Salve, Buteco! A Sociedad Deportiva Aucas ou o "Ídolo del Pueblo" foi fundado na cidade de Quito em 6 de fevereiro de 1945 pela empresa multinacional petrolífera Shell. Desde então, adotou as cores vermelha e amarela para em seu uniforme, mas apenas 9 anos depois incorporou ao escudo a figura de um homem Huaroani, povo ameríndio da região noroeste da Amazônia, parte oriental do Equador. Trata-se de mais um clube da chamada Província Pichincha, cujos outros mais conhecidos são a LDU, o El Nacional e o Independiente Del Valle.
Para entender contextualmente a trajetória histórica do Aucas, vale a pena lembrar do post de apresentação da LDU neste Blog, publicado em 11 de março de 2019, quando escrevi que "diferentemente de seus rivais de Guayaquil, Barcelona e Emelec, a Liga demorou até se tornar um "grande" do futebol equatoriano. É bem verdade que a primeira edição da competição só foi disputada em 1957, porém a Liga demorou até conquistar seu primeiro título, que veio somente em 1969, diferentemente até mesmo que o El Nacional, seu rival de Quito. Para se ter uma ideia, a Liga, atualmente com 11 (onze) títulos, é apenas o quarto maior campeão nacional, atrás de Barcelona (15), Emelec (14) e do próprio El Nacional (13), inexpressivo internacionalmente."
Foi naquela época, antes de a LDU se tornar um clube grande no Equador e o mais expressivo daquele país no cenário Sul-Americano, que o "Superclássico de Quito" ou "Superclássico Capitalino", disputado entre o Aucas e a própria LDU, viveu os seus anos áureos. Contudo, ainda que possamos dizer que o Aucas sempre foi o menor nessa disputa, é certo que, após a construção do estádio Rodrigo Paz Delgado ou Casa Blanca, a LDU, como bem sabemos, subiu definitivamente de patamar e descolou do seu arquirrival, deixando-o bem para trás.
O Aucas seguiu sendo um clube de presença constante na Série A equatoriana, com 42 participações, mas também de não raros descensos e participações na segunda e na terceira divisões - 14 e 9 vezes, respectivamente.
É interessante destacar que as construções dos estádios do Aucas e da LDU, ambas ocorridas na década de 90 do Século XX, marcam de maneira bastante nítida a diferença entre esses dois clubes. Enquanto o Casa Blanca é um "super estádio", moderno e confortável, com capacidade para 41.575 pessoas, o Aucas manda os seus jogos no modesto Gonzalo Pozo Ripalda ou "Chillogallo" ou "La Caldera del Sur", com capacidade para cerca de 19.000 espectadores, e que será palco do confronto de hoje, contra o Mais Querido do Brasil, as 19:00h.
Sim, Amigos, se o estádio encher, o Flamengo jogará em um pequeno caldeirão na noite de hoje...
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O Aucas se classificou para a primeira disputa da Copa Libertadores da América em sua história simplesmente com a também inédita conquista do título equatoriano, em 2022. Depois de seu último rebaixamento para a Série B, ocorrido em 2017, desde a temporada 2018/2019 vem vivendo boa fase, com resultados crescentes, tais como as duas classificações seguidas para a Copa Sul-Americana (2020/2021), que precederam as já citadas conquista do campeonato equatoriano e a classificação para a atual edição da Libertadores.
Todavia, uma breve pesquisa no site Transfermarkt mostra que, entre as temporadas de 2022 e 2023, o Aucas perdeu alguns jogadores para a LDU e os grandes de Guayaquil - Barcelona e Emelec, muito embora sua Diretoria tenha tentado repô-los com vários reforços, dos quais, pelos valores envolvidos nas transações, destacam-se o meia venezuelano Rômulo Otero, com passagens por Atlético Mineiro e Corinthians no Brasil, e o centroavante equatoriano Jhon Cifuente, que veio do Barcelona de Guayaquil. Mas há muitos jovens também.
Neste ponto, chamo a atenção para a semelhança entre o trabalho que vem sendo desenvolvido no nosso adversário de hoje e no Independiente Del Valle. O clube vem investindo nas canteiras, montando o elenco com jovens formado em suas próprias divisões de base e com veteranos que se encaixem na filosofia de jogo e de trabalho. Nesta matéria do ótimo jornalista Raphael Zarko (@raphazarko), ex-setorista do Mais Querido pelo GE, vocês encontrarão várias informações sobre o adversário e uma entrevista com o seu treinador.
Falando nele, o treinador César Farías deixou a Seleção da Bolívia há cerca de um ano para dirigir o Aucas e gosta de escalar o seu time em um 3-4-3, inclusive como mandante - assistam à análise tática de Willian Godoy (@WilliamGodoy_) neste link, explicando tudo. No entanto, o experiente treinador venezuelano não conseguiu evitar, no início, a queda de rendimento na atual temporada, por conta das mudanças no elenco. Além de perder por 0x3 para o Independiente Del Valle a Supercopa do Equador, não teve sucesso nos amistosos e ocupa apenas a modesta 12ª colocação da edição corrente do Campeonato Equatoriano.
Além disso, até aqui, o Aucas só venceu uma partida na temporada, ainda que goleando, em um clássico local, a Universidad Católica de Quito, pelo placar de 4x1, no último 19 de março, na 3ª Rodada do certame nacional.
O Flamengo, porém, não pode achar que encontrará facilidades.
A uma, porque o Campeonato Equatoriano está apenas no início, tendo sido disputadas somente quatro rodadas, sendo que, após a derrota em casa, para o El Nacional, na 1ª Rodada, o Aucas empatou duas fora, uma delas contra a LDU, e goleou a Católica local por 4x1. Parece estar em recuperação após uma fraca pré-temporada e a derrota na estreia.
A duas, porque, como sabemos, contra o Flamengo todo mundo joga "o jogo da vida". Os profissionais do Aucas e sua torcida certamente têm ciência de que enfrentarão o atual campeão da Libertadores. A entrevista do treinador César Farías não deixa dúvida quanto a esse ponto.
E a três, porque tudo indica que Vítor Pereira levará a campo uma formação alternativa, tendo em vista a verdadeira guerra que promete ser o segundo jogo da final do Campeonato Carioca, contra o Fluminense, no próximo domingo.
Vale lembrar que a última formação alternativa do Flamengo foi a campo há mais de um mês, no sábado de 25 de fevereiro, contra o Botafogo, em Brasília, na vitória por 1x0 com o gol de Matheus "Megamente" Gonçalves, logo no início da partida. O time tomou sufoco no final do jogo, mesmo tendo um jogador a mais.
Até acredito que o time não será "tão alternativo assim" e provavelmente será formado com jogadores que têm pouca ou menos minutagem do que os titulares esse ano, mas que disputam essa condição, como Rodrigo Caio, Filipe Luís, Arturo Vidal e Everton Ribeiro, além de reservas como Pablo, Victor Hugo e Marinho, e o titular (?) Gabigol, que só entrou no segundo tempo no Fla-Flu do último sábado. Talvez um ou outro jogador titular, em melhores condições físicas e de "minutagem", encorpe a escalação.
As alas preocupam. Faz mais sentido esperar Filipe Luís no setor esquerdo da linha de três zagueiros, se esse desenho tático for mantido, e por isso não me surpreenderei se o Marinho pintar na ala esquerda (calafrios, rs) e o menino Wesley fizer a sua estreia internacional.
O certo é que eu não espero moleza hoje à noite.
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O Ficha Técnica subirá as 18:00h e a bola rolará no Caldera del Sur as 19:00h para Aucas x Flamengo.
Que São Judas Tadeu nos abençoe para uma estreia com o pé direito, colocando o Mais Querido no caminho do tão sonhado tetra.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.