RAUL, LEANDRO, MARINHO, MOZER E JÚNIOR; ANDRADE, ADÍLIO E ZICO; TITA, NUNES E LICO
Acontece que, outro dia,
lembrou-se que essa escalação somente atuou QUATRO vezes junta.
Intrigado com essa constatação,
que é absolutamente correta, resolvi investigar os motivos pelos quais
Carpegiani lançou mão da tal “formação mágica” tão poucas vezes. O resultado
segue sintetizado nas próximas linhas.
I – O INÍCIO: FIGUEIREDO, DEPOIS
MARINHO
O marco temporal inicial para a
montagem dessa escalação é a partida contra o Botafogo, pelo Terceiro Turno do
Estadual-1981. É nesse momento que Carpegiani decide colocar mais um meia na
equipe, no caso Lico, em substituição a Baroninho, ponta-esquerda “de ofício”.
Com efeito, Lico chegou em 1980, mas foi emprestado ao Joinville/SC no início
de 1981 por falta de oportunidades, voltou no segundo semestre e parecia que
seguiria sem chances, quando começou a aparecer em alguns jogos menores e ir
bem. Depois, ganhou alguns minutos na Libertadores, foi peça-chave para a
vitória em Cochabamba contra o Wilstermann-BOL e, a seguir, recebeu todos os
prêmios de melhor em campo numa difícil vitória contra o Campo Grande (2-1), em
Ítalo del Cima, em que o Flamengo colocou um time misto. Assim, Carpegiani,
impressionado com o desempenho de Lico, resolve lançá-lo como titular nesse
clássico contra o Botafogo.
Ocorre que a zaga titular é
formada por Mozer e Figueiredo, com Marinho no banco. É comum que, em caso de
lesão, o jogador que entra mantenha a sequência, com o que ficou “de fora”
tendo que aguardar o momento para voltar à equipe. Os dois jovens ganharam a
posição ao longo da temporada, deixando pelo caminho nomes mais experientes,
como Rondinelli, Luís Pereira e o próprio Marinho, por lesões ou desempenho.
No entanto, Figueiredo sente a
virilha na Batalha de Santiago e é vetado do jogo decisivo em Montevideo, junto
com Lico, recuperando-se de um corte no rosto resultante da selvageria chilena.
Marinho entra no time, que faz 2-0 e conquista o continente.
Cogita-se a volta de Figueiredo à
zaga, mas, como ainda não está seguro da total recuperação da contusão, e pela
falta de ritmo de jogo, Marinho é mantido. Assim, o Flamengo escala, pela
terceira vez, o time que ficou marcado na história. E, com os 3-0 e a
conquista do maior título da existência flamenga, os onze jogadores que foram a
campo passaram a ser eternamente saudados pelo feito.
II – CONTRATOS A RENOVAR
A vitória contra o tricolor paulista
marca a última vez que os “onze heróis” de Tóquio estiveram juntos em campo. E
a única em todo o ano de 1982.
III – AS LESÕES DE NUNES E MOZER
Após o 1-1 contra os paulistas, o
Flamengo recebe o Atlético-MG no Maracanã. Raul está de volta, mas o rubro-negro
sofre uma séria baixa. No último treinamento antes da partida, Nunes torce o
joelho. A lesão tira o atacante de toda a Segunda Fase e das Oitavas-de-Final,
contra o Sport. Nunes somente retorna no segundo jogo das Quartas-de-Final,
contra o Santos, no Morumbi.
IV – AS CIRURGIAS DE RAUL E MOZER
Enquanto Raul se recupera, outro
titular começa a viver uma espécie de calvário. Mozer sofre entorse no joelho,
vai entrando e saindo do time à medida que a lesão melhora, chega a atuar no
sacrifício no jogo-extra da Taça Guanabara, em que o Flamengo ganha o
Pentacampeonato ao fazer 1-0 no Vasco, mas, com a persistência do problema,
acaba optando pela cirurgia, após a vitória por 3-0 sobre o River Plate-ARG,
pela Libertadores. Está, portanto, fora da temporada.
Raul retorna no final da Taça Rio
(Segundo Turno), mas Cantarele segue titular. Além disso, Carpegiani vai rodando
o plantel, buscando ter os jogadores inteiros na reta final, o que desagrada
alguns titulares. Raul é alçado de volta ao time no jogo final, contra o Vasco,
o que gera algum desconforto. A condução do fim do ano não funciona, e 1982
termina de um jeito um tanto amargo.
V – OS EMPRÉSTIMOS DE TITA E
NUNES: O FIM
O fracasso do final da temporada
anterior faz com que o Flamengo resolva promover uma pequena reformulação em
seu elenco. Nesse contexto, Tita, sem ambiente com parte da torcida, é
emprestado ao Grêmio, numa transação que traz à Gávea o atacante Baltazar, e
Nunes, após pesado desentendimento com Carpegiani, é colocado para treinar em separado,
acertando sua transferência por empréstimo ao Botafogo, após algumas semanas.
Com isso, desfaz-se a
possibilidade de repetição da “escalação de 1981”, que passa, portanto, à
posteridade e ao imaginário dos sonhos rubro-negros.
O time que jogou quatro vezes.