Léo Pereira "Matador" Foto: Gilvan Souza/CRF |
Salve, Buteco! As declarações de Roger Guedes, ainda no campo de jogo, logo após o apito final do árbitro Rafael Rodrigo Klein, dão conta de como o adversário encarou o confronto de ontem - Flamengo favorito, candidato ao título, jogando em casa no Maracanã quase lotado, contexto que não permitia ao Corinthians nenhuma expectativa além de arrancar um empate que ajudaria na luta para se afastar da Zona do Rebaixamento.
O que se viu em campo, porém, foi o oposto. O jogo começou muito truncado por conta da fortíssima marcação do Corinthians, bem como da inoperância rubro-negra, tendo em vista as mudanças, por desfalques, no time que foi a campo terça-feira, especialmente o caso de Arrascaeta, que sentiu durante o aquecimento no vestiário, minutos antes da partida começar.
Gérson, definitivamente, não era o mesmo do Fla-Flu e tudo piorou após o lance da queda sobre o ombro, que o levou a, durante um bom tempo, sumir do jogo. Victor Hugo, escalado no lugar de Arrascaeta, também demorou uma eternidade para se apresentar como opção nas trocas de passes. Ambos só não foram mais ausentes do que Pedro, visivelmente fora da sintonia do jogo, aparentemente aborrecido e contrariado.
O meio campo do Flamengo só existia pela combatividade de Thiago Maia e por conta da clarividência de Erick Pulgar, sem dúvida uma grata surpresa por suas categoria e lucidez, fazendo honrar o tradicionalíssimo número 5 do Manto Sagrado.
Do outro lado, o adversário aguerrido, consciente de suas limitações, como também de seu decadente treinador, com apenas 32% de posse de bola apresentava-se bem melhor postado dentro de campo, chegando junto em cada lance e partindo em velocidade nos contra-ataques, com isso criando pelo menos duas chances concretas de gol.
Nos minutos finais da primeira etapa, porém, o Mais Querido curiosamente acordou. Gabriel, agora loiro, dava sinais de que desejava invocar a energia de anos atrás; Gérson transpareceu estar curado do ombro e até Victor Hugo começou a girar bem nas tramas de passes do time. Ayrton Lucas, outro espectro desde então, da mesma forma apareceu.
A torcida cantou forte jogando com o time, sonhando com um segundo tempo melhor do que foram os 45 minutos iniciais.
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O sonho durou pouco e o Corinthians voltou muito superior para a etapa final, conseguindo várias conclusões a gol, a primeira logo aos 3 minutos, dando a impressão que era questão de tempo abrir o placar. A coisa estava tão feia que Sampaoli tirou Pedro do jogo logo aos 7 minutos, colocando em seu lugar Everton Cebolinha.
A alteração só foi surtir efeito aos 14 minutos, quando o próprio Cebola conseguiu um feito sté então inédito para o Flamengo na etapa final: entrou na área corintiana, para ser desarmado por Bruno Méndez. Desde sua entrada, o Corinthians havia conseguido chegar com perigo por mais três oportunidades.
A partir da entrada de Cebolinha, o Flamengo, embora sem incomodar seriamente o Corinthians, voltou a tomar a iniciativa do jogo e só era ameaçado em contra-ataques puxados por Adson, o ponta direita mosqueteiro, o qual, contudo, acusou o cansaço e deixou o campo para a entrada de Wesley, homônimo do nosso voluntarioso lateral direito.
A partir de então, os contra-ataques corintianos rarearam ainda mais e o Flamengo subiu definitivamente os blocos, exercendo uma pressão "meia boca" na qual ninguém, nas arquibancadas do Maracanã ou nas ondas das transmissões, chegou a acreditar de verdade.
Até que São Judas Tadeu resolveu interceder.
Léo Pereira foi mais um a sentir um incômodo muscular, uma "puxada", segundo suas palavras, e acusava não ter mais condições de continuar em campo. Como o Careca já havia paralisado o jogo para substituir por três ocasiões, o drama se desenhava, com todo mundo imaginando o time corintiano voltando a dominar as ações.
Nosso treinador argentino, que, certo ou não, com ou sem motivos justos, não havia agradado ninguém até então, seja pela forma que o time se apresentou, seja pelas substituições, viveu então o seu grande momento numa tarde que tinha tudo para terminar em apupos.
Afinal de contas, não se dando conta que a saída de Pulgar havia ocorrido por contusão, a Nação não perdoou e o Careca escutou os primeiros (tímidos, efêmeros e espero que últimos) apupos de "burro" no Maracanã, quando tirou o chileno e lançou seu veterano e moicano compatriota.
Talvez por Gabriel ainda não ter se encontrado nesta temporada, a improvisação do lesionado e quase estático Léo Pereira no comando do ataque, para aproveitar suas estatura e força física, deu por alguns minutos a estabilidade que o time só havia demonstrado nos lampejos dos minutos finais do primeiro tempo.
Após mais de 1 minuto e meio passando de pé em pé no ataque do Flamengo, a bola parou nos pés de Cebolinha, que vem se tornando o "rei das assistências e dos passes decisivos" do Flamengo, para que ele a alçasse na área e o nosso quarto-zagueiro vivesse o seu momento de "matador", dando à Nação os três pontos nos quais poucos ainda acreditavam.
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Vocês conhecem a minha opinião sobre a extensão das férias dos jogadores para reduzir a pré-temporada e a teoria da bomba-relógio que foi armada para estourar durante o afunilamento das copas.
Sampaoli vem, durante as coletivas pós-jogo, reiteradamente lembrando que chegou porque as coisas não estavam bem e que vem tomando as medidas necessárias para suprir a pré-temporada. É um assunto muito técnico e por isso difícil de ser abordado de maneira minudente.
Porém, pelo jeito, já deu para perceber que sofreremos jogo a jogo com desfalques inesperados. Causa-me perplexidade como o responsável por toda a balbúrdia, que vem nos custando o remédio amargo, permaneça intocável, status dado de maneira incondicional pelo próprio presidente do clube.
Vejamos o que nos aguarda na quarta-feira.
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A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.