Salve, Buteco! Hoje é dia de acordar suave, apesar do espetáculo dantesco que o Flamengo nos proporcionou ontem à tarde, direto de Salvador. Nossas mães, assim como as mães das nossas filhas e dos nossos filhos, merecem toda a suavidade do nosso amor.
O nosso adversário de ontem vive uma fase de mudanças. Eu diria que chega até mesmo a uma mudança de identidade. Um clube que já foi reconhecido mais ou menos como uma espécie de "menor entre os grandes", o maior da Região Nordeste, mas que preferiu a promessa de ser o maior satélite do City Group, proprietário do Manchester City de Pep Guardiola.
A questão é que, além de, dia após dia, as academias formarem cada vez mais especialistas nesse tipo de jogo, o que torna no mínimo desafiador para qualquer clube encontrar quem se diferencie ou diferenciar o engodo do talento, não precisa entender de futebol para saber que existe mais do que um oceano de distância entre Renato Paiva e Pep Guardiola.
Jorge Sampaoli que o diga. Nos primeiros 45 minutos, acredito que o nosso treinador argentino, bem mais experiente e, aparentemente, também mais talentoso do que o Gajo, enxergou, até porque não consta que seja míope, os latifúndios a serem desbravados na defesa do Baêa.
Não preciso nem de mencionar Jorge Jesus ou Dorival Júnior. O Flamengo de Renato Gaúcho, tal como fez aos 18 de julho de 2021 (Campeonato Brasileiro - 12ª Rodada), teria aplicado outra goleada histórica no Esquadrão. Contudo, o Flamengo de 2023 (até aqui, seria injusto chamá-lo de Flamengo de Sampaoli) é, basicamente, uma união de poucos atletas e muitos pensionistas que fingem jogar futebol, além de algumas baixas de guerra que tentam ressuscitar.
Contra-ataques e mais contra-ataques foram desperdiçados. Galáxias de espaço e vácuo a serem preenchidos no campo do Bahia, mas que terminaram inexploradas por inacreditáveis erros de passe e movimentação, além da má forma física de alguns jogadores. Era para o Flamengo ter sido invasão holandesa, mais até do que "descobrimento" português. Só que ficou num pálido 2x1, tomando gol em linha de passe, em que pese o milagre do primeiro gol de David Luiz com a camisa do Flamengo.
A falta de comemoração, prontamente apontada pela repórter de campo do Premiere, e o anúncio de que o nosso veterano zagueiro sentira a coxa, mal sabíamos, era o prenúncio de um dos eventos mais estranhos que já aconteceram na História do Clube de Regatas do Flamengo.
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"O Flamengo volta do intervalo com 5 substituições". "Peraí?!" "Como assim?!", "Que porra é essa?!", "Largou o campeonato?!" torcedores de todo o Brasil e de todo o mundo imediatamente se perguntaram. "O Careca enlouqueceu!", "está louco igual ao Bielsa!"
A explicação do treinador foi a seguinte - aspas da jornalista Raisa Simplício (@sipraisa):
Sampaoli: "me surpreendeu muito ter que fazer as alterações, mas jogando tantos dias, com tanto jogo. A situação do vestiário, com tantos jogadores que não podiam continuar, tinha que tomar a decisão"
E a explicação oficial do clube, horas depois, tornou-se pública por via do perfil no Twitter:
"Os jogadores Everton Cebolinha, com entorse no tornozelo esquerdo, Matheus França, com pancada no joelho, David Luiz com dores no músculo posterior da coxa direita e Matheus Cunha, com dores no quadril e na coxa direita, serão reavaliados amanhã. Já Thiago Maia sentiu desgaste e pediu para ser substituído. #CRF"
A mesma jornalista ainda destacou que os jogadores, alegando terem se machucado, pediram para sair... O clima na torcida, então, era um misto perplexidade e apreensão, que logo aos 6 minutos de jogo se tornou aflição, quando Santos deixou passar mais uma e a distância no placar foi diminuída para 1 gol.
Tinha que ser com emoção.
No desencadear dos 45 minutos finais, o Bahia teve dois jogadores expulsos. A primeira expulsão, do zagueiro Rezende, foi justíssima decorrência do destempero e da afobação do zagueiro baiano, que já tinha cartão amarelo. Já a segunda, de Kanu, companheiro de miolo de zaga do primeiro expulso, e que também já tinha cartão amarelo, até comporta alguma discussão pelo teatro de Gabriel Barbosa.
Contudo, é impossível deixar de observar que o inquieto árbitro Paulo César Zanovelli da Silva, que já me fez passar raiva em outras ocasiões (1x2 Atlético/MG e 1x1 Ceará em 2022), pareceu bastante convicto do que viu e marcou:
Ao final da partida, Fabrício Bruno declarou:
Algo me diz que o episódio das 5 substituições não acabou ontem. Resta-nos apenas aguardar.
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A todas as mães do mundo, os nossos parabéns e o desejo de toda a felicidade e sorte.
Bom Domingo e SRN a tod@s.