Irmãos rubro-negros,
Difícil definir o momento do Flamengo. Um misto de crise com certa esperança pela mudança no comando técnico.
Depois da experiência histórica com o Jorge Jesus, tudo indicava que o Flamengo estava tomando um rumo claro em relação ao seu departamento de futebol. Veio Covid-19, o Mister saiu, a receita despencou e, num primeiro momento, a diretoria pareceu seguir o roteiro traçado ao contratar Domènec Torrent. O catalão, contudo, fracassou de modo retumbante, deixando o coube com um percentual de rendimento de 64.1%.
A solução escolhida foi o Rogério Ceni, que alternou e oscilou bastante enquanto esteve à frente do time. Conquistou títulos, mas não convenceu. O time passou momentos de muito sufoco e os resultados recentes no Campeonato Brasileiro foram determinantes para a mudança.
Mudança que, na minha modesta opinião, e escrevi isso aqui no Buteco à época, deveria ter sido feita ao final do Campeonato Brasileiro. Era ali o momento para investir forte numa comissão técnica altamente qualificada. Certamente, o fator financeiro pesou, amigos. O clube vai precisar de tempo para se reajustar. O investimento feito foi altíssimo e o Covid-19 contribuiu para que as receitas do clube, não só com bilheteria, mas também com o sócio-torcedor, despencassem.
E a diretoria, então, decidiu por mais uma opção nacional ao contratar Renato Gaúcho como técnico do time. Aqui, além do fator financeiro, pesou também o fato de que ele vai precisar tocar o barco em movimento, sem pré-temporada. É chegar e comandar o time. Renato conhece muito bem o elenco do Flamengo e realiza o sonho de treinar o Mais Querido clube do mundo.
O que esperar do Renato Gaúcho? Sinceramente, não sei dizer. Foi um grande ídolo que tive na minha infância. Simbolizava a raça rubro-negra, que tanto me agrada e que, para mim, é a principal característica de qualquer atleta que vista a camisa do Flamengo.
Só que o Renato teve atitudes posteriores em sua carreira de jogador e treinador que mudaram profundamente a relação vivida com a Nação Rubro-Negra. Fez questão de provocar e ser antipático. De minha parte, perdeu a idolatria de menino. E creio que esse sentimento é compartilhado por muitos rubro-negros, sobretudo os que vivem, ou viviam, no Rio de Janeiro e frequentam, ou frequentavam, o Maracanã. Tanto isso é verdade que jogadores como Renato, Aílton e Bebeto sempre foram ostensivamente vaiados nos jogos que o Zico promove aos fins de ano no Maracanã. Tita, Paulo Nunes, Marcelinho e outros seguiram turno parecido. Torcedor do Flamengo aprecia muito quem demonstra respeito pelo clube, sobretudo de quem tem história com a camisa rubro-negra.
Dito isso, naturalmente, eu sou rubro-negro, eu amo o Flamengo e vou torcer sempre pelo Mengo. De modo que, torcerei enlouquecidamente pelo sucesso do Renato Gaúcho à frente do comando técnico do Flamengo. O sucesso dele é o sucesso do Flamengo. Simples assim.
Para reaquecer as memórias e criar muita energia positiva, vou assistir a alguns jogos antigos do Flamengo na década de 1980, quando Renato vestia a camisa do Flamengo com uma constelação de craques, culminando na conquista do Tetracampeonato Brasileiro de 1987.
O coração rubro-negro sofre e guarda mágoa porque ama muito o Flamengo. Mas é um coração que perdoa fácil também se a pessoa se mostra digna do perdão.
É isso.
Desejo ao Renato Gaúcho vitórias, conquistas e títulos com o Flamengo. A esperança é de que um novo e belo capítulo dessa relação seja escrito em letras rubro-negras. Alguns dos mais lindos romances são assim.
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Abraços e Saudações Rubro-Negras.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.