Salve, Buteco! Na última terça-feira, o nosso amigo Leandro Machado, neste post, desenhou pra gente os desafios que o calendário reserva para o Mais Querido neste mês de setembro. Vale lembrar, como comentei durante a semana, que não podemos descartar que a CBF remarque jogos atrasados para o período, mas por enquanto o cenário que temos para frente é um resto mês de setembro "apenas" com jogos em meios e finais de semana, sendo um deles o jogo de volta com o Grêmio no Maracanã, em confronto "praticamente decidido", dada a goleada no jogo de ida, em Porto Alegre. Então, salvo mudança no calendário, acredito que, na teoria, os confrontos mais pesados do mês serão Palmeiras, Grêmio (Campeonato Brasileiro) e Barcelona de Guayaquil.
Dentro dessa perspectiva, e pensando dentro das quatro linhas, o primeiro desafio que se coloca à frente do Renato e dos jogadores é não repetir o que aconteceu depois da última semana livre para treinos (0x4 para o Internacional no Maracanã), ou seja, manter o foco e o nível de competitividade nas três competições, meta que dificilmente será atingida se o elenco não for muito bem "rodado" entre as partidas. As chegadas de Kenedy e Andreas Pereira, assim como a anunciada recuperação do Rodrigo Caio deverão ajudar muito e até viabilizar essa rodagem.
O segundo desafio me parece ser de ordem tática. É ao menos tentar se aproximar, quando o time não está à frente do placar e precisa propor o jogo, do nível de precisão que tem apresentado quando pode se dar ao luxo de jogar com linhas mais baixas e contra-atacar, explorando os espaços dos adversários que precisam buscar o resultado. Sobre o tema, recomendo a vocês a resenha tática com o Téo Benjamin (@teofb) e o Bruno Pet (obrunopet) do perfil Pilastra 41 no YouTube, do Tozza (@TozzaFla) e do Pablo dos Anjos (PabloWSC).
É interessante como até mesmo ótimos analistas táticos não se sentem a vontade para definir qual é o estilo do Flamengo de Renato Gaúcho, que já jogou de maneiras bem distintas contra diferentes adversários, como Corinthians, quando construiu o placar com um jogo mais propositivo e linhas altas, e contra Grêmio e Santos, quando teve 45 minutos iniciais com mais dificuldades e etapas finais com goleadas construídas a partir de linhas baixas e contragolpes mortíferos. Antes desses analistas táticos, o jornalista Carlos Eduardo Mansur (@carlsoemansur) já havia externado a mesma dúvida em post publicado na semana passada.
Na linha do meu post da semana passada, se eu fosse treinador buscaria conhecimento e influência em variadas fontes e estilos, montando a estratégia de acordo com o adversário, o contexto pré-jogo e a situação de jogo do momento, claro que partindo das características o elenco que tivesse para trabalhar. Se eu treinasse jogadores individualmente talentosos, procuraria, como fez Jorge Jesus e como faz o Renato, aproveitar a capacidade de improvisação que esse tipo de atleta costuma ter. O desafio é justamente encontrar o equilíbrio que faz o futebol-arte não prejudicar o futebol cientificamente tático, já que ambos têm o seu valor.
Como não canso de repetir a vocês, não gosto quando as ideias tomam o espaço da realidade dos fatos, inclusive no futebol, convicção que se reforçou bastante após as passagens de Domènec Torrent e Rogério Ceni pelo Flamengo. E Renato, ao contrário dos seus dois predecessores, não parece minimamente preocupado em ser rotulado como um treinador de grife, adepto de uma filosofia de jogo conceitual. Reconheço nessa característica uma excelente janela de oportunidades, especialmente treinando um elenco que tem a memória tática de ideias de jogo europeias dos três últimos treinadores, cada qual com seus patamares próprios de experiência, estilo e competência, inclusive em gestão de elenco.
Contudo, se nem mesmo os experts conseguem explicar com segurança o que vem acontecendo, preciso tomar cuidado para não projetar o que eu gostaria que acontecesse sobre o que está acontecendo de fato. Quem acompanha o Renato desde os tempos de jogador sabe que ele adora uma narrativa e de desviar a atenção do adversário em suas entrevistas com declarações evasivas, polêmicas ou não. Então, ele tanto pode prestar muita atenção nessa parte tática, ainda que delegando boa parte aos auxiliares, como estar simplesmente "seguindo o seu coração" e deixando os meninos livres para brincar. Pode ser até que ele esteja fazendo um pouco de cada coisa. O certo é que jamais revelará o segredo.
No próximo domingo, o Flamengo, e o Renato, enfrentarão um forte adversário, que tem como treinador um jovem "estudioso". Por mais que ache limitador e pouco ousado o estilo preferencialmente reativo, "a la Mourinho", adotado por Abel Ferreira, não posso deixar de reconhecer a sua boa bagagem teórica e a sua qualidade em montar estratégias para explorar as fraquezas adversárias. Foi assim que gerou dificuldades para o Ceni nos dois últimos confrontos, ainda que o Flamengo tenha se saído vencedor, quando criou situações de perigo marcando bem a saída de bola rubro-negra. Logo, a maneira pela qual o Flamengo de Renato Gaúcho enfrentará e se sairá contra esse adversário e o mordido Grêmio nos confrontos pelo Campeonato Brasileiro ajudarão a entender melhor o que está se passando.
E para encerrar, não se iludam com a fraca campanha do Barcelona de Guayaquil no Campeonato Equatoriano. O próprio Flamengo de 2003, 2004 e 2013 prova que é perfeitamente possível avançar em competições eliminatórias mesmo indo mal no campeonato nacional. Construir o placar no Maracanã, no jogo de ida, para administrar melhor a pressão que certamente sofrerá em Guayaquil, é mais um dos importantes desafios que o Mais Querido terá nesse mês de setembro, dentro das quatro linhas.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.