Salve, Buteco! Não, não errei de dia. Relaxem. É que o jogo de ontem merece uma resenha à parte, concordam? De uma maneira geral, a Nação Rubro-Negra estava apreensiva. Não era pra menos. Após a tranquila vitória por 3x1 sobre o Juventude, no Maracanã, no dia 13 de outubro, o Mais querido havia somado duas vitórias e duas derrotas, com três gols marcados e nada menos do que oito sofridos. Convenhamos, isso aqui é Flamengo e em qualquer período da mais do que centenária História do clube um retrospecto desses é, sim, motivo para crise, ainda mais quando o último jogo da tenebrosa sequência foi um 0x3 que representou a eliminação da Copa do Brasil, em plena semifinal após um empate fora de casa no jogo de ida.
Portanto, o receio de que a última sequência de cinco jogos sem vencer (2016 - empates contra Fluminense, Vasco e Botafogo, e derroas para Volta Redonda e o mesmo Athletico/PR) fosse igualada não era injustificado, ainda mais quando, desfalcado, o Mais Querido tinha por adversário o líder do certame, completo, turbinado por altos investimentos a ponto de montar um elenco para enfrentar de igual a igual o nosso. A apreensão tomou proporções preocupantes (em alguns casos, beirando o descontrole) porque a rivalidade contra o Atlético/MG não é bem trabalhada pela nossa torcida. Fazemos bem ao não entrar na pilha deles, mas erramos quando subestimamos ou mesmo negamos a existência dela, a rivalidade. O ideal seria encontrar o meio termo que prevenisse, por exemplo, as últimas desnecessárias três derrotas seguidas.
Ainda bem que teve o Túnel do Tempo, aqui no Buteco, e mobilização por parte do clube e da torcida. Modéstia à parte, acertei em cheio na referência. Aqueles 2x1 de 2012 eram a melhor e talvez única inspiração autenticamente possível, dadas as condições indesejáveis nas quais o time chegou para o confronto.
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Falando sobre o jogo, o Atlético/MG, completo e inclusive em melhores condições físicas, no primeiro tempo impôs um domínio territorial que aumentou progressivamente, em especial após o Flamengo marcar o seu gol, depois do qual o Mais Querido mal conseguiu passar da linha do meio campo. Acho justo afirmar, por conta disso, que, de uma maneira geral, o Atlético jogou "um pouco melhor". Mas é preciso fazer ao menos um contraponto importante. O 1x0 rubro-negro obedeceu a um padrão, que vi em outros jogos atleticanos, como o empate nos acréscimos em Bragança Paulista e os empates contra o Palmeiras na Libertadores e Chapecoense, no Brasileiro.
Talvez existam outros exemplos, mas posso falar desse jogos, os quais tive a oportunidade de acompanhar. Em resumo, não é novidade alguma o Galo ter domínio territorial, pressionar e ser ineficiente. Qualquer time, no mundo inteiro, que enfrente um "ônibus estacionado" à frente da área adversária tem a mesma dificuldade. A diferença é como lida com esse obstáculo. Neste ponto, concordo com análises sobre a partida feitas por jornalistsa como Mauro Cézar Pereira e Rodrigo Mattos. De maneira geral, falta estudo e, em razão disso, repertório tático a treinadores brasileiros, até mesmo para aqueles que têm um cartel de títulos expressivos no currículo, casos de Renato Gaúcho e Cuca.
Quando os times desceram para o intervalo, dividi com amigos o receio quanto à repetição de cenário no segundo tempo. A impressão era que, se o Atlético empatasse, viraria o jogo. Aliás, Cuca disse o mesmo na coletiva pós-jogo.
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Não sei quais eram os limites físicos de cada jogador atleticano para a partida de ontem e até quando a formação que entrou em campo poderia permanecer. Contudo, partindo da premissa (para mim, categórica e indiscutível) de que, nesta temporada, o clube mineiro trabalhou bem melhor do que o Flamengo em seu Departamento Médico e na preparação física, a impressão que Cuca deixou é que nos deu uma baita força quando tirou, simultaneamente, os meias argentinos Zaracho e Nacho Fernández. A impressão era que o Atlético poderia chegar ao empate, especialmente após o cabeceio de Guilherme Arana no travessão de Diego Alves. Ocorre que, após essas duas substituições, três minutos depois do lance, o Atlético simplesmente não conseguiu mais incomodar seriamente o Flamengo. Difícil explicar o que se passou pela cabeça do "Cabelo de Boneca", que, aparentemente incapaz de assumir seus erros, especialmente quando tem o Mais Querido pela frente, aprontou uma baita confusão após o jogo no túnel de acesso aos vestiários...
Da parte do Flamengo, achei que faltou qualidade para aproveitar os espaços que o Atlético passou a generosamente oferecer após as ininteligíveis substituições de seu treinador. Então, de maneira geral, considerando a incapacidade de sair do próprio campo no primeiro tempo e o mal aproveitamento do espaços no segundo, acho que não dá pra afirmar que o time jogou bem. Foi, isso sim, extremamente eficiente, dados os números de posse de bola e finalizações. Sobraram foco, raça e suor, embalados pelo show da Nação nas arquibancadas do Maracanã. Só que faltou futebol.
Individualmente, merecem destaque o Michael, autor do gol, e o Léo Pereira, que surpreendentemente anulou Hulk, o melhor jogador atleticano e potencial fator de desequilíbrio da partida. O destaque negativo rubro-negro foi Gabigol, totalmente fora de sintonia. Passou da hora de checar o que está acontecendo com o nosso artilheiro.
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Sobre a maratona de novembro, a reta final do Campeonato Brasileiro e a final da Libertadores, a gente conversa melhor amanhã.
Aproveitemos o domingo e a grande vitória, com um saboroso frango assado com batatas, ao forno.
SRN a tod@s.