segunda-feira, 5 de junho de 2023

Ainda Sobre a Vigilância

 

Salve, Buteco! Como nos contou o jornalista Raphael Zarko (@raphazarko) nesta matéria de 2018, a faixa destacada na foto que inicia o post de hoje resultou da traumática eliminação do Mais Querido na edição de 2008 da Copa Libertadores da América. Todos se lembram que, após vencer espetacularmente o América do México no Estádio Azteca por 4x2, o Flamengo "conseguiu a proeza" de ser goleado por 0x3 no Maracanã e desperdiçar uma chance histórica de avançar até ao menos as semifinais da competição, algo que não ocorria desde a década de 80, mesmo assim em outra fórmula de disputa.

Quando falo em vigilância, tenho sempre em mente não o retrospecto contra um adversário específico, mas tudo aquilo que a Nação não deseja ver repetido e que, em razão disso, motiva as constantes cobranças sobre dirigentes, treinadores e jogadores, mesmo nas melhores fases, para que as metas mais altas sejam alcançadas. É o caso desta temporada de 2023, na qual o planejamento desastroso deu causa às consequentes eliminação para o Al-Hilal, da Arábia Saudita, na semifinal do Mundial de Clubes; perda do título da Recopa Sul-Americana para o Independiente Del Valle e perda do título estadual com goleada para o Fluminense, que  reeditaram, a sua maneira, o triste e trágico vexame de 2008.

O que provoca o relaxamento e o abandono da vigilância? Há quem culpe a felicidade da torcida e suas festas, aquela marra rubro-negra que tanto irrita os torcedores adversários, jornalistas ou não. Eu já penso o contrário: a torcida sempre foi e continua sendo a diferença, a razão de ser de todo o espetáculo. O problema está nos dirigentes que não enxergam o limite entre se conectar com a felicidade e as aspirações da torcida e o vaidosa e autopromocional perda de foco; jamais estará no torcedor rubro-negro.

O Flamengo ainda não evoluiu a ponto de ter uma cultura de profissionalismo que facilite a manutenção do estado de vigilância em seu Departamento de Futebol. Volta e meia é preciso procurar um treinador com "tamanho" suficiente para que se possa "terceirizar" o setor, entregando em suas mãos "a chave do Ninho" para que controle mais uma das cíclicas crises.

Só que uma coisa não exclui a outra. Ou ao menos não deveria excluir. Contratar esse tipo de profissional sempre deveria ser o objetivo de qualquer dirigente, até pela loucura que caracteriza a enorme pressão cotidiana exercida sobre os profissionais de futebol do Flamengo. 

O ideal, porém, é que o trabalho desse treinador seja facilitado e otimizado por um ambiente mais austero e focado nos mais altivos interesses do clube, até para que todo o começo não precise de ser uma espécie de reality show de sobrevivência na "selva rubro-negra", e também para que seja possível assimilar algo de toda passagem de um treinador "top". 

Não é pecado buscar a estabilidade.

Enquanto a cultura não muda, vamos de treinador em treinador, até achar um que consiga, a sua maneira, sobreviver no comando do Mais Querido do Brasil. É cedo para afirmar que o nosso simpático Careca atingirá esse objetivo, mas pode ter dado um importante passo na última quinta-feira.

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2008 também foi o ano do primeiro rebaixamento do então Club de Regatas Vasco da Gama, hoje SAF. O time titular do Gigante da Colina era muito fraco, como também foram muitos dos times do Mais Querido que naqueles tempos (primeira década do Século XXI) conseguiram escapar da degola. Só que aquele Vasco teve no elenco, ao longo do ano, Dário Conca, Pedrinho, Beto, Morais, Alex Teixeira, Alan Kardec, Leandro Amaral e Edmundo, e ninguém em sã consciência, nem mesmo o rubro-negro mais hostil, imaginou que, quinze anos depois, o clube (digo, SAF) estaria lutando contra o seu quinto rebaixamento.

Vigilância. 

Algo que deixou de existir pelas bandas de São Januário quando Antônio Soares Calçada decidiu retirar-se da direção do Vasco da Gama e Eurico Miranda, sem dividir poder (como vinha ocorrendo até então) entre a presidência do clube e a vice-presidência de futebol, passou a ser o todo-poderoso e controlar completamente a instituição.

A ausência de vigilância é terreno fértil para a falta de autocrítica e as narrativas que dela começam a surgir. É o berço do dirigente caudilho. Mamãe Globo, divisão de direitos de transmissão, arbitragem, FlaPress... O rival foi a cortina de fumaça perfeita para saquearem e destruírem o clube. 

No devaneio vascaíno, do qual muitos ainda não se libertaram, tudo, e especialmente o rival, conspirou para a derrocada do Gigante da Colina, menos suas próprias mazelas.

Nenhum dirigente pode ter todo esse poder.

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Levar o Campeonato Brasileiro a sério será, sem dúvida, um constante "teste de vigilância" aplicado a cada rodada para Jorge Sampaoli. No que depender do Careca, tenho absoluta certeza de que o elenco será vigilante. Falta apenas combinar com o próprio elenco, como estamos carecas de saber.

Disputar simultaneamente as três maiores e mais importantes competições do calendário exige do treinador criatividade e estratégia para rodar o elenco. O jogo de hoje à noite, na teoria, é a oportunidade perfeita para fundar o rival e aumentar a confiança. 

Na prática, contudo, enxergo-o como perigo real de um passo atrás na consolidação do trabalho, pois o rival, que não é lanterna da competição graças ao Coritiba, jogará a vida, na base da superação.

Em clássicos, é um cenário que jamais pode ser desprezado.

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O Ficha Técnica subirá as 19:00h.

A palavra está com vocês.

Bom die SRa tod@s.