DE COUTINHO A JESUS
Esta é a lista de treinadores que conseguiram emplacar ao menos um
ano de trabalho ao longo de quase 50 anos de história do Flamengo.
Doze nomes. Boa semana a todos.
Claudio Coutinho (1978 – 1980), 28 meses
Após retornar
da Copa do Mundo, reassume o comando do Flamengo, dando continuidade ao
processo de montagem iniciado dois anos antes. Intensificando a fórmula de
mesclar a talentosa base com jogadores veteranos, faz o time evoluir
rapidamente, conquistando um Tricampeonato Estadual e um Brasileiro. Desgastado
com a perda do Tetra Estadual, sai antes do auge de uma equipe que conquista o
mundo.
2. Paulo Cesar Carpegiani (1981 - 1983), 20 meses
Com as
experiências mal-sucedidas de Modesto Bria e Dino Sani, assume, em caráter
interino, poucas semanas após pendurar as chuteiras como jogador. Resgata o
legado de Coutinho e consegue fazer a equipe se reencontrar com o bom futebol
que parecia perdido. O resultado é espetacular, e em pouco tempo o Flamengo se
torna o detentor de todos os títulos possíveis em uma temporada. Mas sua
relação com o elenco se deteriora com o tempo e, após as perdas do Estadual e
da Libertadores em 1982, torna-se fortemente contestado. Sem conseguir motivar
o time, pede demissão no início do Brasileiro 1983, irritado com críticas e
vaias.
3. Sebastião Lazaroni (1985 – 1987), 18 meses
Assume como
interino após a demissão de Joubert, e, de maneira um tanto forçada (excesso de
lesões), dá início a um forte processo de reformulação no plantel, com intenso
uso de jogadores da base e uma filosofia de jogo mais coletivo e intenso. Seu
auge se dá com a conquista do Estadual 1986, mas a perda do Brasileiro e os
atritos com alguns veteranos minam seu trabalho, que termina após uma sequência
ruim no começo da Taça Guanabara 1987.
4. Carlinhos (1991 - 1993), 18 meses
Chega para
acalmar o ambiente, após a controversa passagem de Vanderlei Luxemburgo. Com
alguns acertos pontuais, atinge o ponto de equilíbrio de um time que mescla com
perfeição a presença de jogadores experientes e a exuberante base campeã da
Copa SP de 1990, tudo sob a liderança do experiente Júnior. É campeão Estadual
e Brasileiro, mas a saída de jogadores importantes e a troca de comando da Diretoria
após as eleições presidenciais lhe fazem perder prestígio. Acaba saindo após o
mau início na Libertadores.
5. Vanderlei Luxemburgo (2010 – 2012), 15 meses
Assume como “bombeiro”,
para salvar o time da real ameaça do rebaixamento, num dos anos mais
tumultuados da história do clube. A duras penas, consegue evitar o desastre. No
ano seguinte, com um elenco consideravelmente superior (comandado pelo astro
Ronaldinho Gaúcho), emplaca o Estadual invicto e chega a disputar o título
brasileiro na primeira metade da competição. Mas problemas estruturais corroem
o trabalho, e no início de 2012 entra em rota de colisão com vários jogadores.
Sem respaldo, acaba perdendo o emprego, em desfecho semelhante ao que ocorrera
em 1995, com Romário.
6. Zagalo (1984 – 1985), 14 meses
A traumática
eliminação do Brasileiro custa a cabeça de Claudio Garcia. Experiente, Zagalo assume
um elenco fortíssimo, com a proposta de simplificar o esquema de jogo,
tornando-o ainda mais competitivo, e fazer um ou outro ajuste. Mas, apesar de
manter o time como protagonista, fracassa na Libertadores e no Estadual. No ano
seguinte, começa a renovar o time, mas a vexaminosa eliminação do Brasileiro,
mesmo com Zico de volta, significa o fim. A passagem sem títulos se revela
fatal para os planos de retorno à Seleção Brasileira.
7. Ney Franco (2006 – 2007), 14 meses
Chama a
atenção à frente do modesto Ipatinga, eliminado pelo próprio Flamengo das Semifinais
da Copa do Brasil (após passar por Botafogo e Santos) de forma dramática. Chega
para o lugar de Waldemar Lemos, demitido por “problemas internos” e se sai
muito bem na fogueira da Final da Copa do Brasil, ganhando o título contra o
Vasco. É marcado pela indicação de vários jogadores com quem trabalhara no
Ipatinga (a jocosamente denominada “República do Pão de Queijo”). Termina de
forma digna o Brasileiro, mas a eliminação precoce da Libertadores 2007 acentua
a já crescente onda de críticas. Conquista, sem brilho, o Estadual, mas o desastroso
início do Brasileiro é fatal. Seu principal legado é a introdução do esquema de
“alas”, que seria aprimorado pelo sucessor, Joel Santana, e sua “Tropa de Elite”.
8. Zé Ricardo (2016 – 2017), 14 meses
Recomendado
pelo título da Copa SP, é içado ao comando do time principal após os problemas
de saúde de Muricy Ramalho. Implementa um esquema simples, de fácil execução, e em poucos jogos organiza o time, o que o antecessor não conseguira em quase um
semestre. De forma surpreendente, chega a disputar o Brasileiro, o que ergue
seu prestígio às alturas. No ano seguinte, tenta (sem sucesso) arejar a forma
de jogar do time, mas, apesar da conquista invicta do Estadual, é ferido de
morte com a eliminação na Primeira Fase da Libertadores. Não consegue lidar com
a lesão do principal jogador do time, Diego, e com a péssima fase de alguns
jogadores, que hesita em barrar, o que gera muita reclamação da torcida, que contesta seus critérios de escalação. Cai na
última rodada do primeiro turno do Brasileiro, após oscilar por toda a
competição.
9. Claudio Coutinho (1976 – 1977), 12 meses
Profissional
conceituado, com experiência em outros clubes como preparador físico e
supervisor, chega ao Flamengo com a missão de iniciar um trabalho a longo
prazo, com ênfase no aproveitamento dos jogadores da base. Logo consegue trazer
protagonismo ao time, que, após dois anos, volta a disputar o título do
Estadual. No final de 1977, licencia-se para assumir a Seleção Brasileira para
o preparo e a disputa da Copa do Mundo, dando lugar a Jayme Valente.
Zagallo (2000 – 2001), 12 meses
Experiente, é
tido como o nome ideal para lidar com um elenco cheio de medalhões, e buscar o
tri estadual no ano seguinte. O cartão de visitas é exuberante, um 4-0 no Vasco
logo na estreia. No ano seguinte, apesar dos graves problemas enfrentados (elenco
desunido, salários atrasados, falta de estrutura), consegue mobilizar os jogadores
para a conquista, de forma espetacular, do almejado Tricampeonato. Na esteira,
emplaca a Copa dos Campeões, que dá vaga para a Libertadores. Contudo, a
realidade se mostra cruel no Brasileiro e o Velho Lobo não consegue tirar uma
equipe desmotivada da Zona do Rebaixamento. Ironicamente, o time voa na Copa
Mercosul. Mas Zagallo acaba demitido nas rodadas finais do Brasileiro, quando o
rebaixamento parece iminente.
Jorge Jesus (2019 – 2020), 12 meses
O português se
interessa em trabalhar no Brasil, e passa a assistir a alguns jogos, dizendo-se
receptivo a propostas. As conversas com outros clubes não evoluem, e Jorge Jesus
acaba no Flamengo, em lugar do contestado Abel Braga. Após início instável,
Jesus consegue equilibrar um time repleto de jogadores de primeira linha e transforma
o Flamengo em uma verdadeira máquina de jogar futebol. O resultado é a mais
devastadora sequência de títulos desde a Era Zico. Pouco depois de renovar o
contrato (num processo atribulado), aceita proposta do Benfica-POR e deixa o
clube, amealhando a inacreditável marca de ter juntado mais troféus que
derrotas.
Joel Santana (1996), 11 meses
Não chega a
passar 12 meses no cargo, mas integra a lista por ter comandado o Flamengo por
uma temporada completa. Chega em 1996 credenciado pela ótima temporada à frente
de um limitado Fluminense e pela conhecida boa relação com Romário. Joel consegue
manter sob controle o difícil e estrelado plantel rubro-negro e, em resposta à
decepção do Centenário, crava a conquista do Estadual, de forma invicta. Em todo
o primeiro semestre, registra apenas uma derrota, o que faz do time candidato
ao Brasileiro. No entanto, o já usual entra e sai de jogadores da época força a
remontagem do time, que, mesmo de qualidade inferior, ainda é forte e ocupa as
primeiras posições. Mas, após uma mal explicada “sondagem de um clube japonês”,
Joel perde prestígio com o elenco, que cai vertiginosamente de rendimento e
termina o ano de forma melancólica.