segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Lições e (Ainda) as Conjecturas

 

Salve, Buteco! Quando escrevi, na semana passada, que, se tivesse favorito, seria o Palmeiras, não estava fazendo média. Inclusive fui para o estádio consciente de que seria difícil. Em nenhum momento, antes do jogo, consegui, por exemplo, enxergar o Flamengo vencendo nos pênaltis, e sabia que, por ser o primeiro jogo a vera da temporada, dificilmente o time venceria durante os 90 minutos.

Façam uma pesquisa sobre o adversário. Palmeiras não é Vasco da Gama e muito menos Atlético Mineiro. Palmeiras não é Fluminense. É o clube com maior número de títulos nacionais. Acredito que existam dois adversários com tamanho e perfil para desafiar permanentemente o Flamengo em competições nacionais: Corinthians e Palmeiras. 

Nem o São Paulo entra nessa seleta lista. O tricolor paulista teve, a partir de 1986, exatas duas décadas de glória suprema. Em todo o restante de seus até aqui menos de 100 anos de História, esteve abaixo da dupla Palmeiras e Corinthians.

Nos dias atuais, malgrado a sua disputa perene com o Corinthians, pelos motivos que todos sabemos apenas o novo campeão da Supercopa tem condições de rivalizar conosco a curto e médio prazos. E por isso, esportivamente, faz com o Flamengo o maior clássico do Brasil no momento, o que é diferente de maior rivalidade ou mesmo rivalidade mais acirrada.

Com absoluta consciência da ameaça que o rival representa, o Palmeiras enfrenta o Flamengo com a faca nos dentes, tal como o fazem Atlético Mineiro, Botafogo, Fluminense e Vasco da Gama, por exemplo. Só que, além de ser maior e ter uma camisa muito mais pesada do que todos eles, com Abel Ferreira tem algo a mais, que não se resume ao aspecto tático, agregando também grande força mental. 

O Palmeiras não é, nunca foi e jamais será o tipo de rival que o Flamengo vencerá entrando soberbo dentro de campo. Existem outros rivais que podem ser encaixados nesta descrição (Fluminense, por exemplo), mas na minha opinião apenas o Corinthians é tão grande quanto e, portanto, oferece risco de igual tamanho.

É preciso muito cuidado com essa rivalidade: dos anos 90 para cá, em finais vencemos a Mercosul/1999 e a Supercopa/2021, enquanto eles venceram Maria Quitéria/1997, Naranja/1997, Libertadores/2021 e Supercopa/2023. Finais, de diversos tamanhos e espécies, com algumas "tãçinhãs", mas todas finais, valendo taça. E para piorar, o Palmeiras também vence no confronto direto (42x48 vitórias e 184x204 gols). 

Portanto, nenhum jogo contra o Palmeiras deveria ser precedido de soberba. Tampouco é sábio e conveniente provocar ostensivamente a torcida desse adversário durante os 90 minutos.

Buda Mendes/Getty Images

Quando escrevi que seria muito importante para o trabalho de Vítor Pereira começar conquistando a Supercopa do Brasil (apesar da maldição), não externei o que achava mais provável, mas o que mais desejava, ainda que essa opção oferecesse o risco do oba-oba, sempre presente no Flamengo, principalmente antes de um Mundial de Clubes.

Nem por isso acho que a derrota tenha sido o pior dos cenários. Muito pelo contrário, existem derrotas "didáticas" e creio que foi o caso da de sábado. Arrisco-me até a dizer que veio para o melhor, pois diminui bastante o espaço para salto alto daqui por diante, inclusive, vejam só, por parte da Diretoria.

Por outro lado, prevejo que os próximos confrontos contra o Palmeiras serão marcados por uma mobilização diferente do elenco. Só espero que, quando acontecer, estejam em paz com o seu treinador, seja ele quem for.

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João Gomes não é um craque nem insubstituível, mas era titular e peça-chave no esquema tático, tendo em vista a combatividade. O Flamengo de 2013 para cá preza a boa governança financeira e não serei eu a criticar a utilização de revelações da base para montar times competitivos.

Contudo, tudo na vida é questão de timing. Se entendeu ser indispensável negociar neste momento o jogador, a semanas do Mundial de Clubes, a mesma Diretoria que se vangloria de "não precisar mais apresentar garantias bancárias quando senta à mesa para negociar"  teria que desde logo trazer a peça de reposição, ou será que só pode ser com (muita) grife e vindo da Europa?

Falando nisso, as peças de reposição do elenco não têm características semelhantes as dos titulares que saíram - Rodinei e João Gomes. O novo esquema do treinador levará tempo para ser assimilado (se ele resistir no cargo). Logo, é forçoso reconhecer que o planejamento de 2023 não levou o Mundial de Clubes como prioridade, sob pena de apontarmos um episódio grave de incompetência.

Quando falo em priorizar o Mundial, refiro-me a não passar vexame. Que fique claro.

A gestão de Rodolfo Landim é histórica, mas também pode ficar marcada pela perda de oportunidades históricas. O presidente, antes do início de seu primeiro mandato, afirmou que tem como gestor a qualidade de escalar as pessoas certas para os lugares certos.

Não sei o que pensam a respeito, mas parece-me clara a capacidade de fazer conviver, na mesma Diretoria, pessoas com pensamentos absolutamente antagônicos. Essa mesma característica coloca como grande ponto de interrogação na sua sucessão. Não há em sua Diretoria candidatos com o mesmo perfil, mas apenas com a expectativa de sucedê-lo, o que nos permite projetar uma disputa muito acirrada em 2024, até pelas rivalidades internas.

E até lá, o que acontecerá? Não é todo dia que se tem a honraria de disputar o Mundial de Clubes e ninguém sabe quando isso ocorrerá de novo, nesta mesma gestão Landim ou nas próximas.

A torcida merecia mais transparência e respeito. O planejamento da temporada 2023 é um dos piores da História do clube.

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O Flamengo não contratou um Domènec Torrent ou um Paulo Sousa da vida, mas um treinador de verdade. Basta analisar o currículo. Muitas são as variáveis que podem determinar o sucesso ou o fracasso de um treinador em um determinado clube. 

Contudo, em se tratando de Flamengo, é inadmissível cogitar de mais uma fritura de comissão técnica. Comentei as declarações de Filipe Luís no post da semana passada, dentro do contexto das dificuldades da partida contra o Palmeiras.

Faltou dizer naquele post que o seu chilique é intolerável. Cabe à Diretoria por fim nesse círculo vicioso do elenco brilhante, mas igualmente mimado, que se acha no direito de escolher o treinador.

É claro que o treinador precisa ser cobrado. É muito bem remunerado para fazer o time jogar bola. Só que a passagem de Vítor Pereira pelo Flamengo exigirá refinamento de critérios para determinar responsabilidades, considerando o seu currículo e os precedentes no proprio clube com os dois últimos treinadores estrangeiros. 

É bom que a torcida olhe com lupa para tudo.

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É hora de virar a chave. A expectativa, a partir de agora, passa a ser foco total na missão de chegar à final do Mundial de Clubes.

Boa semana e SRN a tod@s.