Saudações flamengas a todos.
Penso que a única forma de viabilizar
uma mínima perspectiva de viver uma temporada ao menos digna para o Flamengo
está no que o clube irá fazer na janela de reforços que está para se abrir.
Três ou quatro jogadores, que cheguem de imediato para o time titular, podem
mudar dramaticamente o perfil da equipe, mesmo com todos os problemas estruturais
em seu entorno. Não é fácil, mas já aconteceu algumas vezes. Deixo aqui algumas
dessas ocasiões em que o Flamengo, após a passagem do meio do ano, mudou muito
de “patamar”, mesmo, por vezes, trazendo jogadores de nível até semelhante aos
já existentes. Que o milagre se repita esse ano.
QUANDO A JANELA DEU
CERTO
2005
O rebaixamento quase certo é evitado
de forma milagrosa após a contratação de Joel Santana, o quinto treinador do
ano. Mas, para viabilizar a façanha, são fundamentais as mudanças feitas com
relação ao plantel que iniciou o Brasileiro. Com efeito, a “barca” formada por Jean,
Da Silva, Caio, Adrianinho, Marcos Dener, Ricardo Lopes e, mais tardiamente,
Júnior Baiano, entre outros, é reposta por nomes como Leonardo Moura, Augusto
Recife, Diego Souza e Cesar “El Tigre” Ramirez. O treinador consegue encaixar alguns
dos reforços, que se mostram fundamentais para o aumento da qualificação da
equipe que, mesmo ainda muito limitada, consegue se mobilizar e conquistar uma
pontuação de “campeão” nas rodadas finais, escapando do pior.
2007
Na primeira parte da temporada, o
Flamengo, com um time modesto cujo maior destaque é o meia Renato Abreu,
conquista a duras penas o Estadual (sem vencer nenhum clássico) e faz campanha
razoável na Libertadores (é goleado no único jogo de maior dificuldade, o que
custa a eliminação). A “ressaca” pela queda na competição sul-americana, a
certeza de saída de alguns jogadores e o desgaste do trabalho de Ney Franco
fazem com que o Flamengo tenha um início desastroso no Brasileiro. O adiamento
de alguns jogos e alguns vexames de um time que já não funciona atiram o rubro-negro
à Zona de Rebaixamento. No meio do ano, a transformação. Joel Santana é
novamente contratado para “salvar” o time, cujo elenco muda drasticamente. Saem
Renato Abreu, Juninho Paulista, Roni e Claiton “Palminha”, e chegam Ibson,
Fábio Luciano, Cristian, Roger Flores e Maxi Biancucchi. Os criticados
zagueiros Irineu, Moisés e Thiago Gosling perdem espaço e Ronaldo Angelim volta
à equipe, que, apesar de manter esquema tático semelhante, melhora exponencialmente
seu desempenho, desenvolvendo uma trajetória inesquecível que leva o Flamengo
ao 3º Lugar do Brasileiro, o que coloca o rubro-negro na Libertadores do ano
seguinte.
2009
Apesar de chegar a frequentar os
arredores da região da classificação para a Libertadores no início, nada parece
indicar que o Flamengo fará um bom Brasileiro. A relação tumultuada com a
torcida, ainda magoada com os vexames do ano anterior, o péssimo relacionamento
do elenco com o treinador Cuca e a percepção de limitação do elenco contaminam
a trajetória do rubro-negro, que começa a perder fôlego com algumas goleadas e
reveses sofridos. Farta das idiossincrasias de Cuca, a Diretoria manda o
treinador embora, mas pouco depois o próprio VP de Futebol renuncia, insatisfeito
com a extravagante contratação do veteraníssimo meia Petkovic por conta da
negociação de uma dívida. Mas as mudanças no elenco não se restringem ao
sérvio. Ibson vai embora, junto com os contestados Obina, Josiel e o fugaz
Emerson Sheik. Fábio Luciano se aposenta. Chegam os zagueiros Álvaro e David
Braz, o volante Maldonado e o atacante Denis Marques, entre outros menos
cotados. Andrade é efetivado treinador e, após um período de problemas,
consegue montar um time que se encaixa de forma primorosa, arrancando da 14ª
posição ao Hexacampeonato Brasileiro. Uma trajetória pouco sustentável em longo
prazo, mas assim mesmo inolvidável.
2014
A baciada de contratações do
primeiro semestre, juntando veteranos decadentes com desconhecidos “jovens promissores
de potencial valor de revenda”, não resolve as limitações de um time que, ao
menos, consegue conquistar o único título ao seu alcance, o Estadual. Mas a
dura realidade logo se impõe no Brasileiro, e o time rapidamente se instala na
Zona de Rebaixamento. Limitado, sem intensidade e com jogadores visivelmente
acomodados, o time se arrasta em campo, numa crise que leva Treinador, VP de
Futebol e Diretor-Executivo. Após o intervalo da Copa do Mundo, o rubro-negro,
para sair da penúltima colocação no Brasileiro, reformula seu elenco. Não estão
mais o atacante Hernane, os meias Elano e Carlos Eduardo, o lateral André
Santos e alguns outros personagens esquecíveis. Chegam o volante Canteros,
destaque do Velez-ARG, o atacante Eduardo da Silva, vindo do futebol europeu, o
zagueiro Marcelo e o lateral Anderson Pico. O treinador Vanderlei Luxemburgo
volta ao clube e, pregando humildade e simplicidade, devolve a competitividade
à equipe, que rapidamente se livra da Zona de Rebaixamento e se estabiliza em
uma posição “segura” na tabela. São os tempos do “saco de cimento”.
2016
As perspectivas para a disputa do
Brasileiro são sombrias, após o retumbante fiasco do trabalho de Muricy Ramalho
no primeiro semestre, onde o time acumulou vexames. O próprio Muricy sucumbe a
um problema de saúde e precisa se afastar. Enquanto busca um treinador, o
Flamengo recorre ao interino Jayme de Almeida e se aproxima da Zona de Rebaixamento.
Zé Ricardo, campeão da Copa São Paulo, acaba efetivado e, aos poucos, vai
juntando as peças que decorrem das mudanças de elenco. O zagueiro Wallace não
resiste à pressão de uma torcida que não o tolera mais e pede rescisão contratual.
O limitado César Martins é devolvido de empréstimo, e as lacunas deixadas na
zaga são supridas com as chegadas de Rever e Rafael Vaz. Também chegam, entre
outros, Leandro Damião, Fernandinho e, principalmente, o meia Diego, principal
reforço da janela. Zé Ricardo consegue rapidamente construir uma equipe muito
mais efetiva, que chega a sustentar, por várias rodadas, a briga pelo título
brasileiro.
2019
Ansioso por enfim conquistar os
títulos que persegue há anos, o Flamengo não economiza e qualifica o elenco com
jogadores de primeira linha. No primeiro semestre, consegue resultados e títulos,
mas o desempenho instável ainda traz insegurança. O treinador Abel, em litígio
com a torcida, não resiste à pressão e é trocado pelo experiente português Jorge
Jesus. O elenco também passa por ajustes. Saem o atacante Uribe, os laterais
Pará e Trauco e o zagueiro Leo Duarte, vindo Rafinha, Felipe Luís, Gerson e Pablo
Marí, o que transforma uma equipe já forte em uma verdadeira máquina de jogar
bola. E o resto da história já se sabe.
Faltam 30 pontos.
Boa semana a todos,