O trabalho do Renato que mais gostei como treinador foi no Fluminense, tendo seu auge na final da Copa Libertadores da América de 2008. Pode-se até dizer que o time do Grêmio de 2017 "jogava mais bonito", mas a campanha da Libertadores/2008 me impressiona mais, pelos adversários e como conseguiu fazer funcionar bem o técnico meio campo com Dário Conca e Thiago Neves. Além disso, ainda em janeiro/2018 eu discorria, neste post, sobre as minhas desconfianças de que o Renato havia herdado uma estrutura no Grêmio, uma filosofia de jogo, e, claro, soube aprimorá-la durante pelo menos um ano e meio com muita competência. E neste recente post deixei claro quem desconfio ser o responsável pela parte tática em sua comissão técnica.
Aproveito o ensejo para também deixar claro que concordo com o André Nunes Rocha (@anunesrocha) neste tuite, quando afirma que quando Jorge Jesus chegou ao Flamengo em 2019 tudo "era mato". Mato tático, se é que podemos utilizar essa expressão. Do tipo Arrascaeta no banco em jogo de Libertadores no Maracanã... Faço essa referência porque realmente não acho que Renato ou qualquer treinador brasileiro teria promovido aquela metamorfose, mesmo com as posteriores chegadas de Rafinha, Filipe Luís, Gérson e Pablo Marí. Ainda não vi, até hoje, um trabalho do Renato que possa ser chamado de "autoral".
Percebam, porém, que (ao menos na minha opinião) isso não é demérito para o Renato, a começar porque não faz sentido cobrar dele o que nenhum treinador brasileiro teve em nível de formação. Além disso, se amontoar estrelas em um time fosse fórmula de sucesso, e se aproveitar trabalho anterior fosse fácil, Domènec Torrent ou Rogério Ceni ainda dirigiriam o Flamengo e qualquer treinador do Real Madrid seria tão bem sucedido como foi Zinedine Zidane em passagens anteriores à mais recente pelo clube madrilenho. Gestão de vestiário em clubes gigantes não é exatamente uma tarefa simples e que se aprenda em bancos de cursos técnicos ou universitários. Trata-se de uma expertise invariavelmente detida por poucos profissionais do competitivo mercado de treinadores.
E não é só. Resgatar em parte um trabalho anterior de alto padrão e ainda acrescentar elementos positivos é, na verdade, indicativo de competência do treinador. Renato deu mais liberdade para os jogadores do meio e do ataque se movimentarem e tornou o contra-ataque do Flamengo tão ou mais mortal do que era em 2019. Especialmente comparando-o com os dois treinadores anteriores, sucessores de Jorge Jesus, os seus números são simplesmente avassaladores, em 13 jogos, com 11 vitórias, 1 empate e 1 derrota, 44 gols a favor e 10 contra, e ainda por cima com as seguintes goleadas:
Por exemplo, nunca escondi que considero o Diego Ribas mais útil como opção no banco, mas não sei dizer se Thiago Maia já está pronto para começar jogando, dada a gravidade de sua contusão e o logo tempo de afastamento. Por isso mesmo, tampouco me sinto em condições de afirmar categoricamente que, hoje, essa atraente alternativa já se apresenta como a melhor. Vale lembrar que, até aqui, gestão de elenco e de vestiário vem sendo uma das qualidades mais positivas do trabalho do Renato.
Outro ponto que não deve ser esquecido é que nunca, na História do futebol desse país, um clube venceu o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e a Copa Libertadores da América na mesma temporada. Essa tríplice coroa é simplesmente inédita e o Flamengo tem, em Palmeiras e Atlético/MG, rivais de respeito e do mesmo patamar. Tampouco se pode dizer que Barcelona de Guayaquil e Santos ou Athletico/PR sejam faturas liquidadas por antecipação.
Tenho gostado muito da postura do Renato no trato com a imprensa e em suas declarações. Desde que chegou, tem sido extremamente cauteloso e cuidadoso. Como ex-atleta de ponta e ídolo do clube como jogador, Renato conhece a torcida, o seu nível de exigência e sua cultura de não abrir mão do oba-oba e da fanfarronice, qualidades que, na maioria das vezes, é positiva e faz parte do traço da Nação que tanto incomoda as torcidas rivais.
Renato quer conquistar grandes títulos e tem plena consciência da cobrança que existe para que atinja esses objetivos.
This is The Rhythm of Renight (Oh, Yeah!!): intenso, implacável, ofensivo e surpreendentemente sóbrio.
Que continue assim.
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A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.