terça-feira, 29 de novembro de 2022

A Copa 2022 e o Flamengo 2023

 


Olá Buteco, bom dia!

Andrade, Adílio, Tita, Zico, Nunes e Lico.

William Arão, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol.

O que os dois maiores times do Flamengo têm em comum? Dois timaços, avassaladores em suas épocas, com um ataque poderosíssimo e que não tinham problemas crônicos de marcação. É bem verdade que ambas as defesas também tinham uma qualidade absurda – Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior em 81, Diego Alves, Rafinha, Marí, Rodrigo Caio e Filipe Luís em 19. Dois verdadeiros esquadrões.

Em todo caso, é importante notar que não havia tanta distinção entre “jogador de marcação” e “jogador de construção”, nos nossos times históricos. Há incontáveis jogadas geniais de participação em gols de Andrade e Adílio, assim como outras tantas iniciadas e/ou finalizadas por Arão e Gerson. Por outro lado, há pelo menos dois gols emblemáticos do Flamengo 2019 que saem de bolas recuperadas por Arrascaeta, no nosso campo de defesa: Internacional 1x1 Flamengo, Flamengo 2x1 River Plate. Dois times que jogavam e marcavam, com muita competência em todos os fundamentos de uma partida de futebol.


Adílio – Assistência para Zico e Passe para pênalti em Lico em Flamengo 2x0 Cobreloa 

Andrade – Gols pelo Flamengo

Arrascaeta rouba a bola e lança Bruno Henrique. Gabigol tá pedindo...

Arrascaeta rouba a bola, lança Bruno Henrique e ainda dá tempo de chegar para a assistência.

Mas o amigo leitor deve estar se perguntando onde quero chegar com essa valorosa recordação e o que isso tem a ver com a Copa 2022, que dá título à coluna de hoje. Ora, meus queridos, a ideia é fazer um paralelo com as “grandes” dúvidas do treinador da seleção brasileira, que não sabia se escalava Vinícius Jr ou Fred no jogo da estreia e, após perder Neymar, abdicou do meio-campo mais “moleque” e que fora bem contra a Sérvia para entrar com o volante do Manchester United, ao invés de usar Everton Ribeiro para abrir o ferrolho suíço. E, dizem, esse é o melhor treinador que temos por aqui...

Depois de ver o Flamengo 2019 jogar, o sarrafo ficou muito alto para mim. Me parece claro que nenhum dos treinadores pós-JJ conseguiu ajustar marcação e criação nem com metade da eficiência que o Mister ensinou. Vimos um Flamengo ainda muito ofensivo, construindo placares históricos e seguindo seu caminho de títulos importantes, mas também sofrendo algumas goleadas, eliminações bizarras e vice-campeonatos doídos, pela falta de equilíbrio do time. 

Nesse sentido, é interessante perceber que o time tricampeão da América precisou recorrer aos jogadores mais específicos de marcação – Thiago Maia e João Gomes – para que o quarteto pudesse funcionar lá frente. Vidal, mais técnico, acabou preterido (corretamente!) pela dupla de volantes mais pegadores. E, também por conta disso, há quem ache que o retorno de Gerson poderia desequilibrar esse arranjo. 

Continuando com a Copa do Mundo, outra das “teorias” que escutamos por aqui é que acham que Arrascaeta não contribui muito com o momento defensivo e que, por isso, ele não está na Europa e/ou não é titular na seleção uruguaia. O que eu posso dizer é que, sem ele no time principal, o Uruguai ainda não fez gol na Copa e, agora que a água chegou na cintura, provavelmente, vão lançá-lo contra Gana, em busca da classificação. Vi ontem Portugal x Uruguai e os vizinhos melhoraram consideravelmente após a entrada do nosso Camisa 14...

Então, camaradas, o meu ponto é que devemos desapegar dessas teorias furadas (“é melhor vender o Pedro ou o Gabigol, para não ter problema no ataque”) e esperar que o futuro treinador do Flamengo – que, ao que tudo indica, será o português Vitor Pereira – faça o trabalho para o qual será contratado, ou seja, montar um time que entre em todas as competições para ganhar, mantendo o histórico ímpeto ofensivo do Flamengo, aliado a uma forte marcação, independente dos jogadores que entrem em campo. É um trabalho difícil? Óbvio, isso aqui é o Flamengo! Mas pode ser feito, porque já o foi. Duas vezes.

Se vai jogar A ou B, C ou D, pouco importa. Aliás, com o número de jogos que temos em cada temporada, esse não deveria nem ser mais tema de debate. Me parece natural que um time que sai a jogar quarta-feira no Equador, contra o Emelec, não deva ser repetido, na íntegra, sábado à tarde, no calor de Fortaleza. A solução de Dorival foi trocar o time todo, abandonando o Brasileirão. Funcionou, ganhamos as duas Copas. Mas o custo é muito alto para ser repetido novamente. É preciso encontrar outra fórmula, porque disputar o campeonato nacional à vera deve ser objetivo perene. 

Saudações RubroNegras!!!