segunda-feira, 25 de julho de 2022

Xô Ressaca (da)!


Salve, Buteco! Parto de uma premissa que para mim é indiscutível: tabus existem no futebol. Ponto. Como todos vocês sabem, o significado da palavra é algo sagrado (ou para a proteção de algo sagrado), cuja discussão é proibida. Tenho para mim que passou-se a utilizar o termo no futebol por pura pilhéria. Assim, para zoar um rival, o conceito de sagrado foi profanado, passando a significar um retrospecto desproporcionalmente positivo para um time em detrimento de outro. 

Há quem diga que a origem dos tabus futebolísticos é puramente mística. No ponto, sou um agnóstico. Preocupa-me, efetivamente, o peso psicológico provocado pelos tabus e não a sua ontologia. Então, trato-os como uma realidade inegável, ainda que vencível, já que até os mais céticos não negam sua existência e no máximo ressalvam que existem para serem quebrados.

Todo tabu tem um contexto. No caso do Avaí x Flamengo na Ressacada, é mais do que evidente que foi construído em tempos de vacas magras rubro-negras, quando o Mais Querido, no Sul do país, era um saco de pancadas. A questão é que nenhum rival e muito menos a imprensa querem saber disso. Limitam-se a apontar os tabus, pelo puro prazer de espezinhar e de destilar o veneno anti-Flamengo.

Se não podemos apagar o passado, é perfeitamente possível sepultá-lo. O Flamengo vencedor na Região Sul é mais um bom sinal dos novos tempos. Por isso comemoro o fim de cada tabu, até mesmo o do Avaí na Ressacada, o estádio que nos baqueava e desidratava. 

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Dentro da nova safra de jovens treinadores brasileiros "estudiosos", tenho Eduardo Barroca como um dos que possui maior potencial. Parece inclusive ser muito boa gente, mas o ponto principal é que não tem nada de bobo. Como Dorival (o Maioral) precisou poupar a primeira linha e ainda o primeiro volante, Barroca atacou a saída de bola rubro-negra exercendo uma pressão fortíssima, dificultando ao máximo a nossa transição ofensiva, também prejudicada pelo campo de argila empedrada, pintado de verde como se um gramado fosse (enganou muita gente).

Reconheço que isso não faz do jovem treinador carioca um visionário, porém a execução do plano pode ser positivamente destacada. Não é só enxergar e elaborar a estratégia, mas saber executá-la. Por conta disso, o Flamengo sofreu bastante na primeira etapa, mas mesmo assim poderia ter descido em vantagem para o intervalo, não fossem as chances perdidas por Gabigol e Arrascaeta.

O castigo veio a galope. Não haviam se passado nem dois minutos da etapa final e o promissor quarto-zagueiro Arthur Chaves abriu o placar. O lance começou com o sonolento Matheuzinho permitindo o cruzamento da linha de fundo, e desenvolveu-se com a bola parecendo ter feito a famosa curva por trás da linha de fundo. Convicto de que a bola saíra, Santos vacilou por um instante pedindo a marcação do tiro de meta, o suficiente para que perdesse o timing do lance, concluído com a marcação frouxa de Ayrton Lucas, que deixou o zagueirão adversário subir sozinho, sem ser incomodado.

O gol foi como um choque de realidade para o time. Um verdadeiro sacolejo. A partir de então, o Flamengo passou a jogar como Flamengo, impondo-se em busca do resultado, mudança de postura fez com que as alterações de Dorival no intervalo surtissem efeito. Centralizado e recuado para a "segunda volância", Everton Ribeiro foi um leão, ditando o ritmo até o empate, que saiu de um cruzamento do redimido Matheuzinho, o qual encontrou Pedro, que chutou para o fundo das redes, dando-nos a igualdade.

Após perder mais dois gols feitos, foi a vez de Gabigol se redimir mandando uma trivela "nojenta" para Arrascaeta primeiro quase marcar, e depois levantar a bola açucarada para Pedro cabeceá-la, dando-nos a inédita e sonhada vitória em Campeonatos Brasileiros.

A plenos pulmões, a Nação Rubro-Negra então cantou "Uh, terror, o Pedro é matador!"

Xô, Ressaca (da)!

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Desde os 3x0 sobre o América Mineiro no Maracanã, já são 9 jogos e 8 vitórias. A única derrota ocorreu com uma formação reserva em Itaquera, após falha individual clamorosa. Naquela tarde, o adversário teve mérito, mas venceu muito mais por nosso demérito.

Já é possível afirmar que é transformador o trabalho de Dorival, o Maioral.

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A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.