Saudações flamengas a todos,
Após a opaca mas talvez
promissora vitória sobre o inexistente Ñublense-CHI, pela Libertadores, este
Flamengo sob nova direção terá desafio bem mais complicado, o instável
Internacional no Beira-Rio, duelo tradicionalmente difícil, que certamente exigirá
muito mais do nosso plantel.
Aproveitando o encontro, esta
semana segue a série “Caminhos da Bola”, onde são listados onze jogadores que
chegaram ao Flamengo ostentando forte identificação com um clube específico.
Então, nada mais natural que o “eleito” dessa semana seja o adversário de
domingo (chama a atenção a quantidade de atacantes). No final do texto, links
para os outros capítulos.
Boa semana a todos,
SÉRIE: CAMINHOS DA BOLA
III
FLAMENGO -
INTERNACIONAL
LUIS CARLOS WINCK (1995)
Um dos grandes nomes do
Internacional dos anos 1980, por onde conquista um tetracampeonato gaúcho e
dois Vices Brasileiros e chega à Seleção Brasileira (participa das campanhas
das medalhas de prata em 1984 e 1988), transfere-se para o Vasco em 1989. No entanto,
uma fratura o alija da convocação à Copa do Mundo de 1990 e inicia seu
declínio. Nos anos seguintes, passa por vários clubes (Internacional em
retorno, Grêmio, Corinthians, Botafogo, entre outros) e, no segundo semestre de
1995, chega ao Flamengo como mais uma tentativa para solucionar o crônico
problema da lateral-direita do time. No entanto, lento e sem explosão, não
consegue se firmar, sendo barrado pelo zagueiro Fabiano, que é improvisado na
função. Ao final do ano, é dispensado e em 1996 encerra a carreira.
GAMARRA (2000-2001)
Chega ao Internacional em 1995,
egresso do Cerro Porteño-PAR, onde foi formado. Rapidamente encanta a torcida
colorada, que vê em seu futebol técnico, combativo e de forte liderança
características que remetem ao antigo ídolo Figueroa. Gamarra é peça-chave na
histórica conquista do Campeonato Gaúcho de 1997, que encerra incômoda
sequência de reveses para o rival Grêmio. Em 2000, após se destacar na Copa do
Mundo 1998 e passar por Corinthians, Benfica-POR e Atlético Madrid-ESP, é
contratado pelo Flamengo, que monta uma equipe milionária com a ajuda de uma
empresa investidora. No entanto, o início é difícil, e Gamarra convive com
lesões que lhe impedem de manter uma sequência de jogos. Somente em 2001 o
paraguaio consegue render, sendo importante nas conquistas do Tricampeonato
Estadual e da Copa dos Campeões. Atribui-se a Gamarra grande influência na
nítida evolução do futebol do talentoso mas antes inseguro Juan, com quem faz
dupla na zaga. No meio de 2001, incomodado com o péssimo ambiente rubro-negro e
com os sucessivos atrasos salariais, pede para ser transferido para o AEK
Atenas-GRE. Encerra a carreira em 2008, após retornar ao futebol paraguaio.
MARCELO ROSA (1999)
Volante de certo destaque no
Internacional da segunda metade dos anos 1990, onde conquista o Estadual de
1997 e participa da ótima campanha do Colorado no Brasileiro do mesmo ano, é
emprestado ao Flamengo em 1999 após um período de má fase no Beira-Rio. No
rubro-negro, Marcelo mostra futebol combativo e de bom nível, encaixando-se
rapidamente na equipe em que, como titular, conquista a Copa Mercosul 1999. No
entanto, sem dinheiro para exercer a compra, o Flamengo o devolve ao
Internacional no fim do ano. Em 2011, após rodar por vários clubes (inclusive
do futebol chinês e japonês), encerra a carreira no Cruzeiro-RS, clube que o
revelou.
CARPEGIANI (1977-1981)
Gaúcho de Erechim, é um dos
principais nomes do fantástico Internacional dos anos 1970, formando uma dupla
devastadora com Falcão no meio-campo. Volante técnico e de personalidade forte,
que gosta de sair para o jogo, chega a ser titular da Seleção Brasileira que
disputa a Copa do Mundo de 1974. Seu grande momento é o gol de placa que
elimina o favorito Fluminense de Horta da Semifinal do Brasileiro de 1975, em
pleno Maracanã. No entanto, Carpegiani sofre séria lesão no joelho e perde
rendimento, até que em 1977 o Flamengo, precisando dar experiência a um plantel
extremamente talentoso mas ainda jovem, resolve arriscar e apostar no jogador.
Dá certo, e Carpegiani ajuda a liderar e a maturar a dourada geração que
marcará uma Era. Conquista, pelo Flamengo, o Tri Estadual 1978-1979-1979E e o
Brasileiro 1980. No ano seguinte, cansado das dores recorrentes no joelho,
abandona a carreira no início do Estadual. Pouco depois, assume como treinador
interino após a demissão de Dino Sani e, efetivado, é o comandante do time
Campeão da Guanabara, Estadual, Brasileiro, Sul-Americano e Mundial entre 1981
e 1982, iniciando, assim, longa carreira de técnico de futebol.
CAÍCO (1996)
Meia de infernal drible curto e
muito talentoso, ascende de forma meteórica no Internacional, já exercendo
papel importante na conquista da Copa do Brasil 1992 (marca um gol no primeiro
jogo da Final contra o Fluminense). No entanto, muito jovem, não consegue
manter consistência nas temporadas seguintes e, após apagada passagem pelo
futebol japonês, chega ao Flamengo para a disputa do Brasileiro 1996, com a
responsabilidade de substituir Amoroso. Mas Caíco pouco mostra e exerce apenas
figuração no limitado time de Joel Santana. Ao final da melancólica campanha
rubro-negra, Caíco é transferido para o Santos, iniciando impressionante
trajetória de andarilho da bola, encerrada em 2009 no Itumbiara-GO.
CLEO (1983)
Desde as divisões de base no
Internacional, o meia Cleo chama a atenção com um futebol muito eficiente, de
alto nível técnico, disciplina tática e muita movimentação. Possui tanto
talento que é trabalhado como o “sucessor de Falcão”. E, após a venda do ídolo
colorado, assume, de fato, o papel de protagonista da equipe, sendo o melhor
jogador colorado em 1981, o que lhe vale uma transferência para o
Barcelona-ESP. No entanto, uma polêmica decisão (posa nu para uma revista pouco
antes de viajar para a Espanha) arruína sua passagem pela Catalunha. Estigmatizado
e perseguido, sequer chega a atuar pela equipe culé. É emprestado ao
Internacional de volta e, em 1983, o Barcelona o vende ao Palmeiras. Faz bom
Brasileiro, mas não consegue conquistar o título, e a Diretoria alviverde
resolve reformular o elenco, emprestando Cleo ao Flamengo, que o traz em um
pacote de reforços que busca reconstruir a equipe após a venda de Zico. Mas
Cleo atua numa posição em que o rubro-negro já possui farta oferta de talento,
e o jogador apenas exerce papel coadjuvante na conquista da Taça Rio 1983. Ao
final do ano, é devolvido ao Palmeiras. Em 1989, encerra a carreira no Vila
Nova-GO.
PIRILLO (1941-1947)
Destaca-se ainda jovem no pequeno
Americano-RS, chamando a atenção do Internacional, que o contrata. No colorado,
impressiona pela assustadora facilidade com que marca gols e mais gols, obtendo
tanto destaque que se torna um dos raros jogadores fora do Eixo Rio-SP a chegarem
à Seleção Brasileira. Despede-se do Inter num 5-2 sobre o Grêmio, indo atuar no
Peñarol-URU, em 1939. Dois anos depois, resolve retornar ao Brasil e o Flamengo
vence a concorrência com os gaúchos, trazendo Pirillo para substituir ninguém
menos que Leônidas da Silva, o melhor jogador brasileiro em atividade. Os
torcedores e a crônica demoram a se acostumar com o jogo mais físico e vigoroso
de Pirillo, diametralmente oposto à leveza de Leônidas, e o atacante chega a
ser perseguido, especialmente por Ari Barroso, que se recusa a aceitar a venda
do Diamante Negro. Com efeito, quanto mais gols Pirillo marca, mais é perseguido
pela diabólica gaita de Ari. De qualquer forma, Pirillo estabelece, em 1941, a
marca de 39 gols no Campeonato Carioca, feito jamais superado. O atacante é protagonista
do mortal ataque do Flamengo Tricampeão Carioca de 1942-43-44, permanecendo no rubro-negro
até 1947, quando, desgastado, é negociado com o Botafogo, onde encerra a
carreira. Com 208 gols marcados, Pirillo é o quarto maior artilheiro da
história do Flamengo.
KITA (1986-1987)
Destaca-se ao se tornar, atuando
pelo Juventude, artilheiro do Campeonato Gaúcho de 1983, o que o faz ser
negociado com o Internacional, por onde conquista o Tetracampeonato Gaúcho em
1984 e, atuando pela Seleção Olímpica, a medalha de prata nos Jogos de Los
Angeles-EUA. No entanto, um processo de reformulação no plantel colorado o faz
ser transferido para a Internacional-SP, clube em que atinge o auge da carreira,
ao se tornar, de forma espetacular, Campeão Paulista 1986 e artilheiro da
competição. O Flamengo, precisando de um atacante de área, contrata Kita, que
faz bom Brasileiro no mesmo ano, marcando gols (chega a fazer três num 4-0
sobre o Goiás, no Serra Dourada) e se firmando. No entanto, quando Bebeto
retorna de lesão, o treinador Sebastião Lazaroni tem dificuldade em conciliar
os estilos da dupla (Bebeto é rápido e leve, Kita é pesadão e fixo na área), e,
com a chegada de Renato Gaúcho em 1987, o centroavante perde espaço. Kita ainda
faz parte do elenco que conquista o Brasileiro 1987, mas, ao final do ano,
retorna à Internacional-SP. Encerra a carreira em 1990, atuando pelo
Atlético-PR e, em 2015, falece precocemente, vítima de diabetes.
NILSON (1993)
Chega ao Internacional em 1988,
após rodar pelo interior paulista. Tem atuação marcante no Brasileiro, sendo
protagonista da equipe que fica com o Vice-Campeonato. Seu grande momento são
os dois gols marcados no “Gre-Nal do Século”, válido pela Semifinal (2-1 de
virada, com o colorado com um a menos). Mas Nilson, na temporada seguinte, cai
em desgraça ao perder dois pênaltis (um deles, no tempo normal) na derrota, em
pleno Beira-Rio, para o Olimpia-PAR (2-3), que elimina o Internacional da Libertadores,
na Semifinal. Em 1993, após passar por vários clubes (entre eles o Grêmio),
chega ao Flamengo, para disputar a Camisa 9 com Gaúcho, que vive mau momento. No
entanto, apesar de marcar vários gols e apresentar rendimento nitidamente superior
ao do ídolo flamengo, Nilson jamais conquista a torcida, seja pelo seu
temperamento frio, seja pela indefinição dos treinadores, que hesitam em barrar
Gaúcho, seja pelos desentendimentos com Renato Gaúcho em campo. Após o fracasso
do rubro-negro na primeira metade da temporada, Nilson é negociado, passando a
seguir longa jornada caracterizada por não parar em nenhum clube. Encerra a carreira
em 2005.
LEANDRO DAMIÃO (2016-2017)
Revelado no futebol catarinense,
chega ao Internacional em 2010, e apresenta ascensão meteórica, já marcando, em
seu primeiro ano, um gol na vitória por 3-2 sobre o Chivas-MEX que dá ao
colorado o título da Libertadores 2010. No ano seguinte, consolida-se como um dos
principais nomes da equipe que conquista o Campeonato Gaúcho e a Recopa
Sul-Americana. Seu grande momento é o gol de bicicleta que marca em um 2-2
contra o Flamengo, no Beira-Rio, pelo Brasileiro. Mas, dois anos depois, é
negociado com o Santos em uma transação milionária e controversa que envolve a
participação de um fundo de investimentos. E, no alvinegro praiano, jamais
consegue chegar perto das expectativas, convivendo com vaias, atuações ruins e
lesões. Em 2016, após ser repassado a Cruzeiro e Betis-ESP, Leandro Damião é
novamente emprestado, desta vez ao Flamengo, para servir como alternativa às
frequentes convocações de Guerrero. No rubro-negro, Damião até apresenta
espírito de luta e algumas boas atuações no início, mas jamais consegue ameaçar
a condição de titular do peruano. Com a ascensão do jovem Felipe Vizeu em 2017,
perde ainda mais espaço e aceita retornar ao Internacional no meio da
temporada. Hoje defende o Kawazaki Frontale-JAP.
LEANDRO MACHADO (1999-2001, 2002)
Destaca-se ainda jovem no
Internacional, onde começa a atuar em 1994 e logo se torna referência e goleador
em uma época difícil, onde o rival Grêmio coleciona taças. Pelo Colorado,
conquista o Estadual 1994 e chega à Seleção Brasileira, mas tem parte do prestígio
arranhado quando perde um pênalti na inacreditável derrota para o lanterna
Bragantino (0-1) que elimina o Internacional do Brasileiro 1996. Três anos
depois, após passagens positivas pelo futebol europeu (notadamente no
Sporting-POR), é contratado pelo Flamengo, que busca um atacante de área para
fazer dupla com Romário. Leandro não sente o peso da camisa e rapidamente se
firma como titular, sendo importante na conquista do celebrado Estadual 1999 e
da Copa Mercosul no mesmo ano, mesmo com a concorrência de Caio, xodó da
torcida. Mas um incidente disciplinar no final do Brasileiro quase o faz ser
negociado. Mas permanece no Flamengo e segue mantendo boas atuações, a despeito
da concorrência de Tuta, vindo do Vitória. No entanto, Leandro Machado sofre
grave lesão no joelho e perde o restante da temporada após o Bi Estadual. Volta
no ano seguinte e não consegue repetir o nível das atuações, sendo coadjuvante
na campanha do Tri Estadual e da Copa dos Campeões 2001. Após ser emprestado ao
Internacional, retorna em 2002 para a disputa da Libertadores, mas após o fiasco
na competição e com a grave crise vivida pelo Flamengo pós-ISL, é negociado com
o Dinamo Kiev-UCR. Encerra a carreira em 2008, no Sport.
Links capítulos anteriores:
Parte I: Flamengo – Corinthians
Parte II: Flamengo – Fluminense