O predomínio local permitiu ao Olimpia ser o terceiro clube com maior número de participações na Copa Libertadores da América (43), atrás apenas dos uruguaios Nacional (48) e Peñarol (47). Contudo, o peso das participações do alvinegro paraguaio vai além dos títulos e da mera presença, já que inclui 7 (sete) finais, 12 (doze) semifinais, 8 (oito) quartas-de-final e 10 (dez) oitavas de final. Logo se vê, portanto, que, quando ultrapassa a fase de grupos, historicamente o Olímpia é menos vezes desclassificado nas quartas-de-final do que nas oitavas-de-final e nas semifinais, o que, de certa maneira, explica a classificação sobre o favorito Internacional nas oitavas-de-final da atual edição, que surpreendeu muitas pessoas, mas não a mim.
Alguém pode argumentar que o futebol brasileiro é muito maior do que o paraguaio e que a menor competição no cenário local permitiu ao Olimpia participar mais vezes e ter melhores números na competição do que os clubes brasileiros. Pura verdade, como também é incontestável que as coisas simplesmente são como são, ou seja, a realidade se apresenta com seus ônus e bônus para quem é um gigante brasileiro ou paraguaio, conforme o caso.
Trata-se, portanto, de um gigante do futebol sul-americano, maior do que a própria seleção do país, cuja camisa pesada em Libertadores recomenda máximos foco e respeito nos dois confrontos.
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A primeira vez que ouvi falar do Olimpia foi em 1979, surpreso pela conquista do título da Libertadores sobre o Boca Juniors e do mundial sobre o Malmö, da Suécia, em razão da desistência do Nottingham Forest, campeão da Champions League, aquele da dupla Brian Clough e Peter Taylor, mencionada no post de quase um mês atrás. 1979 também foi o ano da última edição da Copa Intercontinental a contar com dois jogos, no sistema de ida e volta.
Aquele Olimpia, com nada menos do que sete jogadores, foi a base da Seleção Paraguaia campeã da Copa América naquele mesmo ano, eliminando o Brasil nas semifinais. Eram eles: Alicio Solalinde, Roberto Paredes, Flaminio Sosa, Luis Ernesto Torres, Carlos Alberto Kiese, Osvaldo Aquino e Evaristo Isasi.
Os times que conquistaram os títulos de 1990 e 2002 eram bem mais modestos, o que, de certo modo, não deixa de ser mais um alerta.
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Flamengo e Olímpia se enfrentaram por 18 vezes na História, com 8 (oito) vitórias rubro-negras, 6 (seis) empates e 4 (quatro) derrotas, com 24 (vinte) e quatro gols do Mais Querido e 20 (vinte) do Decano paraguaio. Os números favoráveis, contudo, trazem embutido um tabu a ser quebrado: as vitórias rubro-negras, inclusive em competições oficiais promovidas pela Conmebol, ocorreram pela Supercopa dos Campeões da Libertadores e pela Copa Mercosul, mas jamais em edições da Copa Libertadores da América, nas quais houve 6 confrontos, com 4 (quatro) empates e 2 (duas) vitórias paraguaias.
Tabu é para ser quebrado, ainda mais por esse time, que tem qualidade e força mental para grandes conquistas marcadas justamente pela queda de uma série de outros tabus. O Mais Querido, atualmente, tem melhores valores individuais e indiscutível superioridade tática, o que lhe confere, sem qualquer sinal de desrespeito ou menosprezo, a condição de favorito para o confronto. Nem mesmo o mais fanáticos dos hinchas de "La Barra 79" haverão de discordar.
É preciso, porém, ter noção do peso da camisa adversária e da necessidade de liquidar a fatura à medida em que as oportunidades aparecerem. Adversário desse tamanho se respeita somente de uma maneira: mediante a efetiva imposição da qualidade, com absolutos foco e determinação, já que tende a crescer em momentos de grande tensão, onde costuma ocorrer o nivelamento técnico e tático.
Ou seja, o Olimpia é o tipo de adversário que se deve matar, "bem matado", quando as chances aparecerem. Afinal de contas, isso é futebol e estamos falando de Libertadores, competição que não se conquista sem muito coração.
Aliás... Os próximos dois confrontos entre Flamengo e Olimpia têm um significado bem maior do que muitos estão dando conta. Se o Flamengo deseja impor uma nova ordem no cenário sul-americano, precisa superar esse tipo de confronto.
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A bola rolará para Olimpia x Flamengo na próxima quarta-feira, 11 de agosto, as 19:15h (Horário de Brasília), no Estádio Tiago Manuel Ferreira, em Assunção, também conhecido como "El Bosque de Para Uno". O estádio, de propriedade do próprio Olimpia, foi inaugurado em 1965 e conta, atualmente, com capacidade para 15.000 (quinze mil) espectadores, mas deverá receber, segundo esta matéria do ge.com, um público máximo de 2.000 (dois mil) pagantes, por força da pandemia do COVID-19.
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Por conta das comemorações pelo Dia dos Pais, este post foi escrito e programado antes do jogo de ontem contra o Internacional, pela 15ª Rodada do Campeonato Brasileiro.
Até para que o completem com a análise do jogo, a palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.