Saudações flamengas a todos,
Passado o período coalhado de
jogos pelo Brasileiro, cuja única função nesta temporada tem sido a de
aporrinhar nossa paciência, finalmente vão ter início os jogos que definirão se
este 2022 será contado como uma época de erros, início confuso e gloriosa
recuperação final, bem ao gosto das coisas flamengas, ou se será apenas um ano
infeliz a ser esquecido.
Para trazer bons fluidos para as
Finais que se aproximam, deixo aqui a “obra” de um jogador querido, cuja
lembrança por vezes não reflete o papel importantíssimo que exerceu no longo
período que suou pelas nossas cores.
Refiro-me a Adílio.
Com efeito, desde que foi
efetivado titular absoluto, em 1980, o Camisa 8 da Cruzada participou de 13 partidas
tipo finalíssima (assim definida como o último jogo do campeonato/torneio, onde
os dois adversários poderiam sair com o troféu). Nesses 13 jogos anotou 7 gols,
marca que impressiona, especialmente quando se coteja com os números de Nunes,
tido (com justiça) como o Artilheiro das Decisões, e seus 6 gols em 8
finalíssimas.
Assim, segue abaixo a lista dos momentos
em que o nosso “Brown” brilhou nas decisões de que participou. E que o exemplo
do craque faça o Mengão reencontrar o caminho das taças.
Em tempo: estão listados jogos
que decidiram Taça Guanabara e Taça Rio. Os mais novos podem estranhar, mas
esse tipo de troféu, que era conquistado pelos campeões, respectivamente, do Primeiro
e Segundo Turno do Estadual, costumava ser muito celebrado, com direito a volta
olímpica, hino, invasão de campo, essas coisas.
ADÍLIO – O “OUTRO”
ARTILHEIRO DAS DECISÕES
1 – FLAMENGO 2-1 VASCO, Campeonato
Estadual 1981
Em uma Final que se arrasta para
a terceira partida (poderia ter sido liquidada pelo Flamengo já na primeira), o
rubro-negro, em um início arrasador, faz 2-0 em menos de 20 minutos. Quem abre
o placar é Adílio, que aproveita a sobra de uma bola que bate no rosto de Zico
e afunda as redes de Mazaropi num chute raivoso. O segundo tento é de Nunes. O Vasco
ainda desconta no fim, mas não há mais tempo (resta colocar a culpa no ladrilheiro).
Flamengo Campeão Estadual.
2 – FLAMENGO 3-0 LIVERPOOL, Mundial
Interclubes 1981
O jogo já está 1-0, gol de Nunes,
quando Zico cobra uma falta de longe, Grobbelaar “bate roupa”, Lico briga pelo
rebote e Adílio, esperto, aproveita a sobra e empurra a bola para o gol. Nunes
fará o terceiro, estabelecendo a vitória que
dá ao Flamengo o maior título de sua história. Curiosamente, os goleadores da
tarde são os mesmos que liquidaram o Vasco semanas antes;
3 – FLAMENGO 1-0 VASCO, Taça
Guanabara 1982
Após uma disputa muito equilibrada
no turno, Flamengo e Vasco terminam empatados em pontos, o que força a realização
de um jogo-extra (aliás, o insosso 0-0 no jogo entre os dois, pela última
rodada, recebe vaias e gritos de todo o Maracanã, inesperadamente unido no grito
de “marmelada”). Mais solto, o Flamengo está sempre mais próximo de abrir o placar,
mas o Vasco resiste. Quando tudo indica que a partida irá para a prorrogação (e
talvez pênaltis), aos 45’ Zico, livre, aciona Adílio na ponta-esquerda. O menino
da Cruzada avança lépido, ganha na corrida e rola macio na saída de Mazaropi. O
Flamengo conquista o pentacampeonato da Taça Guanabara.
4 – FLAMENGO 3-0 SANTOS,
Campeonato Brasileiro 1983
Exercendo nova função sob o
comando de Carlos Alberto Torres, revezando-se com Zico numa espécie de papel
de “falso-nove”, Adílio cresce na reta final do Brasileiro. E, contra o Santos,
no jogo final no Maracanã, vai fazendo uma partida exuberante, uma das melhores
de sua carreira. O jogo está 2-0, placar justo para dar o título direto ao
rubro-negro, mas o Santos continua lutando, o que torna a partida dramática (o
Peixe precisa de um gol para levar a briga para a prorrogação). Mas, a 2 minutos
do fim, Robertinho chama o lateral santista para dançar e cruza na cabeça de
Adílio, inapelável. Flamengo 3-0 e o Tricampeonato Brasileiro conquistado.
5– FLAMENGO 1-0 BANGU, Taça Rio
1983
Abatido e parecendo sem reação
após a venda de Zico, o Flamengo faz uma campanha inacreditável na Taça
Guanabara, onde perde 4 dos 5 clássicos, considerando América e Bangu na
listagem (o outro é um pobre 0-0 com o Fluminense). Mas, na Taça Rio, o rubro-negro
mostra um poder de recuperação impressionante e, superando as quedas de Treinador,
Diretoria e até Presidente, termina o turno empatado em pontos com o Bangu, à
época o queridinho da cidade. Antes do jogo-extra o Bangu provoca, lembrando da
goleada de seis aplicada no turno. Mas, humilde e focado, o Flamengo engole os alvirrubros
de Castos e, em exibição de uma raça impressionante (termina a partida com Adílio
e Mozer, lesionados, fazendo número), vence por 1-0. O gol é marcado ainda no
primeiro tempo, quando Adílio escora de forma mascada um cruzamento rasteiro de
Edmar.
6 – FLAMENGO 1-0 FLUMINENSE, Taça
Guanabara 1984
(Jogo que motivou a produção desse
texto). O Fluminense é o favorito, embalado pela conquista do Brasileiro. Mas
perde foco ao longo da competição, com desavenças entre jogadores e, no fim,
grande controvérsia decorrente de uma iniciativa política (a visita ao
candidato Paulo Maluf). O Flamengo, dirigido por Zagalo, lambe as feridas da
perda de Libertadores e trabalha duro. Após início irregular, encontra seu
caminho, engata sequência de vitórias e chega na última rodada empatado em
pontos com o tricolor. Mas ninguém tirará esse título da Gávea. Ainda na
primeira etapa, Adílio escora de cabeça cruzamento de bola parada e faz o gol
que define o título. É uma espécie de vingança contra o ex-Presidente flamengo (o
que vendeu Zico), que havia dito que Adílio não sabia cabecear.
7 – FLAMENGO 1-0 BANGU, Taça Rio
1985
O Flamengo monta um time com
Zico, Sócrates, Bebeto, Leandro, Mozer etc, mas perde várias estrelas por
lesão, de forma inacreditável. E resta ao torcedor se conformar com jovens
ainda em formação, como Valtinho, Paulo Henrique e Wallace, entre outros. O
início é difícil, mas o treinador Sebastião Lazaroni, ex-preparador físico do
clube, assume e monta um conjunto aguerrido, intenso e de defesa sólida, com a
técnica em segundo plano. Os frutos vêm na Taça Rio. Com uma campanha muito
regular, o rubro-negro termina o turno empatado com o favorito Bangu (vice-campeão
brasileiro), provocando mais um jogo-extra. No primeiro tempo, Bebeto, em progressão,
inicia tabela com o centroavante Chiquinho, mas a zaga banguense consegue
travar. Mas a bola sobra para os pés de Adílio, que emenda rasteiro e faz o gol
do jogo. Depois, o Flamengo segura o placar e garante mais um troféu para a
Gávea.