qualifica vertiginosamente a equipe, que chega a brigar pelo título do Brasileiro 2016. No entanto, no início de 2017, quando vive fase deslumbrante, sofre séria lesão no joelho contra o Atlético-PR pela Libertadores, que o alija do restante do torneio continental (lesão que muitos consideram ter sido fator decisivo para a eliminação rubro-negra). e da reta final do Estadual, ganho pelo Flamengo. No entanto, o time não consegue conquistar mais nenhum título no ano, e Diego é um dos responsabilizados pelos fracassos, após perder pênaltis em jogos importantes (2-2 Palmeiras pelo Brasileiro, e na Final da Copa do Brasil, contra o Cruzeiro). No ano seguinte, seu desempenho começa a cair, e o questionamento de parte da torcida se torna mais forte. Chega a ser barrado por Dorival Jr na reta final do Brasileiro, e pela primeira vez cogita sair do clube. Em 2019, o Flamengo monta um elenco fortíssimo, mas Diego segue como titular sob o comando de Abel Braga, que conquista o Estadual. Entretanto, no início do trabalho de Jorge Jesus, volta a perder um pênalti decisivo (dessa vez, contra o Atlético-PR, na Copa do Brasil) e, para piorar, sofre lesão gravíssima contra o Emelec-EQU, que quase encerra prematuramente sua carreira. De forma espetacular, consegue se recuperar a ponto de participar do final da temporada e, como uma espécie de “prêmio”, dá a assistência para Gabigol marcar o gol do título da tão sonhada Libertadores. Nos anos seguintes, vive irreversível processo de declínio, embora se mostre importante na reta final do Brasileiro 2020, que o Flamengo conquista. No final de 2022, após se mostrar mais útil fora do campo do que atuando, e assim participar da conquista de mais uma Libertadores, encerra sua vitoriosa carreira.

 

GEUVÂNIO (2017-2018)

Inicia sua trajetória no Santos em 2012, mas somente dois anos depois começa a se destacar com gols e assistências, notadamente no Estadual, em que o alvinegro perde a Final para o Ituano. Meia de bom porte físico que atua aberto pelos lados, com facilidade para finalizar e marcar gols, mantém o bom nível durante o Brasileiro 2014. O ano seguinte parece ser o de consolidação, sensação reforçada com o título paulista, mas uma série de lesões atrapalha sua trajetória. Ainda assim, é importante na campanha do talentoso time que fica com o Vice da Copa do Brasil 2015. Em 2017, o Flamengo resolve apostar em seu futebol e o traz, por empréstimo, do futebol chinês. No entanto, no rubro-negro mostra um jogo lento e de baixa intensidade, o que gera rejeição de uma torcida já impaciente com os insucessos da temporada. A situação não melhora na temporada seguinte, em que seu “grande” momento é o apito final do árbitro no momento exato em que iria marcar o gol que daria a vitória contra o Santa Fé-COL, em Bogotá, pela Libertadores. Sempre como coadjuvante e sem conseguir aproveitar nenhuma das oportunidades que recebe, ao final do empréstimo vai embora sem deixar saudades. Hoje defende o Ituano.

 

CLÁUDIO ADÃO (1977-1980, 1983)

O típico “camisa 10” de origem, ainda na base do Santos é aconselhado a atuar como centroavante, por conta de sua impressionante capacidade de marcar gols. E é mais adiantado que estoura já no seu primeiro ano como profissional, quando é bastante utilizado na campanha do título paulista de 1973 (que é dividido com a Portuguesa). Tido como joia, é apontado como possível “sucessor de Pelé”. Em 1975, começa a chamar a atenção do país, exibindo números impressionantes no Paulista e no Brasileiro, o que lhe vale uma convocação para a Seleção que disputa os Jogos Pan-Americanos. No entanto, no ano seguinte sofre grave lesão (fratura a perna e rompe os ligamentos do joelho no mesmo lance), e a demora na sua recuperação gera incertezas quanto à continuidade de sua carreira. O Flamengo, precisando dar mais experiência e rodagem à sua equipe jovem, resolve apostar no atacante e o contrata, em meados de 1977. E logo o investimento se justifica. Em um de seus primeiros jogos oficiais, Adão marca os dois gols da vitória sobre o Fluminense (2-0) pelo Estadual 1977, sendo um deles antológico, num belíssimo chute de curva, e sai ovacionado do Maracanã. Tem início uma passagem marcada por gols, gols e mais gols, em que Cláudio Adão forma uma primorosa dupla de ataque com Zico, que rende um categórico e avassalador Tricampeonato Estadual para o Flamengo. No entanto, quando o rubro-negro parece pronto para voos mais altos, Cláudio Adão se desentende com o Treinador Cláudio Coutinho e, no início de 1980, é emprestado para o Botafogo, sendo posteriormente repassado ao Fluminense, dando início a uma impressionante carreira de “andarilho da bola”, onde passa por vários clubes de expressão do País. Ainda volta ao Flamengo durante o Estadual 1983 (emprestado pelo Al Ain-EMI), mas sem destaque. Pendura as chuteiras atuando pelo Volta Redonda, clube de sua cidade natal.

 

JOÃO PAULO (1984)

Ponta-esquerda veloz e capaz de bater muito bem na bola, chega ao Santos em 1977, revelado pelo São Cristóvão-RJ. Já no ano seguinte, ganha a posição de titular, integrando com outros jovens talentosos o time conhecido como “Os Meninos da Vila”, que conquista o Campeonato Paulista 1978. Segue em ascensão e se consolida como um dos principais atacantes do país, o que faz com que seja convocado de forma recorrente à Seleção Brasileira. Em 1984, o Flamengo enfim realiza um desejo antigo e contrata o jogador para a disputa da Libertadores. No entanto, João Paulo não consegue se impor à concorrência de Lico, e após algumas atuações apagadas é barrado. A ascensão de Bebeto (e consequente deslocamento de Adílio para a esquerda) aumenta a pressão sobre João Paulo, que assume um papel coadjuvante incompatível com o investimento feito pelo clube. Após a eliminação no Brasileiro e na Libertadores, João Paulo é negociado com o Corinthians, onde recupera o bom futebol. Encerra a carreira em 1992, no Náutico, após breve retorno ao Santos.

 

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Parte V: Flamengo – Cruzeiro

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