Saudações flamengas a todos,
Marcelo Lomba, Leonardo Moura,
Welinton, Ronaldo Angelim, Juan; Willians, Correa, Kleberson, Petkovic; Diego
Maurício, Vinicius Pacheco – DT Rogério Lourenço
Paulo Victor, Luiz Antonio,
Marlon, Marcos Gonzalez, Ramón; Airton, Renato Abreu, Ibson, Adryan; Deivid, Vagner
Love – DT Joel Santana
As duas escalações expostas acima
provavelmente já figuraram em alguma conta de rede social, “enaltecendo” pavorosos
momentos vividos na história recente do CR Flamengo. Um período que costuma ser
evocado para que nunca mais tenhamos a sombria possibilidade de viver
experiências marcadas pelo amadorismo, pelo improviso, pela incapacidade e pela
chacota alheia.
Pois.
Em 2010, os comandados de Rogério
Lourenço haviam colhido, após dez rodadas, o total de 16 pontos ganhos,
perfazendo um aproveitamento de 53,33%, o que colocava o Flamengo, àquela
altura, na 5ª colocação do certame.
Já em 2012, o decadente Joel
Santana, em dez jogos, havia amealhado 15 pontos, equivalentes a 50% de
desempenho, mantendo-se em 10º lugar na competição.
Os dois casos retratam números e
desempenho, a essa altura, superiores aos do Flamengo de 2022, dirigido por
Paulo Sousa.
A simbologia soa nítida.
Apesar da estridente defesa
exercida em algumas contas de rede social, não raro com comentários jocosos e
mesmo ofensivos aos que praticavam o exercício do contraditório, o trabalho de
Paulo Sousa, decorridos seis meses de sua contratação, pode ser considerado o
pior de um treinador do Flamengo desde a infeliz, inoportuna e inadequada repatriação
de Paulo César Carpegiani, em 2018, cujo desfecho acabou derrubando a cúpula do
Departamento de Futebol do clube à época.
Com um detalhe: Carpegiani, em
sua curta e sofrível passagem pelo rubro-negro, ganhou uma Taça Guanabara.
Vamos fazer um exercício simples.
Nesses seis meses, qual foi o momento em que o Flamengo de Paulo Sousa deixou
no torcedor, ao fim de 90 minutos, a sensação de orgulho, de satisfação, de
identificação com a essência rubro-negra? Ou, vá lá, ao menos a alegria por uma
vitória conquistada, se não com um bom futebol, ao menos com a competitividade tão cara às nossas cores?
Tentarei ajudar.
Que tal os 3-1 no Engenhão sobre o
Botafogo, que alinhou um time ainda mais fraco do que o que disputou a Série B
ano passado, sob o comando de um estagiário tapa-buracos? Ou as vitórias no
Maracanã, pela Libertadores, contra Talleres e Universidad Católica, equipes com
evidentes limitações técnicas e táticas? Ou talvez a “heroica” vitória no Chile contra a
mesma U Católica, num jogo em que o Flamengo passou sufoco por boa parte do
tempo?
Haverão de me chamar de injusto,
por não recordar os 3-1 sobre o São Paulo, partida que de fato apresentou
alguns lampejos do que se imagina que esse time deva produzir. Ou os
emocionantes 2-1 no Fla-Flu, arrancados graças à sobrenatural atuação de um
goleiro que fez cinco ou seis defesas milagrosas (eu ouvi César contra o
Cruzeiro-2013? Diego “Bracinho” contra o Santos-2015?).
Os apreciadores da tática pela
tática me arguirão, inflamados, ter esquecido as “ótimas” atuações contra
Palmeiras e Atlético-MG, jogos em que a equipe apresentou “intensidade”, “fluidez
das linhas”, “movimentos coordenados de ataque ao espaço multidimensional”, “abundante oferta
de linhas de passe” e blá, blá, blá.
De fato, foram ocasiões em que o
time até jogou bem. Mas não ganhou.
Enfim, penso ser pouco produtivo
ficar aqui esmerilhando fatos sobre a medíocre atuação de um treinador que, se
fosse brasileiro, teria caído ao final do Estadual. Um trabalho que jamais se
desvencilhou de sua índole perdedora e irmanada com o revés e o fracasso. Uma
passagem que nos deu a infeliz oportunidade de conhecer Paulo “Victor Hugo” Grilo
e seu estranho e quase doentio deslumbramento por um goleiro que há dois anos demonstra evidentes limitações psicológicas e técnicas, não
reunindo condição de sequer pertencer ao plantel do Flamengo.
Ainda assim, como se dizia
antigamente, a culpa não é do Paulo Sousa. A culpa é de quem colocou ele lá.
Essa Diretoria do Flamengo teve
duas oportunidades de escolher treinadores com calma, sem afogadilho, dentre um
bom número de opções que lhes foi colocada no mercado, atendendo à prerrogativa
de serem estrangeiros.
Veio o mais barato. Com a griffe
de “treinador de Copa do Mundo”. Ou de ter conseguido produzir vídeos de 2, 3
minutos, com o “lindo toque de bola” da Fiorentina, apontado como seu grande
trabalho, que lhe conferiu a quinta ou sexta colocação no Campeonato Italiano
de alguns anos atrás.
Nutro a férrea convicção de que rigorosamente
nenhum dos que hoje detêm a prerrogativa de decidir os destinos do Departamento
de Futebol do Flamengo reúne a mais remota noção do que é o “jogo posicional”. Estou
longe de ser um especialista na área (mas não trabalho para o Flamengo, de
forma que isso me torna inofensivo), mas penso que é uma filosofia de difícil assimilação
e execução, que demanda tempo e, principalmente, paciência para florescer. Características
que soam incompatíveis com as necessidades de um clube como o Flamengo, e
tornam incompreensível o fato de, dos quatro últimos treinadores, três (Domenèc
Torrent, Rogério Ceni, este mais maleável, e Paulo Sousa) serem adeptos desta
filosofia.
“É um jogo ofensivo que o Barcelona
pratica” – não creio que o conhecimento da Diretoria seja mais profundo do que
essa inocente assertiva.
Fico por aqui, apenas recordando
aos que porventura acharem essas linhas ingratas com a Diretoria de 2019 que,
no futebol, o bestial de ontem é a besta de hoje. Que o diga o Presidente do
Flamengo Campeão Universal de 1981-1982, que saiu enxotado pela porta dos
fundos da Gávea apenas UM ANO E MEIO depois de se sagrar Campeão Mundial.
Faltam 33 pontos.
Boa semana a todos.