Salve, Buteco! No post da semana passada, debatemos bastante acerca do "teto" do treinador Dorival Júnior. Tentei elencar uma série de circunstâncias que atenuam a sua responsabilidade pela queda de rendimento do time nos meses de setembro e outubro. No final das contas, acho que Dorival é um herói. Pesando na balança o vestiário dividido, a crise do elenco com a Diretoria e a pouquíssima combatividade do time, a conquista das duas copas é um feito histórico. Dorival escreveu com tinta indelével o seu nome na História do Mais Querido do Brasil e terá o meu agradecimento eterno.
Apesar disso, e do pouquíssimo tempo decorrido desde a conquista de ambas as copas, o futuro próximo do Flamengo me preocupa, e não é pouco. É que, já no início de 2023, o sarrafo vai subir e o nosso treinador enfrentará desafios distintos daqueles que superou em 2022. A rigor, em nível de treinadores "top" no cenário sul-americano, Dorival enfrentou apenas Abel Ferreira, em uma partida pelo Brasileiro, e Vítor Pereira, sendo que este último parece ter aprendido a enfrentar o nosso simpático treinador.
Como ia "dizendo" (escrevendo), o sarrafo vai subir bastante em 2023. Logo em 28 de janeiro o Flamengo enfrentará o Palmeiras de Abel Ferreira. De setembro para cá, apesar dos títulos rubro-negros nas duas copas, o time comandado por Abel Ferreira joga um futebol mais competitivo e de melhor qualidade.
Não muito depois, nos dias 8 e 15 de fevereiro, o Flamengo possivelmente (as datas ainda não foram confirmadas) enfrentará o Independiente Del Valle pela Recopa Sul-Americana. O "Suco" é treinado pelo jovem (42 anos) argentino Martín Anselmi, que, taticamente, "comeu com farofa" o São Paulo de Rogério Ceni na final da Copa Sul-Americana. O Tricolor paulista simplesmente não jogou. Quem quiser conferir, pode assistir ao videotape neste link do YouTube.
Provavelmente depois (a especulação mais popular hoje fala em março), virá o Mundial de Clubes. O futebol apresentado pelo Flamengo nos três jogos finais me preocupa. Tomando por referência o Al Hilal de Razven Lucescu em 2019, não estou seguro sequer de que passaremos das semifinais. Logo, para mim não faz o menor sentido falar em Real Madrid de Carlo Ancelotti. Considero um tanto imprudentes as provocações feitas recentemente aos "Merengues".
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O teto não é só de Dorival. Aliás, coitado, o treinador é o menos culpado. Odeio esse estilo de gestão que empodera excessivamente os atletas, inobstante deva reconhecer que vem tendo muito êxito na conquista de títulos relevantes para o Flamengo. A quantidade de concessões que Dorival precisou fazer para sobreviver, como escrevi semana passada, traz-me dúvidas quanto ao seu teto, muito embora a falta de repertório e atitude, ironicamente, talvez seja justamente o fator mais determinante do seu teto. A escalação de Diego Ribas, ontem, no Couto Pereira, que o diga.
Os desafios de 2023, para a Diretoria, são maiores do que os de Dorival. Paulo Sousa, inequivocamente, foi uma tentativa de "enquadrar o elenco". A maneira grosseira com que o português tentou mostrou que sua escolha foi um erro colossal. Deu no que deu.
Dorival, então, veio administrar o caos e, para tanto, fez suas concessões. Achei curiosa a maneira como o presidente Rodolfo Landim referiu-se a Jorge Jesus em recente "live" da qual participou. Será que a Diretoria começa a acenar para o Mister, visando um meio termo?
O certo é que o elenco precisa de reforços, já para o início da temporada de 2023. Do contrário, será um forte indício de que as copas novamente serão priorizadas em detrimento do Campeonato Brasileiro.
O sarrafo também subiu para a Diretoria.
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Odeio e tenho asco da maneira pela qual o Campeonato Brasileiro foi tratado esse ano. Espero que essa semana passe rápido. As duas copas não me tornaram indiferente a escalações e derrotas bizarras nesses jogos finais.
O Brasileiro/2023 é obrigação.
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A palavra está com vocês.
Boa semana e SRN a tod@s.