2023. Começa a gestão técnica de Vitor Pereira, o tal técnico português que a imprensa paulista criou ojeriza por largar o Corinthians e ir pro Flamengo. Se fosse o contrário?
Enfim, chororô de marmanjo é das coisas mais repulsivas que enfrentamos atualmente em um mundo cada vez mais mimizento. Ninguém pode ser contrariado, ninguém mais pode discutir, ninguém mais pode "bater de frente", porque a pessoa falsamente empoderada do outro lado se desmancha em lágrimas e imediatamente perde os escrúpulos de solicitar a mão forte da (in)Justiça para extorquir o dinheiro alheio.
Em um mundo em que um homem segurar a porta para uma mulher entrar virou demonstração de machismo, nada mais fácil que todos virarem "emos", e infinitamente preocupados que suas próprias fragilidades se mantenham intactas.
E a fragilidade do Corinthians veio à tona. O técnico preferiu o Flamengo. Clube hoje superior economicamente e tecnicamente. Dorival fez a mesma coisa e ainda pior. Largou o Ceará para ir ao Flamengo. Claro. Não é burro ou medroso. Mas a imprensa paulista protege seus clubes como anjos celestiais imaculados e chora quando confrontada nesta visão.
Enfim, o tal técnico agora tem vários problemas e várias soluções. É um elenco forte e vasto, ainda que falte algumas peças importantes. Como agradar tantos egos? Tantos jogadores que não querem ser reservas e preferem minutagens? Pois se você, jogador, pode ser titular em pelo menos 15 das 20 equipes de Série A porque deve se satisfazer em uma reserva eterna? Por isto quase Pedro foi embora e com razão. Salvo pelo gongo do Dorival.
Mas agora? Cabe Gabigol e Pedro juntos novamente? A não ser que mudem de postura em campo talvez não. Ambos não gostam de voltar e o time do Flamengo na transição defensiva foi bem fraco com Dorival deixando quase tudo estourar na última linha. João Gomes e Thiago Maia deviam fazer milagres a cada jogo, cobrindo do meio às laterais do campo. Porque a recomposição de frente era fraca. O saudoso salve salve Jorge Jesus resolveu o problema, fazendo enorme pressão na saída de bola adversária compactando espaços com bola coberta e montando linhas de impedimento isentas de falha. Mas é o estilo do Vitor Pereira? Vimos que não no Corinthians. Logo, procurará, creio, criar um Flamengo fluido moldado ao adversário todo jogo. Acho que não teremos "o time titular" e sim o "time adaptado". Em que certamente deve haver forte revezamento e muita troca rápida de passes, dada a ênfase que parece dar nisso nos treinamentos que são mostrados pela FlaTV.
Particularmente, dando certo, creio que seja uma boa forma de organização e bem motivacional. O engessamento de "time titular" tem o lado bom do entrosamento mas o lado ruim da previsibilidade, que ficou marcante no final do trabalho do Dorival. Se o Flamengo tem a possibilidade de surpreender a cada jogo, com variação tática, posicionamento de jogadores e escalação, isto pode garantir um primeiro tempo dominante pelo inesperado. E um outro jogo no segundo tempo quando o adversário entende o jogo e faz variações para superar o Flamengo. Enfim, emoções não devem faltar ao rubro negro de 2023. Flamengo é um clube que disputará todos os títulos. Espero que não abandone o Brasileiro como fez em 2022.
