segunda-feira, 29 de maio de 2023

A Rinha e o Fla-Flu de Quinta-Feira


Salve, Buteco! No último sábado, o argentino Jorge Luis Sampaoli Moya completou 12 jogos à frente do Mais Querido do Brasil, com 5 vitórias, 4 empates e 3 derrotas; 23 gols marcados e 14 sofridos. Dessas 12 apresentações, apenas duas podem ser consideradas realmente boas - a goleada por 8x2 sobre o Maringá e o empate por 0x0 com o Fluminense, ambos os jogos pela Copa do Brasil, enquanto outras foram assustadoramente ruins, coincidentemente nas etapas finais das partidas - 3x2 Bahia, 1x1 Ñublense e 1x1 Cruzeiro.

Uma enigmática entrevista concedida por Filipe Luís após o jogo contra os chilenos (atenção, não me refiro ao Vidal adversário, mas ao Ñublense) acendeu o sinal amarelo para a torcida e muitos jornalistas. Estaria o simpático, porém elétrico Careca começando a ser "fritado" pelo nosso idiossincrático elenco, seguindo as sinas de Domènec Torrent, Paulo Sousa e Vítor Pereira?

Se isso estiver mesmo ocorrendo, nenhum torcedor minimamente atento deveria se surpreender. O ambiente esculhambado do Departamento de Futebol do Flamengo remete ao caos da gestão Patrícia Amorim, que, vejam só, começou com o mesmo vice-presidente de futebol que "dirige" o setor desde 2019. 

Qualquer gestão que tivesse um mínimo de apego à excelência ou a critérios de excelência já teria resolvido o problema, contratando treinadores com perfil que se encaixasse com o alto nível de exigência das nossas celebridades de chuteiras, já que são os próprios dirigentes que cedem a seus caprichos, ou então já teria se imposto e reformulado o mesmo elenco, contratando atletas dispostos a trabalhar dentro da filosofia de jogo dos caríssimos treinadores europeus, ou de perfil europeu, que sucessivamente são contratados, mas que duram apenas alguns meses, até o processo de fritura se completar.

É difícil compreender o que se passa na cabeça do presidente Rodolfo Landim, que primeiramente entrega a gestão a um dirigente amador, de perfil "clássico" no futebol brasileiro, que busca a autopromoção e acesso a cargos eletivos do Poder Legislativo, e nesse caminho se mistura com os atletas, criando um ambiente de camaradagem, concessões e muito pouco profissionalismo. Em seguida, nosso presidente vem optando pela escolha dos treinadores europeus (ou de perfil europeu), de critérios conceituais e não raro bastante rígidos. 

Dentro desse cenário, essas escolhas parecem mais uma forma de compensação pela esculhambação pré-autorizada do que propriamente uma opção por uma filosofia ou linha de trabalho. E dentro do caos provocado pela colisão "filosófica" entre a boleiragem brasileira (às vezes espontânea e criativa, outras notívaga e preguiçosa) e o padrão europeu (às vezes sério, outras vezes colonizador), estabeleceu-se a rinha, ou uma espécie de cabo de guerra.

No meio da rinha, os treinadores conceituais (os bons, ruins, medianos, pilhados e acomodados), vão aos poucos fenecendo, desidratando-se cada vez mais uma semana após a outra, até tornarem-se pálidos espectros completamente desacreditados, porém confortados por altas multas rescisórias, pagas mediante a conversão de milhões de reais em euros.

Perdoem-me pelo meu "francês", mas nessa "festa" a torcida e o próprio clube entram vestidos de bunda. Todo mundo parece mais preocupado com o próprio umbigo e vencer a queda de braço do que com o Flamengo e sua Nação.

Não existem inocentes nesse jogo.

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Voltando ao campo e bola, nosso treinador argentino vinha afirmando que foi contratado porque as coisas "não vinham bem", especialmente no aspecto da preparação física, e que o caminho era aumentar a carga dos treinamentos e fazer o elenco se adaptar a sua intensa (ou "contundente") filosofia de jogo. Após a entrevista de Filipe Luís, curiosamente suavizou o discurso. Há quem diga que se iniciou o mesmo processo de emasculação pelo qual passou Vítor Pereira, de quem não é possível sequer lembrar da voz.

Descontadas as fofocas para lá e para cá, dando conta que o treinador (ora, mas que "surpresa") teria sido "enquadrado" (pela Diretoria e pelo Departamento Médico), o que posso dizer é que, mesmo pesando o fator ambiente e o pouco tempo de trabalho, é impossível defender o que o Careca vem fazendo nas substituições.

É simplesmente "de foder" (perdoem-me novamente pelo francês) as substituições não poderem ser melhor programadas observando a regra das 3 interrupções do jogo para até 5 substituições, excluído o intervalo entre os dois tempos. 

É inaceitável "morrer" com duas substituições, correndo o risco de terminar com menos um ou dois em campo, já que os jogadores têm sentido cãibras e fadiga/exaustão ao final das partidas, até porque a carga dos treinamentos (certa ou errada) está provocando esse efeito, como o próprio argentino expressamente admitiu, apontando que esse seria o caminho a ser seguido.

Nesse contexto, a pouca minutagem de alguns atletas, como Pablo e Ígor Jesus, parece pura idiossincrasia do lado do Careca. Eu simplesmente não suporto mais o estrelismo dos nossos jogadores, mas ao mesmo tempo não posso deixar de apontar quando a filosofia começa a flertar com a loucura. E quando a multa rescisória é alta, é muito conveniente ser louco.

Como disse mais acima, não existem inocentes nessa rinha.

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Se o jogo de posição, como filosofia tática, fosse mesmo o problema, por absoluta incompatibilidade com o elenco, o Flamengo não teria feito bons jogos contra Atlético Mineiro, São Paulo e Palmeiras, com Paulo Sousa, e contra o Fluminense, com Jorge Sampaoli. 

Pode até não ser o conceito ideal para esse elenco (pessoalmente, acredito mesmo que não seja), mas daí a justificar a narrativa da incompatibilidade e a cristalina má vontade dos atletas já são outros quinhentos. Nosso elenco adora ser europeu no currículo e na hora de assinar contrato, mas para derrubar treinador assume a versão mais original possível da boleiragem brasileira.

Quanto ao Careca, é bom que tenha em mente o retrospecto, segundo o qual o Flamengo enfrentou o Fluminense de Fernando Diniz por 6 oportunidades: 2 com Paulo Sousa, 3 com Vítor Pereira e 1 com ele próprio (Careca). Nesses 6 jogos, ocorreram 3 vitórias do Fluminense, 2 vitórias do Flamengo e 1 empate.  

Eis as escalações e resultados, com as respectivas fichas técnicas:

1) Campeonato Brasileiro/2022, 8ª Rodada. FLUMINENSE 1x2 FLAMENGO. Data/Hora: 29 de maio de 2022 (domingo), às 18h (de Brasília) Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ) Árbitro: Raphael Claus (Fifa/SP) Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Evandro de Melo Lima (SP) VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP) Cartões amarelos: Yago Felipe, André (FLU); Gabigol, Matheuzinho, David Luiz, Andreas Pereira, Lázaro (FLA) Cartões vermelhos: David Braz (FLU) e Rodinei (FLA) Gols: Cano, aos 10'/1ºT (1-0); Andreas Pereira, aos 33'/1ºT (1-1); FLUMINENSE: Fábio, Samuel Xavier (John Kennedy), Manoel, David Braz (Felipe Melo) e Yago Felipe (Caio Paulista); Wellington (Matheus Martins), dré, Ganso e Jhon Arias (Willin); Luiz Henrique e Cano. Técnico: Fernando Diniz. FLAMENGO: Hugo, Matheuzinho (Isla), Rodrigo Caio, David Luiz e Ayrton Lucas; Willian Arão, Andreas Pereira, Éverton Ribeiro (Vitinho), Arrascaeta (Pedro) e Bruno Henrique (Pablo); Gabigol (Lázaro). Técnico: Paulo Sousa.

2) Campeonato Brasileiro/2022, 27ª Rodada. FLAMENGO 1x2 FLUMINENSE Data: 18 de setembro de 2022 (domingo) Local e horário: Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro/RJ, às 16h00 (de Brasília) Árbitro: Raphael Claus (SP) Auxiliares: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Rodrigo Figueiredo Henrique Correa (RJ) VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral (SP) Cartões amarelos: André (FLU), Fábio (FLU), Nathan (FLU) e Samuel Xavier (FLU); Gabriel (FLA) Cartões vermelhos: David Braz (FLU), Manoel (FLU), Caio Paulista (FLU), Marinho (FLA) e Cebolinha). Gols: Ganso (FLU), aos 43 minutos do 1º tempo; Nathan (FLU), aos 32 minutos, e Gabriel (FLA), aos 37 do 2º tempo FLAMENGO: Santos, Rodinei (Matheus França), David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís; Thiago Maia, João Gomes (Vidal), Everton Ribeiro (Marinho) e Arrascaeta (Everton Cebolinha); Pedro e Gabriel. Técnico: Dorival Júnior. FLUMINENSE: Fábio, Samuel Xavier, Nino, Manoel e Caio Paulista; André, Martinelli (Felipe Melo) e Ganso (Yago); Matheus Martins (Nathan), Arias (Cris Silva) e Cano (Willian). Técnico: Fernando Diniz.

3) Campeonato Carioca/2023, Taça Guanabara, 11ª Rodada. FLAMENGO 1x2 FLUMINENSE Local: Maracanã, Rio de Janeiro/RJ. Data/Hora: 8 de março de 2023, às 21h10 (de Brasília) Árbitro: Grazianni Maciel Gols: Everton Cebolinha, aos 18 do primeiro tempo; Cano, aos 8 da etapa final, e Pirani, aos 40. Cartões amarelos: Gabigol, Fernando Diniz, Jhon Arias, Vítor Pereira, Matheus Cunha, Pablo, Gerson, Lima e Vidal Cartão vermelho: Felipe Melo. FLAMENGO: Matheus Cunha; Pablo, Rodrigo Caio e Léo Pereira (Fabrício Bruno); Matheuzinho, Igor Jesus (Ayrton Lucas), Gerson, Matheus França (Everton Ribeiro), Everton Cebolinha e Arrascaeta (Vidal); Gabigol (Matheusão). Técnico: Vítor Pereira. FLUMINENSE: Fábio; Samuel Xavier, Nino, David Braz (Pirani) e Alexsander; André, Martinelli (Alan), PH Ganso (Giovanni); Jhon Arias, Keno (Lima) e Cano (Felipe Melo). Técnico: Fernando Diniz.

4) Campeonato Carioca/2023, Final (1º Jogo). FLAMENGO 2x0 FLUMINENSE Local: Maracanã, Rio de Janeiro/RJ. Data/Hora: 1 de abril de 2023, às 20h30 (de Brasília) Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães Assistentes: Luiz Claudio Regazone e Michael Correia VAR: Carlos Eduardo Nunes Braga Cartões amarelos: Thiago Maia, Léo Pereira, Ayrton Lucas (FLA); Ganso, André (FLU) Cartão vermelho: Samuel Xavier, aos 22'/2ºT (FLU) Gols: Ayrton Lucas, 5'/2ºT (1-0); Pedro, aos 22'/2ºT (2-0) Renda e Público: R$ 4.873.272,50/60.254 pagantes FLAMENGO: Santos; Fabrício Bruno, David Luiz e Léo Pereira (Filipe Luís); Varela, Thiago Maia (Vidal), Gerson (Matheus Gonçalves) e Ayrton Lucas; Matheus França (Everton Ribeiro), Cebolinha (Gabigol) e Pedro. Técnico: Vitor Pereira. FLUMINENSE: Fábio; Samuel Xavier, David Braz (Lima), Nino e Alexsander; André, Martinelli (Felipe Melo) e Ganso; Jhon Arias, Keno (Gabriel Pirani, depois Vitor Mendes) e Cano. Técnico: Fernando Diniz.

5) Campeonato Carioca/2023, Final (2º Jogo). FLUMINENSE 4X1 FLAMENGO. Local: Maracanã, Rio de Janeiro/RJ. Data/Hora: 9/4/2023, às 18h (de Brasília) Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (Fifa-RJ) Auxiliares: Rodrigo Figueiredo Correa (Fifa-RJ) e Thiago Henrique Farinha Cartões amarelos: André, Marcelo, Alexsander e David Braz (FLU); Léo Pereira, Gerson (FLA) Gols: Marcelo, 27'/1ºT (1-0); Cano, 31'/1ºT (2-0), aos 10'/2ºT (3-0); Alexsander, 19'/2ºT (4-0); Ayrton Lucas, aos 50'/2ºT FLUMINENSE: Fábio, Guga, Nino, Felipe Melo (Vitor Mendes) e Marcelo (David Braz); André, Alexsander, Ganso (Pirani), John Arias e Keno (Lima); Cano. Técnico: Eduardo Barros (Fernando Diniz estava suspenso) FLAMENGO: Santos, Fabrício Bruno (Filipe Luís), David Luiz e Léo Pereira (Matheus França); Varela, Thiago Maia (Victor Hugo), Gerson e Ayrton Lucas; Gabigol (Everton Ribeiro), Cebolinha (Matheus Gonçalves) e Pedro. Técnico: Vitor Pereira.

6) Copa do Brasil/2023, Oitavas de Final, 1º Jogo. FLUMINENSE 0x0 FLAMENGO Data/Horário: 16 de maio de 2023, às 21h (de Brasília) Motivo: ida das oitavas de final da Copa do Brasil Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ) Árbitro: Anderson Daronco (RS) Assistentes: Bruno Raphael Pires (GO) e Danilo Ricardo Simon Manis (SP) VAR: Daiane Caroline Muniz dos Santos (SP) Cartões amarelos: Ganso (FLU) Cartões vermelhos: Felipe Melo (FLU). FLUMINENSE: Fábio; Samuel Xavier, Nino, Felipe Melo e Marcelo (Guga); André, Pirani (Manoel), Lima, Ganso (David Braz) e Arias; Cano. Técnico: Fernando Diniz FLAMENGO: Santos; Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Thiago Maia (Cebolinha), Pulgar, Gerson, Arrascaeta (Matheus França) e Éverton Ribeiro (Vidal); Gabigol. Técnico: Jorge Sampaoli.

Jogando com apenas um centroavante (Pedro ou Gabriel Barbosa), o Flamengo venceu 2 vezes, com Paulo Sousa e Vítor Pereira, empatou uma, com Jorge Sampaoli, e perdeu uma, com Vítor Pereira, e mesmo assim jogando melhor o primeiro tempo, mas tomando a virada no final. 

Jogando com Pedro e Gabriel Barbosa desde o início, simplesmente perdeu as duas vezes, uma com Dorival Júnior e outra com Vítor Pereira, na última sofrendo uma histórica e humilhante goleada, na finalíssima do Carioca.

O caminho do possível sucesso está mais do que apontado. Não há rinha, "hierarquia de elenco" (ou estrelismo, como preferirem) que justifique tomar o caminho que já deu errado por duas vezes.

Quem escala é o treinador e a responsabilidade, neste ponto, é e será toda de Jorge Luis Sampaoli Moya, que é muito bem remunerado para tomar a melhor decisão para o clube sem se importar com chilique de quem quer que seja.

Pega a visão, Careca! Faça uma escolha e tome o rumo correto!

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A palavra está com vocês.

Bom die SRa tod@s.